Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

OPINANDO: As portas que Alcina abriu…


Recebemos os resultados com aquele sabor agridoce que só a política sabe servir: frustração com toque de desilusão. Ficámos aquém das altas e justificadas expectativas. Considero que tínhamos a equipa mais heterogénea e tecnicamente mais bem preparada.

Fomos convidados a concorrer por partidos. Vários. Mas recusámos. Optámos pelo caminho mais difícil: independentes, verdadeiramente independentes. Sem imposições de nomes, sem apoios com faturas escondidas, sem compromissos que se revelam nefastos à res publica. Os eleitores, porém, pensaram de outra forma. Preferiram outras opções. É esta a festa da democracia.

Num plano especulativo estou certo de que qualquer uma das equipas que concorreu sob o escudo de um partido não teria alcançado este resultado se tivesse optado pela via independente. Mas isso pouco importa. Afinal, o que conta é o resultado. E o resultado foi… curioso.

Miguel Gavinhos triunfou. E com isso, ficará à frente do Fundão, tal como se apresentou nos outdoors. Concorreu num contexto semelhante ao de Hélio Fazendeiro na Covilhã. Ambos venceram. Com uma diferença: Gavinhosobteve o pior resultado do PSD no Fundão em autárquicas neste século. Mas venceu. E isso, como diria qualquer treinador depois de um empate sofrido, “é positivo”.Façamos votos que as suas promessas passem do prospeto eleitoral para o mundo real. Registo, para memória (e cobrança) futura, o transporte urbano gratuito, o Pólo de ensino superior na cidade, os fogos habitacionais a preços acessíveis, para além dos já projetados, e uma FACIF reinventada. Esperemos que não seja reinventada ao ponto de tornar a Feira de Inovação Agrícola irreconhecível.

De parabéns está também Rui Pelejão, candidato do PS, que com discurso simples e agregador conquistou mais de 5000 votos. Uma alternativa a ter em conta no futuro, se o futuro não estiver demasiado ocupado. E Hugo Silva, que acabou por ser eleito vereador.

Tenho pena que os fundanenses não tenham reconhecido a sagacidade, experiência e sentido de responsabilidade de Catarina Gavinhos. Mas a política é feita de escolhas e de silêncios. A CDU não merecia ser tão silenciada.

Por fim, não posso deixar de saudar Alcina Cerdeira. Enquanto vereadores, discordámos algumas vezes, sempre sobre processos, nunca sobre objetivos das iniciativas que apresentou. Foi por essas diferenças que hesitei em aceitar o convite para integrar o projeto que liderou. Fi-lo porque acreditei no projeto e, sobretudo, na equipa: Pedro Neto, Dr.ª Henriqueta e tantos outros que deram o corpo às ideias. E não me arrependo. Nem um bocadinho. A Dr.ª Alcina mostrou, que além de ser trabalhadora e resiliente, é uma líder. Com a Comunidade com Força, soube desafiar cidadãos comuns a entrar na política ativa. Incutiu-lhes ambição e deu o exemplo. Foi sempre das primeiras a ir para a rua. Queria dialogar e apresentar propostas. Nunca desistiu. Nem quando a acusaram, injustamente, de ser culpada de todos os males que teimosamente (não) assolam o Fundão. Essa foi fatura que pagou por ter feito a diferença. Pagou sem pedir troco. A Dr.ª Alcina é assim: corajosa. Quem faz o que está certo, não teme. Além disso, só é criticado quem faz. E ela fez,fez muito, fez bem e de forma honesta, como vereadora e como candidata. Agora, de forma despretensiosa decidiu virar a página e dar lugar a outros. Só pessoas humildes sabem abrir as portas que os arrogantes fecham.

O meu bem-haja por me / nos ter surpreendido pela positiva ao longo destes anos.

Artigo de opinião de Sérgio Mendes