OPINANDO: Um postal para o Diogo Figueiredo, o adepto titular
Hoje escrevo para ti, Diogo.
Escrevo-te porque mereces que te escrevam. Mereces que te digam que há vidas que valem a pena ser contadas, mesmo que não tenham manchetes nem fotografias emolduradas.
És o filho dos donos do Paladarte, dizem. Mas és muito mais do que isso. És o rapaz que nunca deixou de acreditar. Que esteve lá quando ninguém estava. Que gritou sozinho na bancada, como quem desafia o silêncio com esperança. E isso, Diogo, é raro. É bonito. É digno.
Em muitos pavilhões foste o único adepto da equipa visitante. Não por obrigação. Não por vaidade. Mas porque acreditavas. Porque sabias que o amor à camisola não se mede em número de seguidores… está dependente do número de vezes que se resiste à tentação de desistir.
Conheci-te sem cachecol. Sem bandeira. Conheci-te como se conhece os bons… devagar, com tempo! Surpreendi-me com a tua voz e capacidade mobilizadora. E como o Fundão poderia “ficar
contente”… Vi em ti o que falta a tantos: humildade, trabalho, solidariedade. Qual a memória viva daquela equipa da ADF que ganhou a Taça de Portugal. Vi em ti o espírito de quem sabe que só se ganha em equipa. Que só se vence com empatia. Que só se constrói com respeito.
És idolatrado por muitos jovens fundanenses. E não é por acaso. És positivo por natureza. Nunca perdes a esperança. Acredito que te lembres todos os dias daquele 5 de maio em que, por um segundo, tudo mudou. E porque sabes que a vida é isso, uma sucessão de segundos em que tudo pode mudar.
Lamento que nunca tenhas sido oficialmente reconhecido. Que o teu esforço estoico tenha passado ao lado de quem distribui medalhas. Mas talvez não precises disso. Talvez te baste o respeito. O carinho. O olhar brilhante dos que te veem como um ídolo.
Hoje, Diogo, escrevo-te este postal. Porque há heróis que não jogam, mas que fazem jogar. Porque há titulares que não entram em campo, mas que fazem a diferença. Porque há pessoas como tu que merecem ser celebradas.
Bem-haja por seres quem és.
Com admiração,
Um dos muitos que têm o privilégio de privar contigo.
Sérgio Mendes
