Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Com uma mão se dá, com outra se tira


O município de Fornos de Algodres está a desenvolver uma campanha publicitária a nível nacional que consiste na divulgação da plataforma “O Bom Sabor da Serra” em outdoor’s em várias auto-estradas do país.

Desde o passado mês de março, através da plataforma www.obomsabordaserra.pt, que não é mais do que uma loja online, passou a ser possível adquirir produtos típicos exclusivamente produzidos por produtores locais, com recurso a ingredientes também eles 100% locais.
O objetivo passa por fazer chegar o que de melhor se faz ao nível dos produtos endógenos na região, nomeadamente queijo Serra da Estrela, mel, vinho, azeite, enchidos, produtos à base de Urtiga, entre outros, àqueles que estão longe, seja em Portugal ou no estrangeiro.
A campanha começa a ganhar visibilidade a nível nacional e ao viajar por algumas auto-estradas do país deparamo-nos com outdoor’s alusivos à plataforma que permite saborear o bom queijo da Serra, ou outro produto endógeno, sem ter de se deslocar a Fornos.
Criada pelo município Fornense, com o apoio do Fundo Ambiental, no âmbito da Estratégia Nacional de Educação Ambiental 2020, a medida do executivo é de louvar. No entanto, não será caso para dizer que se com uma mão nos dão, com a outra nos tiram? A médio/longo prazo não estaremos perante uma política de desvalorização do território quando, na verdade, deveríamos estar a pensar na promoção desse mesmo território? Disponibilizar o que de melhor temos e produzimos não afasta, fisicamente, os turistas da região? Não prejudica os que cá estão e escolheram Fornos de Algodres para se fixar, habitar, fazer carreira, desenvolver negócio? São perguntas que ficam no ar e cada um de nós, em consciência, poderá responder.
Muito se tem falado no Interior, nas medidas de apoio a esta região que tardam em chegar ou dar frutos. A plataforma online é, sem dúvida alguma, um passo dado num caminho longo e sinuoso que carece de novas medidas de fixação da população e atração de mais turistas e, consequentemente, investimento. Investimento num parque industrial que nunca existiu (apesar de Fornos estar estrategicamente situado junto à A25, a meio caminho da Guarda e de Viseu), na restauração, no alojamento, no comércio tradicional, enfim, medidas que tragam nova vida e novas gentes a um concelho cada vez mais isolado, desertificado e despovoado.
Promover a vinda de pessoas a um território que anseia investimento, que anseia indústria, que anseia visibilidade e reconhecimento, tem de ir mais longe. Eventos como a Feira do queijo Serra da Estrela, o Festival da Biodiversidade, o torneio de futebol Youth Cup, as Festas da Srª da Graça e diversas actividades ao ar livre, são a montra de um concelho que pode fazer mais. Diríamos mesmo, 12 meses, 12 grandes eventos.
São necessárias estratégias de marketing territorial e, nesse sentido, o turismo, a agricultura e o desporto poderão ser as alavancas a seguir, quando não há muito mais para dar.
Atrair mais visitantes, promover mais indústria, organizar mais eventos, é um compromisso que precisa ser assumido por todos nós.
Urge repensar Fornos, não dando enfoque apenas a alguns, mas sim a todos, principalmente aos que cá estão.
É necessário e urgente uma política de promoção estratégica do território.