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Diretor: Paulo Menano

Empresas devem “olhar para o talento como um investimento e não como um custo”


Estudo da Kelly Services inquiriu 5600 trabalhadores europeus. Resultados para Portugal deviam “obrigar à reflexão” diz a empresa de recursos humanos.

O futuro do trabalho, em Portugal, “tem de passar pela humanização das organizações através da empatia, agilidade, adaptabilidade e cooperação”. A afirmação de Vanda Brito é feita na sequência do estudo que a empresa de recursos humanos Kelly Services levou a cabo em oito países europeus, entre os quais Portugal.

O European Work Voices 2022/23, teve como missão saber como é que as pessoas encaram o trabalho atualmente, e para o conseguir inquiriu 5600 profissionais. Em Portugal responderam 1530 pessoas. Perante toda a incerteza que o futuro representa, a diretora de Recursos Humanos da Kelly Portugal frisou que só as organizações “mais humanas terão maior probabilidade de cultivar a performance, pois darão oportunidade aos colaboradores de estar na sua melhor versão ao mesmo tempo que os suportarão nas dificuldades”.

Como refere Vanda Brito, os resultados deste estudo deveriam “obrigar à reflexão”, uma vez que Portugal é o país europeu, entre os inquiridos, onde mais se valoriza o propósito no trabalho e onde, simultaneamente, 38% dos respondentes dizem não se sentirem concretizados neste aspeto. Por outro lado, os portugueses são os mais otimistas em relação às perspetivas de progressão de carreira nos próximos cinco anos e a mudarem de emprego nos próximos 12 meses.

A possibilidade de se poder adotar o teletrabalho ou trabalho híbrido tem um impacto mais positivo que negativo, junto dos que responderam ao inquérito. Em especial no que às mulheres diz respeito, já que “uns expressivos 71% indicam que o seu work-life balance melhorou devido ao trabalho remoto. Por fim, a importância do que ainda há a fazer quanto à discriminação no trabalho”, explica Vanda Brito, adiantando que em Portugal os dados revelam que 55% dos inquiridos já sentiram discriminação ou barreiras no trabalho.

Analisando estes resultados, a diretora de Recursos Humanos da Kelly alerta as organizações para a necessidade de trabalhar para melhorarem as suas políticas, processos e procedimentos, uma vez que estão a atuar num ambiente altamente complexo e incerto. “E este estudo mostra-nos o que podemos esperar do futuro do trabalho, em concreto as expectativas dos colaboradores”, frisa.

Como especialista em recursos humanos, Vanda Brito sugere às empresas que reflitam sobre o seu mindset estratégico. “Nomeadamente olhar para o talento como um investimento e não como um custo para que se tente gerir um equilíbrio entre as necessidades de negócio e as necessidades dos colaboradores”. Sendo este um ponto de partida óbvio, para a responsável, fica também o apelo para a necessidade de avaliar as expectativas dos colaboradores face à flexibilidade, propósito, bem-estar e à experiência que se está a dar ao indivíduo.