
Bloco de Esquerda Guarda: Possível encerramento do Serviço de Urgências do Hospital Sousa Martins, Guarda
O Mais Beiras Informação recebeu um comunicado do Bloco de Esquerda Guarda, o qual passamos a escrever na sua totalidade, para o seu conhecimento:
A comunicação social tem revelado as condições desesperantes em que se encontra a ULS da Guarda que, além das falhas já sentidas no passado por falta de profissionais, vê agora o Serviço de Urgências do Hospital Sousa Martins em risco de fechar temporariamente. O aviso vem de várias associações sindicais, de movimentos pelo SNS, da Ordem dos Médicos, da diretora do serviço de Urgência, Adelaide Campos e da diretora clínica dos cuidados hospitalares desta ULS, Fátima Cabral, que confirma que, recentemente, 15 médicos entregaram minutas de indisponibilidade para trabalho extraordinário após o limite fixado em lei, o que pode levar ao encerramento do serviço já este fim de semana.
Os condicionamentos na Guarda já se sentem há bastante tempo, desde vários encerramentos do Bloco de Partos, Urgências de Ortopedia ou o condicionamento nas deslocações da VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação), situação que demonstra a fragilidade desta ULS. No fim de semana passado, segundo o jornal Público, a medicina interna esteve fechada no Hospital Sousa Martins, o que se voltou a repetir de 5 a 8 de outubro.
Com estas limitações, vidas estão em risco, uma vez que este hospital serve uma grande área rural de difícil acesso, o que pode implicar distâncias de 1 hora, ao qual se soma a distância de cerca de 100km para o Centro Hospitalar Tondela Viseu ou cerca de 50km para o Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, na Covilhã.
Com esta preocupação, o Bloco de Esquerda, dia 4 de Outubro, questionou o ministério da saúde, através do seu Grupo Parlamentar:
“1. Tem o governo conhecimento desta realidade?
2. Tem o governo acompanhado as dificuldades vividas na região da Guarda?
3. Qual a necessidade real de contratação de profissionais na ULS da Guarda?
4. Está o governo em condição de garantir que não haverá encerramento temporário nas urgências do hospital da guarda?
5. Está o governo disponível para valorizar a carreira dos médicos de forma a garantir o normal funcionamento do Serviço Nacional de Saúde?
6. Que sejam do conhecimento do governo, quais os condicionamentos sentidos nos últimos anos nos serviços desta ULS?”
Audição, com caráter de urgência, do Ministro da Saúde sobre a grave situação nas urgências hospitalares
A grave situação nas urgências hospitalares levou o Bloco de Esquerda a requerer no dia 3 de Outubro, com carácter de urgência, uma audição ao Ministro da Saúde. O Ministro da Saúde não pode continuar a esconder-se atrás do Diretor Executivo do SNS e não pode continuar a sacudir as responsabilidades como quem sacode água do capote. Tem de dar a cara pela gravíssima situação que se vive que tem sido criada por si e pelo Governo do PS.
A situação é muito grave, insustentável e pode piorar substancialmente nas próximas semanas. A responsabilidade da situação é toda do Ministério da Saúde e do Governo. Primeiro, porque acharam que podiam manter o SNS, não contratando os médicos e outros profissionais necessários, mas sustentando-o em horas extraordinárias muito para além do previsto na lei. Segundo, porque quiseram fazer um simulacro de negociações que se arrastaram por 17 meses e que não apresentaram melhorias nas condições de trabalho e de carreira dos trabalhadores do SNS. Perante o enorme esforço que era pedido aos trabalhadores da saúde, o Governo mostrou-se disponível a negociar uma mão cheia de nada. O resultado está à vista.
A forma como este Governo tenta lidar com o problema das urgências no SNS tem-nos encaminhado para uma degradação acelerada desta e de outras respostas.
Em vez de propor o reforço de equipas, a contratação para que o mapa de pessoal seja completo ou, nos casos em que fosse necessário, aumentar o mapa de pessoal, a única proposta do governo tem sido o encerramento rotativo. Em vez de medidas que reforçassem o SNS, o Governo opta por medidas que diminuem o acesso a serviços básicos.