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Diretor: Paulo Menano

Opinando: “O país começa onde o mapa acaba”


Há um país inteiro que se estende para lá dos grandes centros, onde os quilómetros se medem em oportunidades e esperanças perdidas. No interior, perdemos a vista na paisagem natural e verdejante, transformam-se sonhos ou ambições em talento que vai aumentando com o passar dos anos e a vontade de ficar existe  — mas falta-lhe o essencial: possibilidades.

 

Durante anos, tratou-se o interior como um lugar onde se sobrevive, não onde se prospera. E o maior erro foi acreditar que bastava instalar meia dúzia de serviços ou criar um incentivo isolado para mudar décadas de esquecimento. A verdade é outra: o interior não precisa de medidas paliativas, precisa de espaço para crescer. O interior não precisa de pena, precisa de oportunidades.

Fala-se muito em atrair talento, mas pouco se fala em dar-lhe liberdade, pouco se fala de soluções. Precisamos de liberdade para criar uma empresa sem longos meses de papelada, de liberdade para investir sem medo de impostos que penalizam a ambição e de liberdade para inovar, arriscar e falhar — porque é assim que se constrói um futuro.

 

Os jovens não procuram apenas um emprego ou um salário acima da média. Procuram qualidade de vida, acesso à habitação, mobilidade, cultura e tecnologia. Procuram a possibilidade de ficar — e não a obrigação de partir. E enquanto o interior continuar a ser tratado como um projeto secundário, o êxodo continuará a ser inevitável.

O caminho faz-se com menos entraves e mais ação. Com uma visão que deixe de pensar no Estado como salvador ou a única solução para os nossos problemas e passe a vê-lo como facilitador, uma alavanca para a prosperidade, emancipação e o sucesso. Que reconheça que a verdadeira força está nas pessoas, nas suas ideias, nos seus projetos, na sua coragem em não desistir, na sua resiliência.

 

O interior não precisa de favores! Precisa de confiança, precisa de quem acredite que aqui também se pode fazer mais, melhor e diferente. Porque Portugal não termina nas cidades.

Começa onde há vontade de construir, de criar e de ficar!

 

 

 

Rita Paulo

Vice-Coordenadora do Grupo de Coordenação Local da Iniciativa Liberal na Covilhã

Licenciada em Ciências da Comunicação  | Universidade da Beira Interior