
Entrevista com Catarina Gavinhos, candidata à Câmara Municipal do Fundão
Habituada a estas andanças, Catarina Gavinhos repete a candidatura pela CDU à Câmara Municipal do Fundão nas próximas autárquicas. Ao MaisBeiras Informação, justifica a decisão de avançar, apresenta propostas do seu programa e defende que o atual executivo tem privilegiado uma política de imagem, muitas vezes desfasada da realidade.
1: Quais os motivos da sua candidatura a estas Autárquicas e quais os pilares da mesma?
Cresci no Fundão e aqui tenho vivido a maior parte da minha vida. Conheço bem a realidade do concelho, as suas potencialidades, mas também as dificuldades com que as pessoas se deparam todos os dias. Sempre me preocupei com as questões sociais, económicas e políticas da nossa terra, e essa preocupação levou-me a intervir civicamente, nomeadamente enquanto eleita na Assembleia Municipal.
A minha vida profissional foi marcada pelo ensino e pela dedicação à educação pública, onde desempenhei cargos de responsabilidade e sempre procurei estar próxima das pessoas. Aceitei este desafio da CDU porque acredito que o Fundão precisa de uma mudança de rumo – mais próxima das pessoas, mais justa e mais equilibrada entre freguesias, setores e necessidades.
2: O que considera ter de diferente relativamente aos outros candidatos?
Sou mulher, cresci aqui e conheço o Fundão com a sensibilidade de quem o vive por dentro. Trago comigo, sentido de serviço público e, acima de tudo, uma enorme vontade de construir um concelho mais coeso, mais justo e mais inclusivo. Não tenho ambições pessoais ou de carreira – apenas a motivação de ser útil à minha comunidade.
Encaro a política autárquica: com seriedade, compromisso com as populações e foco na resolução dos problemas concretos. Faço parte de um coletivo, a CDU, cuja prática tem sido coerente com os seus princípios – Trabalho, Honestidade e Competência – valores que guiam a nossa ação.
3: Quais os setores/áreas/investimentos que considera importantes impulsionar ou melhorar o município?
O interior enfrenta um conjunto de problemas estruturais que exigem respostas urgentes e integradas. Precisamos de fixar população, o que implica emprego digno, habitação acessível e serviços públicos de qualidade. É fundamental melhorar o acesso à saúde, garantindo cuidados de proximidade e evitando deslocações constantes para outras cidades. Temos de cuidar e reforçar a educação pública, nomeadamente reforçando a oferta de creches e salas de pré-escolar, exigindo ao estado um valor justo pela transferência de competências. Necessitamos de transportes públicos urbanos e intermunicipais que respondam às dificuldades reias das pessoas. Queremos continuar a dinamizar a cultura e os tempos livres, com oferta acessível e diversificada. Vamos apoiar a agricultura e as atividades tradicionais, aliando inovação e sustentabilidade. Os pequenos empresários de todos os setores, serão bem-vindos ao Fundão.
Não basta mostrar modernidade em campanhas de imagem é preciso resolver os problemas de base e construir um verdadeiro desenvolvimento local.
4: Qual a análise que faz aos últimos quatro anos do município?
O atual executivo tem privilegiado uma política de imagem, muitas vezes desfasada da realidade. Os serviços básicos estão a degradar-se: ruas por cuidar, recolha de lixo ineficiente, transportes insuficientes. Ao mesmo tempo, quem aqui vive e trabalha sente-se frequentemente esquecido.
Não têm sido priorizadas as necessidades reais das populações e os recursos, escassos, não têm sido aplicados com absoluto rigor, transparência e em função da estrita utilidade pública.
5: Falando de um município localizado num concelho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e a desertificação desta região? O que pode inverter este rumo ou onde estão as potencialidades de crescimento?
É preciso que o interior seja visto como prioridade real, e não apenas como um tema de campanha. Para isso, é fundamental criar condições para que as pessoas aqui queiram viver e criar família;
- Apostar em serviços públicos de qualidade;
- Melhorar acessos e mobilidade;
- Apoiar a economia local e a produção regional.
Tudo isto será bem mais eficaz se tivermos regiões administrativas, com poder democrático e recursos próprios, que respondam às especificidades locais. As atuais estruturas, como as CIMs ou CCDRs, não têm essa legitimidade nem autonomia.
Entre Castelo Branco e a Guarda há um eixo que pode vir a ser um grande fator de desenvolvimento do País, com o investimento certo e uma ferrovia eficaz, temos condições para um crescimento económico sustentável. O investimento que necessitamos não é o que leva à desertificação como grandes áreas de monocultura ou gigantescas “quintas solares”. Não. Precisamos é de investimento no setor produtivo.
O Fundão é uma terra bonita, com qualidade de vida, gente boa e um enorme potencial. Está inserido numa região fértil, junto à Gardunha e com a Serra da Estrela no horizonte, e próximo da Universidade da Beira Interior.
Mas é preciso estar consciente de alguns desafios, sobretudo no acesso à saúde, habitação e transportes públicos. Ainda assim, com vontade e espírito comunitário, é possível aqui construir uma vida plena – e é para isso que queremos trabalhar, para um Futuro com Confiança no Fundão!