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Santa Comba Dão: Camané e Mário Laginha em espetáculo memorável na Casa da Cultura


Camané e Mário Laginha casaram o fado com o piano num evento único, recebido, a 26 de março, na Casa da Cultura por um público atento e sensível, que ovacionou em pé esta dupla de talentos.

Com o apoio do Município, o concerto “Aqui está-se sossegado” – integrado na 14.ª edição do Festival de Música e Artes do Dão (FMAD) – propiciou “um momento de perfeita simbiose, em que se cantou e tocou fado, como se de uma história se tratasse”.

O Conservatório de Música e Artes do Dão (CMAD) publicou em nota informativa que “com um reconhecido e singular timbre, Camané navegou no piano de Laginha e Laginha vogou na voz do fadista, num brilhante diálogo de cumplicidade.

A nota dá ainda conta que o programa apresentado é expressão do álbum que reúne este duo de talentos, incluindo “temas de fado tradicional e outros de grandes poetas portugueses – clássicos e contemporâneos – bem como inéditos compostos pelo pianista.

E a sensação partilhada pelos espetadores que encheram a sala de espetáculos foi de emoção, de toque, de abraço…

Num espetáculo eclético, no qual clássicos de Alfredo Marceneiro conviveram lado a lado com Quadras de Pessoa e poemas José Mário Branco, o fado ganhou vida e redobrou a alma com a interpretação de Camané. O piano ampliou a vivência das palavras, ritmando os seus cambiantes, tantas vezes fazendo lembrar uma guitarra às vezes sofrida e outras exultante.

Temas comuns do reportório fadista ganharam requintes de roteiro de cinema na voz de Camané que cantou histórias de (des)amores, de afetos e tradição, evocando, em vários momentos, uma Lisboa que já não existe, numa nostalgia retratada com as cores cantadas da memória.

E ainda na memória do público, que encheu por completo a sala de espetáculos, ficaram, entre outros temas emblemáticos, ‘A Casa da Mariquinhas’, “Não venhas Tarde” e “Abandono”, este último, trazendo ao espetáculo mais um poeta de eleição de Camané, David Mourão-Ferreira.

Sublinhe-se ainda a excelente interpretação d’a “Guerra das Rosas” e “Ela tinha uma Amiga”, temas de Manuela de Freitas e José Mário Branco, com as relações amorosas a serem apresentadas com uma subtileza acutilante, repleta de nuances”.

Este espetáculo – que terminou com várias ovações em pé – contou com uma nota introdutória de Sérgio Silva Neves. O diretor artístico do FMAD destacou a excelência de um programa eclético e amplo, que envolve alunos e comunidade, em manifestações culturais de referência. O financiamento do Festival pela Direção-Geral das Artes, no âmbito do concurso de Apoio a Projetos de Programação, foi, de igual modo, sublinhado pelo docente do Conservatório de Música e Artes do Dão (CMAD), que falou da colaboração e apoio do Município em todo o processo de candidatura.

Chamado a partilhar algumas palavras, o presidente da Câmara, Leonel Gouveia falou sobre o sonho comum de ver Santa Comba Dão classificada como ‘Capital da Música’. Um sonho que, segundo o representante autárquico, é sustentado e alimentado pelo ensino de qualidade praticado no concelho pelo CMAD e pelas Filarmónicas, bem como por eventos – como este Festival – que potenciam e envolvem a população em momentos musicais de excelência. É também convicção do autarca que os santacombadenses estão cada vez mais sensíveis e envolvidos na cultura e na música, o que alimenta e mobiliza o sonho.

O autarca destacou o facto da Casa da Cultura ter entrado, no ano passado, na Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (que no distrito de Viseu abrange apenas a ACERT e o teatro Viriato), numa ação que reflete o empenho, por parte da autarquia, na valorização cultural. Leonel Gouveia deu, ainda, parabéns a alunos, professores e direção do Conservatório pelo projeto de qualidade desenvolvido, que, decerto, deixaria orgulhoso o mentor do CMAD – o saudoso professor Paulo Gomes.