
Autárquicas 21: Entrevista a João Morgado, candidato à Câmara Municipal da Covilhã, pela coligação «Covilhã Tem Força»
Após quatro anos de mandato, retomam agora as eleições para as Autárquicas 2021 e o Mais Beiras Informação decidiu ir ao encontro dos candidatos, colocando-lhes algumas questões, para que possam partilhar a sua visão e planos para o futuro do Município a que se candidatam. João Morgado é candidato, pela coligação “Covilhã Tem Força” à Câmara Municipal da Covilhã.
Quais os motivos da sua candidatura a estas Autárquicas?
Porque sonho com uma Covilhã ao nível dos que melhor a serviram, digna herdeira de um passado que nos orgulha. Sonho com uma Covilhã marcada pela modernidade que possa alavancar toda a região. Temos condições para isso. Temos gente para isso. Infelizmente, a Covilhã está sem rumo e sem ambição de futuro. Para retomar o caminho do progresso, é urgente oferecer às pessoas uma alternativa democrática a este marasmo político em que vivemos. Quero dar o meu contributo. Acredito que com as pessoas certas a… Covilhã Tem Força!
O que considera ter de diferente dos outros candidatos, para se candidatar a este mandato?
Para já sou a única cara nova que se candidata. Todos os outros já foram candidatos e já se percebeu o seu caminho e como depressa se esqueceram de ser oposição depois de derrotados. Por isso trago uma nova esperança, um projecto com gente que vive na Covilhã e que não está alicerçado em partidos e em interesses, mas sim numa missão – servir. Lidero uma candidatura cívica que não sai dos partidos mas da sociedade civil, com gente que vem da sua vida profissional para ajudar a cimentar um novo projecto. Não é uma lista de amigos, mas sim, a união de gente que fala verdade e que deu provas de competência na sua vida e hoje quer intervir no futuro da sua cidade, do seu concelho…
Quais os setores que considera importantes impulsionar ou melhorar na região?
A captação de investimento e o apoio às empresas instaladas. A economia poderá alavancar todas as outras áreas e travar o despovoamento. Só com gente poderemos desenvolver a cultura, o desporto, o associativismo… Através da Câmara de Comércio da Região das Beiras tenho trabalhado na divulgação e promoção da região, tenho muitos e bons contactos no mercado espanhol e brasileiros, quero desenvolver esta área na câmara da Covilhã.
Nestes quatro anos que passaram, o que faria de diferente relativamente ao executivo Camarário vigente?
Tudo. Este é um executivo que falhou em toda a linha. É o pior executivo da recente história democrática da Covilhã. Um executivo sempre envolto em processos mal explicados, em processos em tribunal, em negócios pouco transparentes… não há credibilidade e não há obras marcantes e que façam a diferença. Foram oito anos de paragem, de marasmo… com as pessoas a fugirem do concelho e empresas a mudarem-se para concelhos vizinhos. É mau demais. Mas, não interessa mudar por mudar. Se tivermos uma executivo medíocre mas de cor política diferente de nada nos serve… as pessoas têm de olhar para as eleições com responsabilidade.
Acredita que os recursos de que dispõe a Câmara são suficientes para fazer face às necessidades dos cidadãos que aqui residem?
Se se gastar dinheiro a pintar bicicletas ou a pagar pimbas num camião, certamente o dinheiro faltará onde faz falta. É preciso entender que ser presidente de uma câmara não é fazer a gestão do condomínio – como agora acontece. Os recursos são e sempre serão escassos. É preciso rentabilizar com inteligência o que se tem e criar novos projectos financiáveis… um presidente de Câmara terá de ser um gestor e estar rodeado de uma equipa de profissionais, não de amigos ou camaradas. Mais que gerir uma câmara gerimos o futuro de pessoas, pelo que a nossa responsabilidade é grande. Alguém entregaria uma empresa sua a Victor Pereira? Claro que não. Então porque lhe entregam a Câmara Municipal?
Sendo um concelho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e desertificação?
O despovoamento não é o problema, pelo contrário, é as consequências de muitos outros problemas. Não há uma medida específica, há um conjunto de políticas concertadas, de âmbito económico, social, cultural, etc. Todo o interior está a perder gente, o que não se compreende é que a Covilhã, com o potencial que tem – turismo, universidade, industria, hospital universitário… – não esteja a travar a tendência. Pelo contrário, percentualmente, foi o concelho que perdeu mais gente no distrito nos últimos 10 anos… perdeu 5500 pessoas, é como se tivesse perdido uma grande freguesia. Nas dificuldades, é preciso coragem para ficar e é com os que ficaram que teremos de mudar a tendência, sem estar à espera de um qualquer D. Sebastião vindo de Lisboa… a Covilhã Tem Força e vai provar isso mesmo. Há uma revolução silenciosa em marcha…
Que medidas pretende implementar para captar investidores para o concelho?
Criar o que chamo uma “Via Verde” para o investidor. Para que seja recebido pelo Presidente (e não por assessores) e se crie um clima de confiança…. Sei como se faz. Quero ter essa oportunidade. Tenho comigo gente competente nessa área, gente ligada à UBI, que é um trunfo enorme da Covilhã na hora de captar novas empresas, já que oferece gente formada e acompanhamento científico… sou vice-presidente da Câmara de Comércio da Região das Beiras, trabalho já na promoção da região, consegui instalar três empresas espanholas na Covilhã no último ano. Se tivermos um executivo que ofereça confiança e credibilidade muitas outras virão…
Como acha que deve a Câmara proceder, para procurar fazer face ao desemprego crescente na região?
Isso já foi respondido. Atrair empresas para criar novos postos de trabalho, para impedir as pessoas de abandonarem a região, sobretudo as mais novas, as que estão em idade activa e de criar famílias…. Precisamos rejuvenescer o concelho!
Que conselho daria a um deslocado em busca de novas oportunidades no Interior?
Depende do que se entende por “deslocado”. Das pessoas que chegam à região, umas querem sobreviver, outras estudar, outras investir… para cada caso há respostas diferentes, mas todas entroncam numa coisa: uma executivo camarário a quem se exige que seja pró-activo, tenha visão de futuro a longo prazo e saiba onde quer que a Covilhã esteja dentro de 10, 15, 20 anos…
Fernando Gil Teixeira