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Culpar o Outro: Breve Abordagem à Dinâmica Política em Portugal
«O culpado que nega as suas culpas – dobra- as.»
Texto babilónico
“Com uma retórica simplista e recurso a clichés, foge-se à realidade estrutural do país como o diabo foge da cruz. Esta prática não se resume a um simples afastamento; exige uma análise crítica. É importante aprender com os erros, não ignorar a complexidade da situação e saber distinguir o essencial do acessório. Porque governar é liderar com competência e dedicação exclusiva para a comunidade e com responsabilidade.
Torna-se imperativo libertarmo-nos de visões ideológicas restritivas, sem conteúdo, abandonando uma abordagem egocêntrica de lugares-comuns e tendenciosa que negligencia a governança de um território. O desafio é olhar para Portugal de forma ampla, indo para além das preocupações meramente eleitorais e lugares de interesse ou de destaque. Este comportamento é um problema para todos nós enquanto cidadãos conscientes.
Neste problema, há ações políticas que não conseguem mudar porque não se conseguem livrar dos estereótipos de um Portugal que não quer , que fede e tem medo de mudar. A evasão da realidade é flagrante, o que é semelhante a uma fuga à responsabilidade.
O comportamento assente num agir politico dualista em Portugal é preocupante. Há uma grande diferença entre as palavras escritas e a verdadeira realidade de Portugal. Ao longo do tempo, as intenções desmoronam diante da crua realidade, resultando em julgamentos desbocados que não se alinham com a verdade dos factos.
É importante perguntar se as instituições portuguesas podem analisar a realidade de forma justa. Isto é, independentemente da orientação da direita ou da esquerda, o pensamento político adota uma postura “terraplanista”, que se baseia na atribuição de responsabilidades ao outro. Políticos que cultivam a cultura da culpa, desviando a responsabilidade para terceiros, são maus representantes e gestores públicos. Eles foram eleitos para exercer a governança e para jogos de culpa.
Em situações de fracasso, alguns políticos usam a tática do chorrilhar bolas de sabão para a discussão, com o objetivo de convencer cidadãos com pouca ou nenhuma informação a acreditar numa narrativa que não lembra ao diabo. Essa prática, marcada por acusações infundadas, mostra falta de coragem para reconhecer e corrigir os erros, prejudicando o país. Dessa forma, culpar o outro torna-se uma maneira conveniente de desvirtuar e demonizar uma realidade na qual, como cidadãos democratas, parecemos ser especialistas. A verdade é que culpar o outro não é, de modo algum, a essência da democracia.
Esquivar-se da culpa como o diabo foge da cruz não se coaduna com os princípios democráticos.”
Carlos M.B. Geraldes, PhD.