
Exposição da Binaural Nodar evoca usos da carqueja em Várzea de Calde
A importância que a carqueja teve, ao longo da história, na aldeia de Várzea de Calde vai ser recordada numa exposição que a Binaural Nodar – Associação Cultural vai inaugurar no próximo domingo, dia 11 de maio, no Museu do Linho de Várzea de Calde.
“A Carqueja no quotidiano de Várzea de Calde” é o mote da iniciativa, que vai ser apresentada no âmbito da Festa da Carqueja, que vai incluir também passeios, música e oferta gastronómica. A inauguração terá lugar pelas 15h00.
Conforme explica o coordenador da Binaural Nodar, Luís Costa, “o projeto surgiu de um convite do grupo de trabalho Aldeias de Portugal”. “Partindo deste desafio, alargámos a ideia e o projeto vai dividir-se em quatro blocos”, revela.
À entrada, os visitantes vão encontrar uma componente audiovisual, com um vídeo de paisagens e a recolha da flor da carqueja por parte da população. Já na Sala de Exposições Temporárias haverá três instalações, “que se complementam entre si”.
Luís Costa propõe uma instalação sonora e audiovisual que, “ligando as recolhas feitas, funciona como um ensaio etnopoético sobre a importância de uma aparentemente anónima planta, que, com atenção e foco, se descobre que tem um manancial de usos numa aldeia cujos habitantes eram, precisamente, conhecidos como carquejeiros”. A este propósito, nota que dos montes envolventes a Várzea de Calde saía a carqueja, em carros de vacas, era transportada para as padarias de Viseu.
Já a instalação de Liliana Silva é dedicada à fotografia, retratando, de forma abrangente, os usos da carqueja, desde as vassouras, ao forno para cozer a bola, passando pelos licores e a matança do porco, sem esquecer a sua presença na paisagem.
Ana Margarida Ferreira, por sua vez, faz uma criação plástica e material, “em que a flor é associada a trabalhos na área de pintura e desenho”.
Projeção internacional através da Rede Tramontana
“É um projeto e um tema que se integram muito bem no que são os conteúdos trabalhados pela Binaural Nodar, estando nós preocupados e focados em ir acrescentando temáticas muito variadas e quase infinitas ao nosso reportório”, salienta o coordenador, acrescentando que a exposição está integrada no projeto europeu Rede Tramontana, o que lhe dará visibilidade a nível internacional.
A exposição ficará patente no Museu do Linho de Várzea de Calde até final de agosto, possibilitando a visita de emigrantes e turistas que, durante o verão, passem pela região. Recorde-se que a Binaural Nodar tem um papel de desenvolvimento de projetos etnográficos e artísticos neste espaço cultural, no âmbito de uma parceria com o Município de Viseu e a Junta de Freguesia de Calde.
O trabalho de campo contou com o apoio de Leonel Oliveira, que fez a articulação com a comunidade local, a quem a equipa e a associação deixam um profundo agradecimento.
A Binaural Nodar é uma entidade cultural apoiada pelo Governo Português – Cultura | Direção-Geral das Artes.