Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Opinando: A Silly Season ou a temporada das notícias tontas que dura, e dura e dura…


Em tempos idos, a silly season (temporada das notícias tontas) durava cerca de um mês, o exacto tempo das férias parlamentares. Era assim em todo o planeta, os governantes iam a banhos e os jornais e programas de televisão transformavam-se numa espécie de “água com açúcar” para entreter os seus leitores e espectadores. Com o passar do tempo, esses ditos programas de entretenimento perpetuaram-se. Não há canal de televisão que não transmita durante horas a fio essas pérolas saloias com apresentadoras aos gritos, músicas com letras brejeiras, entrevistas explorando os infortúnios da vida alheia, expondo a vida privada e suas desgraças, quanto mais desgraçadinho melhor. Verdade seja dita que também mostram Portugal de lés-a-lés, mas podiam fazê-lo com qualidade…

No exacto momento que vivemos, esperava que nos entrasse pela casa dentro mais e melhor informação, ou pelo menos que os blocos noticiosos nos informassem sobre o que realmente importa às nossas vidas.

Ano e meio volvido sobre o início da pandemia que alterou as nossas vidas, algumas delas interrompidas, com inúmeras empresas que fecharam e não voltarão a abrir, com empregos destruídos, com famílias a passar enormes dificuldades era de esperar, digo eu, que se discutisse seriamente que investimentos deveriam ser efectuados com a famosa “bazuca” que chegará brevemente. Não deveriam ser promovidos debates sérios para definir as prioridades de investimento? Ao invés, o governo decide a seu bel-prazer onde gastará tantos milhões, e digo “gastar” porque é disso que se trata. Aliás, segundo notícias o PRR, na área da habitação, já está com derrapagens. Gastar é diferente de investir, investir pressupõe retorno, gastar é desbaratar, é deitar a perder a possibilidade de retorno. Nada disto faz parte do alinhamento informativo.

Um reconhecido político deu uma entrevista de vida, confesso que não vi, mas o que restou foram notícias em catadupa acerca da sua sexualidade, como se esse assunto fosse determinante para a vida dos portugueses, como se as suas qualidades enquanto homem, enquanto político se alterassem ou perturbassem o regular funcionamento das instituições.

Em pleno mês de eleições autárquicas, o que realmente nos deveria convocar, a nós e às televisões, era o debate sério de propostas entre os candidatos autárquicos, com ideias e temas que nos interessam e que depois do dia 26 influenciarão a vida de todos os portugueses. Puro engano. Veja-se o exemplo do debate entre candidatos à maior autarquia e capital de Portugal. Depois do debate o que restou e foi notícia? A notícia repetida foi tão só que um dos candidatos tinha utilizado um termo grosseiro, o substantivo comum “merda”, para definir o ano que passou.

 

Ana Camilo