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Diretor: Paulo Menano

Opinando: “Fundão, a terra de oportunidades e de “oportunistas” ” por Sérgio Mendes


O Fundão tem-se afirmado no contexto nacional devido a um conjunto de políticas locais que procuram atrair empresas e mão-de-obra qualificada, a maioria ligada à área tecnológica e da inovação.

É inegável que instrumentos como o Plano de Inovação, o Espaço de Negócios, o CoWork Fundão ou a Bolsa de Imóveis têm tido impato. De acordo com dados oficiais, na última década o Fundão perdeu 5% dos seus postos de trabalho e cerca de 9% da população ao mesmo tempo que aumentou o poder de compra per capita em 9,6%. Numa análise comparativa entre os sete concelhos pertencentes à CIMBSE e à CIMBB com mais de 10 mil habitantes podemos verificar que o Fundão apresenta o 2º melhor desempenho a suster a perda de emprego, o 3º melhor a suster a perda de população, 2º melhor a aumentar o nº de empresas por km2 e o 3º melhor ao nível da evolução do poder de compra per capita. De um modo geral estes são indicadores que revelam sinais positivos e validam as políticas implementadas.

A comunicação social, que tem sido muito pródiga a valorizar o que tem sido feito neste concelho, começa a despertar para outra realidade. As políticas de atração baseadas na cedência de espaços sem custos, ou a custos reduzidos, e na concessão de benefícios fiscais tem também atraído um conjunto de investidores com um passado e uns projetos, no mínimo, duvidosos. A 10/11/2022 o jornalista Carlos Rodrigues Lima, da Visão, deu a conhecer que Ricardo Moutinho, o ideólogo do grande “Centro de Exposições Transfonteiriço” de Caminha, é o gerente da “Fundão Young Fashion, Lda”. Mais recentemente, uma investigação da SIC demonstrou que a incubadora A Praça, no Fundão, é a sede “virtual” de um conjunto de empresas que serviu para cidadãos obterem os vistos Gold. Estes são dois exemplos de que o projeto seguido apresenta debilidades, as quais estão, em muitos casos, relacionadas com a falta de uma  análise prévia e de uma fiscalização em momento posterior. Só assim se pode compreender que a autarquia local tenha, entre outros, efetuado um ajuste direto 50 mil euros com a empresa Powerfull Screen para esta desenvolver uma Caderneta Escolar digital (projeto que já estava a ser desenvolvido a nível nacional), cedido instalações à Human Change, apoiado a BioFábrica da Shimejito, concedido benefícios fiscais à “PH9.5, Lda”. A Fundão Young Fashion (cf. com Expresso de 27/09/2018) e a Powerfull Screen (Cf. com RCB de 18/12/2018 a) iriam criar, cada uma, cerca de 200 postos de trabalho.  A Human Change (Cf. com RCB de 05/04/2019) e a Shimejito já deixaram a sua marca junto de todos aqueles com que se relacionaram com estas empresas. Por sua vez, a PHA9.5 Lda tarda em iniciar o fabrico de sabão na vila de Silvares, um investimento de 470 mil euros que deveria criar mais 10 postos de trabalho (Cf. com Guarda Notícias de 21/04/2021). Entretanto, vai-se anunciando que o concelho do Fundão criará na próxima década 4 mil postos de trabalho nas áreas tecnológicas (Cf. com RCB de 22/06/2021) e apresenta-se uma nova parceria com a empresa tecnológica LABSXD, que permitirá criar mais 450 postos de trabalho (Cf. com Público de 12/07/2022).

Pelo meio dois pequenos pormenores…

A maioria do executivo vai ignorando os sucessivos pedidos dos vereadores da oposição para terem acesso ao nome de todas as empresas que beneficiaram dos incentivos fiscais há, pelo menos, 5 anos. Desejam também aceder ao número de postos de trabalho criados, comprovados por uma entidade externa.

O Fundão é o único dos sete concelhos acima referidos onde, num período de uma década, se verificou um aumento do número de beneficiários do RSI em % da população residente… coisa pouca, apenas 50%!

 

Sérgio Mendes