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Diretor: Paulo Menano

PSD da Guarda diz que Governo gastou 77 milhões em comboio Guarda-Covilhã com velocidade do século XIX


“50 minutos para 50 quilómetros não é tempo do século XXI”, afirma a Distrital do PSD da Guarda. O anacronismo da velocidade comercial da nova ligação faz com que o transporte de passageiros corra o risco de não ser sustentável. “Se a velocidade fosse a mesma da ligação Ciudad Rodrigo-Salamanca, a viagem demoraria 30 minutos”, afirma o líder distrital, Carlos Condesso. “Era o que faria sentido”.

A Comissão Política Distrital do PSD da Guarda considera que os governos de António Costa fizeram um mau uso dos dinheiros públicos ao aplicarem 77 milhões de euros na linha ferroviária entre a Guarda e a Covilhã não conseguindo que os comboios intercidades demorem menos de 41 minutos, e os regionais 50 minutos, a ligar as duas cidades.

“São velocidades do século XX e do século XIX”, afirma Carlos Condesso, presidente da Distrital do PSD da Guarda. “Não se compreende a execução de raiz de um projeto tão caro que – em pleno século XXI – inexplicavelmente considera 50 minutos um tempo adequado para percorrer 50 km em modo ferroviário…”

Segundo o PSD da Guarda, parece evidente que – “com planeamento adequado, com visão política e com uma boa gestão dos recursos nacionais e europeus” – teria sido possível obter uma velocidade comercial superior a 1 km por minuto… “Infelizmente, este é um serviço ferroviário que já está obsoleto no próprio dia em que começou a funcionar”, afirma Carlos Condesso. “Se a velocidade desta nova ligação ferroviária entre a Guarda e a Covilhã fosse a mesma, por exemplo, que em Espanha, a viagem far-se-ia em apenas 30 minutos – o que faria todo o sentido!”

A velocidade do comboio inaugurado pelo ministro Pedro Nuno Santos não tem, para o PSD da Guarda, nada a ver com qualquer padrão europeu. E dá o exemplo de ligações equivalentes entre cidades espanholas: a viagem em comboios regionais entre Salamanca e Ciudad Rodrigo, que tem a extensão de 90 km, demora apenas 54 minutos. É quase o dobro da velocidade dos comboios intercidades que vão fazer as ligações diretas entre a Guarda e a Covilhã.

“Esta evidente limitação de velocidade podia – e devia! – ter sido superada logo na conceção do projeto”, afirma o presidente da Distrital do PSD da Guarda. “É isso que nos perturba e que nos modera a alegria de voltar a ver os comboios a circular entre a Guarda e a Covilhã. O que perturba é termos a consciência de que vamos ter um serviço que, desde o seu primeiro dia, é anacrónico!”

Este anacronismo da velocidade comercial do novo comboio faz com que haja o risco de este não ser sustentável no que diz respeito ao transporte de passageiros. “Isso é mau para a Guarda e é mau para a Covilhã: será sobretudo mau para o país que um investimento tão avultado caia em desuso pouco tempo depois, por um erro original de conceção”, conclui Carlos Condesso. “Custa muito ver tanto dinheiro mal gasto numa ligação que, apesar de importantíssima e estruturante para toda a região e para o país, com um pouco mais de investimento e melhor gestão, poderia alterar completamente a articulação social e económica entre as duas cidades”, terminam.