
Fim de semana vai ser dedicado à castanha em Trancoso com a 9ª edição da Feira da Castanha e Paladares de Outono
O município de Trancoso, no distrito da Guarda, tem a decorrer a 9ª edição da Feira da Castanha e Paladares de Outono, que decorre até domingo, dia 6 de novembro.
Na abertura do certame, o presidente da Câmara Municipal de Trancoso, Amílcar Salvado, teceu uma palavra de apreço a todos os expositores presentes na feira.
Apesar dos tempos difíceis que se atravessam, Amílcar Salvado deixou uma mensagem otimista, “não podemos desanimar, não podemos baixar os braços, temos de estar cada vez mais unidos e determinados e, diz ainda “temos de ser otimistas, criativos, solidários e acreditar nas potencialidades dos nossos territórios”.
Amílcar Salvador lembrou que nos últimos anos o seu município celebrou protocolos com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro que permitiram realizar “um trabalho de proximidade” com os produtores.
“Fruto desse trabalho, nos últimos três a quatro anos, aumentámos [a plantação de castanheiros] em 200 hectares. Passámos de 1.400 para 1.600 hectares de castanheiros. O número de soutos também tem vindo a aumentar. Temos na ordem dos 1.300 soutos, mais de 140 mil castanheiros e quase 900 produtores de castanha”, referiu.
Devido às alterações climáticas e do tempo extremamente seco de altas temperaturas que se fizeram sentir durante este ano a produção de castanha “registou uma quebra de 50 a 60%, no entanto, a castanha deste ano “é de muito boa qualidade”, disse.
“Serão três dias de importantes negócios, de muita animação, de convívio, de confraternização e de amizade”, termina.
Na inauguração da feira esteve também presente o Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Carlos Miguel, que começou por destacar a castanha como um produto de referência. “Só é um produto de referência nesta região porque esta terra está incluída na região demarcada de castanha DOP Soutos da Lapa, tem um selo de qualidade, que é importante para hoje e para amanha”, reforçando a certificação de qualidade como sendo “determinante” para o território.
Destacou duas palavras que considera muito importantes: a descentralização e o Interior. “Muitas vezes dá-se a imagem que o Interior são os coitadinhos que estão escondidos atrás da Serra e que não tem nada para mostrar e sobreviver (…) é uma mentira, no Interior respira-se qualidade de vida”, refere.
Considera que se deve promover o Interior “pelas qualidades, riquezas e qualidade de vida que ele tem” e assegura, “se queremos mais gente temos de ter bom produto e temos de vender as nossas riquezas para cativar mais gente e mais empresas”.
O evento conta com a participação de 80 expositores que ocuparão o Pavilhão Multiusos, existindo também uma área exterior para exposição de maquinaria agrícola relacionada com o setor da castanha e uma tenda para espetáculos musicais.
Ricardo Mendes trouxe de Viseu para Trancoso os tradicionais Pastéis de Feijão de Viseu, “um doce regional da cidade de Viseu que leva feijão branco, gema de ovo, açúcar, água e uma massa folhada muito estaladiça”, com o objetivo de divulgar e mostrar o seu produto a outras pessoas. “Estamos com as expectativas altas e acho que vai ser uma boa feira, vai trazer muita gente, vai ser uma boa oportunidade”.
Pedro Fidalgo, Técnico da Câmara Municipal de Trancoso no gabinete de apoio à agricultura, está presente na feira para divulgar o projeto “TRANCASTNUT”, que engloba cerca de 300 produtores. “O projeto existe deste 2015 e a ideia é ajudar os produtores a produzir melhor. Temos um campo experimental em que fazemos ações práticas”.
Este é um projeto que conta com o apoio da Câmara Municipal de Trancoso e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e que tem tido uma evolução “gradual”. “É com satisfação que vemos a evolução da maior parte dos produtores. Não se vê de um dia para o outro essa mudança e essa evolução, temos que aguardar anos para se perceber se a coisa resultou ou não, a perspetiva é que as pessoas possam produzir melhor”.
Para além da castanha também produtos locais como o pão, os biscoitos, o mel, o azeite, os frutos secos, o queijo, os vinhos, a jeropiga e os licores, entre outros, estão representados neste certame.
José Salvador, natural de Trancoso, é produtor da Quinta da Moita, sediada em Celorico da Beira, e está na feira a promover o seu queijo e requeijão. Confessou-nos que a produção este ano foi “fraca” devido ao clima incerto. “Há pouca quantidade de leite e temos de nos limitar, nós só produzimos com o leite das nossas próprias ovelhas”.
Apesar da pouca produção, José Salvador mantém-se otimista e diz estar presente em todas as feiras de Trancoso a divulgar o seu produto. “Nós não podemos estar só nas quintas a tomar conta das ovelhas, temos de aparecer para saberem onde nós estamos e irem ter connosco”.
A Feira da da Castanha e Paladares de Outono já abriu as suas portas e pode contar com um cartaz que inclui animação, espetáculos musicais, ‘workshops’, conferências, jornadas técnicas, ‘showcooking’, concurso da melhor castanha, magusto popular, entre outras iniciativas.
Hoje pode assistir ao espetáculo do grupo Santamaria, pelas 22h00 e sábado o palco do Pavilhão Multiusos acolhe Quim Barreiros, pelas 22h00.