
De 2022… um melhor 2023
Em janeiro de 2022, os nossos desejos centravam-se no fim da pandemia, normalidade, tinhamos a esperança de que o ano trouxesse alguma bonança.
Ainda não tinha terminado fevereiro e rebentava do outro lado da Europa, uma guerra. A Russa invadia a Ucrânia a 24 de fevereiro.
Foram meses e meses, a ouvir novamente a palavra morte. Mortes provocadas num conflito
que envolveu o mundo inteiro.
O inimigo já não era invisível. O terror das imagens que nos entravam pela casa adentro acabou com a esperança ansiada
de um ano de paz.
Confesso que chegou uma altura deixei de ver noticias, não conseguia, vivia atormentada,
como mãe, como mulher.
Portugal, solidário, abriu fronteiras a milhares de refugiados ucranianos, muitas familias candidataram-se para acolher mães e crianças. Estamos em dezembro e a guerra mantém-se.
Com a guerra agravaram-se os preços de produtos que chegaram a ser racionados como o
óleo ou o açúcar. Com a justificação da guerra subiu o preço do gasóleo, o preço da eletricidade. Passamos a
ouvir falar da grave crise energética. De facto, 2022, não foi bom, nem para os comerciantes, nem para quem compra: os preços subiram em flecha, para não falar das taxas Euribor, que irão afetar milhares de familias. Tive a honra de participar em duas atividades que provam que os portugueses são um povo que dá muito
de si a quem precisa, sem olhar a quem. A primeira foi o Banco Alimentar contra a Fome, foi notável esse dia, a segunda foi uma
colheita de sangue.
Quando um português é chamado a ajudar, ajuda. Somos um povo de emoções, de sentimentos, de afetos.
Este espirito de voluntariado deveria ser explorado em todos os municipios.
Promover e multiplicar ações que promovam ações que tenham o objetivo de ajudar o outro, sem pedir nada em troca, é cada vez mais urgente.
A crise intensifica as dificuldades, mas o isolamento também dos nossos idosos também
carece de medidas que partilhem afetos, companhia.
Não posso deixar de louvar os magnificos anúncios publicitários da Vodafone e da Nós. O primeiro que apela a um cuidado redobrado com as doenças mentais. Infelizmente, os vários confinamentos aumentaram os números de doentes depressivos e os suicidios, nomeadamente nos jovens. O segundo, que reforça a importância do diálogo entre as gentes, de uma palavra, de uma
atenção.
Sim, o Natal precisa ser muito menos comercial e muito mais amor e paz, muito mais afetos e atenção, muito mais abraços e carinho. Infelizmente, como se não bastassem todas as tragédias do ano, o agravamento do custo de vida, à seca que assolou o nosso país no verão, temos um
dezembro de chuva torrencial.
Chuva necessária para repor os niveis das barragens. Ainda assim, dezembro acaba por ser desolador nas regiões de Lisboa, do Alentejo e
Algarve. Voltamos a ver um rasto de destruição, em habitações e zonas comerciais. Pessoas desalojadas, e mesmo mortes.
Esta minha crónica parece um rol infindável de desgraças, mas assim foi 2022.
A par do que foi mau, importa sublinhar a resiliência e a persistência que tão bem nos caracteriza.
Arregaçamos as mangas, vamos à luta e reconstruímos. Assim é a vida, um somatório de episódios bons e maus.
Dos bons, guardamos as memórias que nos reconfortam, dos maus, aprendizagens, reforçamos a coragem e jamais desistimos.
É o que digo aos meus alunos, no caminho da vida, irão encontrar enormes desafios, muitos fáceis de concretizar, outros com enormes pedras a atrapalhar, digo-lhes que as pedras são apenas um obstáculo e quer a familia, quer a Escola dão- lhes as ferramentas necessárias para ultrapassá-las.
Desistir nunca será o caminho. 2022 finda.
Um novo ano inicia, à semelhança dos anos anteriores, os nossos desejos serão os mesmos: paz, saúde e uma vida tranquila.
Somos um povo que vive de esperança e de fé.
Temos de acreditar que melhores dias virão.
É este o espírito de Natal, é esta a vontade de um povo que clama por serenidade, tranquilidade e melhores condições de vida.
Um Natal muito feliz a quem me lê e que 2023 seja, mesmo, o espelho do que todos ansiamos.