
OPINANDO: Afogamentos em Portugal – Urgência em adotar comportamentos preventivos na época balnear
A época balnear traz consigo momentos de lazer e convívio, mas também riscos associados à exposição ao meio aquático. Nos últimos anos, Portugal tem registado um número preocupante de afogamentos, muitos dos quais poderiam ter sido evitados com medidas simples de prevenção.
Dados Alarmantes
Segundo o Observatório de Afogamento e dados da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (FEPONS), em 2024 foram registadas mais de 120 mortes por afogamento em Portugal. Mas os números de 2025 já estão a traçar uma tendência igualmente preocupante: no primeiro trimestre do ano, os rios superaram o mar como o local com mais mortes registadas. Das 49 mortes, analisadas até ao momento, 22 ocorreram nos rios, contra 19 no mar e 5 em poços.
Estes números demonstram claramente que os riscos não se limitam às praias, pelo contrário, é nas zonas fluviais, muitas vezes não supervisionadas, que ocorrem os episódios mais fatais.
Crianças continuam entre as principais vítimas
Ainda mais preocupante é a média anual de mais de 10 crianças que morrem afogadas em Portugal, uma tendência verificada de forma consistente nos últimos quatro anos. Estas mortes ocorrem, na maioria das vezes, em ambientes considerados “seguros”, como piscinas domésticas ou tanques, onde a vigilância é muitas vezes negligenciada.
Comportamentos de risco continuam a ser norma
Apesar dos alertas recorrentes por parte das autoridades, os comportamentos de risco mantêm-se:
- Banhos em locais não vigiados;
- Desrespeito pela sinalização;
- Consumo de álcool antes de nadar;
- Falta de supervisão direta a crianças;
- Sobrevalorização das próprias capacidades de natação.
Época balnear exige vigilância total e comportamentos responsáveis
Com o início da época balnear, as autoridades reforçam os apelos:
- Optar sempre por zonas vigiadas;
- Manter as crianças permanentemente sob observação;
- Respeitar bandeiras, sinalética e indicações dos nadadores-salvadores;
- Evitar mergulhos em locais desconhecidos;
- Nunca nadar sozinho.
Educação Aquática: Prevenir começa na escola
A prevenção de afogamentos não se pode limitar aos meses de verão, deve começar muito antes, dentro das salas de aula. A introdução de programas de segurança aquática nas escolas é uma medida essencial para criar uma cultura de prevenção desde a infância.
Na cidade da Guarda, essa aposta já está em curso: têm sido desenvolvidos ações de sensibilização de segurança aquática, em contexto escolar. Nestas ações fala-se de regras básicas de segurança, comportamentos preventivos e identificação de perigos tanto nas praias, como nos rios, como nas piscinas.
Concluindo, a prevenção não é uma opção, é uma obrigação.
As vítimas de afogamento não são só estatísticas, são filhos, pais, amigos, são crianças com futuro perdido. Cada morte é uma falha coletiva de sensibilização, prevenção e responsabilidade. A comunicação social tem aqui um papel essencial: informar, formar e pressionar para mudanças efetivas.
Nadador Salvador Coordenador: Rafael Nunes