Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Autárquicas 21: Entrevista a Paulo Tourais, candidato do PS à freguesia do Ferro (Covilhã)


Após quatro anos de mandato, retomam agora as eleições para as Autárquicas 2021 e o Mais Beiras Informação decidiu ir ao encontro dos candidatos, colocando-lhes algumas questões, para que possam partilhar a sua visão e planos para o futuro do Município a que se candidatam. Paulo Tourais é o candidato do PS à freguesia do Ferro, na Covilhã.

 

Quais os motivos da sua candidatura a estas autárquicas e quais os pilares da mesma?

Sendo uma pessoa atenta à realidade e, em particular, ao que se passa na minha freguesia, vinha sentindo a vontade de voltar a poder contribuir para recolocar a Freguesia do Ferro no rumo do desenvolvimento e, o convite que, entretanto, me foi efectuado pelo Dr. Vitor Pereira, para liderar um projecto autárquico ao Ferro, resultaram nesta candidatura que abraço com o empenho, o dinamismo e a capacidade de trabalho que sempre demonstrei. Encaro este desafio como uma forma de em conjunto com a equipa que me acompanha, com os ferrrenses, com as empresas e as instituições, as entidades públicas e privadas da freguesia, colocar em prática ideias e objectivos que contribuam para aumentar o bem-estar das pessoas e dar à freguesia uma dinâmica que a torne atractiva para todos, voltada para o futuro, dignificando o passado. Uma freguesia atenta a todas as faixas etárias, desde as crianças aos mais idosos; atenta às necessidades e às especificidades de uma freguesia rural, mas geograficamente tão perto da sede de concelho, dotada de recursos naturais que urge utilizar de forma cuidada e potenciadora do turismo e da criação de emprego, bem como mais atenta ao sector agrícola e à sua dinamização. São várias as ideias em áreas distintas de intervenção que, em conjunto, temos vindo a analisar, mas, essencialmente, pretendemos voltar a dinamizar o Centro Interpretativo da Cereja; reordenar o espaço contíguo ao cemitério, através da construção de uma Capela Mortuária e do reordenamento paisagístico do local; apostar na criação de um mercado mensal, com uma dinâmica inovadora; a requalificação do Campo das Festas, através da construção de um equipamento multiusos que permita a realização de eventos de natureza diferente; trabalhar em parceria para melhorar as condições do Posto Médico e alargar os serviços médicos e de enfermagem oferecidos à população; apostar em medidas de ação social que visem, entre outras, um maior acompanhamento dos idosos que vivem sozinhos; ter especial atenção ao património edificado e em mau estado de conservação, tendo em vista a reabilitação e o embelezamento urbano, são alguns dos muitos projectos que queremos concretizar. Simultaneamente, irmos ao encontro das necessidades mais básicas, no sentido de mais imediatas, que todos sentimos no dia-a-dia, no que diz respeito à limpeza de caminhos; ao garante de uma recolha de lixo eficaz; à melhoria das vias de circulação rodoviária, não só procurando que a Câmara Municipal finalize a estrada Municipal 506-1 desde a Ponte Pedrinha até à vizinha Freguesia de Peraboa (temos o compromisso do Dr. Vitor Pereira, nesse sentido), bem como efectuando a manutenção e alargando o número de caminhos rurais asfaltados e que tão negligenciados têm sido, entre outras. Em suma, num trabalho de equipa, em conjunto com as pessoas e para as pessoas, para potenciar os recursos humanos, financeiros e patrimoniais (edificado, natural e imaterial) da freguesia, de modo a colocar o Ferro no rumo certo.

 

O que considera ter de diferente em relação aos outros candidatos?

Para além das características pessoais que nos distinguem, fruto das experiências e percursos individuais, penso que a principal diferença é a experiência autárquica adquirida em situações e contextos distintos; o trabalho realizado ao longo dos mesmos e o facto de, mesmo após o seu términus, sempre me ter batido pelos interesses da freguesia nos locais apropriados, no desempenho de diferentes funções.

 

Quais os setores/áreas/investimentos que considera importantes impulsionar ou melhorar a freguesia?

Sendo o Ferro uma freguesia rural, penso que o sector agrícola é fundamental para o seu desenvolvimento, tendo também em conta a sustentabilidade ambiental e a necessidade de gerir, cada vez melhor, os recursos naturais disponíveis. Mas a agricultura, o turismo e a cultura, são sectores que podem ser complementares, na atração de visitantes e no alavancar de novos negócios e oportunidades. Relativamente às linhas gerais, são as que referi na primeira pergunta. Claro que, para além disso, há o trabalho diário, inerente às competências da Junta de Freguesia.

 

 Que avaliação faz dos últimos quatro anos?

Melhor do que eu, que sou suspeito, essa avaliação será feita pelo povo do Ferro, no dia 26 de Setembro.

 

Como olhar para os dados dos últimos Censos da freguesia, divulgados em Julho pelo INE?

De acordo com os resultados preliminares, a freguesia do Ferro acompanhou a tendência geral e perdeu população, o que, para além dos óbitos, que infelizmente acontecem, se prende com factores como a emigração e a imigração, resultado da necessidade de procurar melhores condições de vida em locais com outros recursos. Urge inverter esta tendência na medida em que, considerando a freguesia como estando integrada num território mais vasto, a tendência de decréscimo é acentuada, o que é preocupante, pois tenderá a agravar-se no futuro se nada se modificar, aumentando as assimetrias já existentes entre interior e litoral, com tudo o que isso acarreta.

 

Falando de uma freguesia localizada num concelho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e a desertificação desta região?

Usualmente, quando se procura dar resposta às questões do despovoamento e à desertificação do Interior, os Governos centrais implementam políticas de fora para dentro, ou seja, os incentivos são dados aos que não sentem o território como atractivo para que, em troca de benefícios, o passem a fazer. Mas nós estamos cá, não fomos embora, lutamos diariamente por este Interior que é a nossa casa, que está desertificado mas não está deserto. É por isso que, em meu entender, a actuação deve ser realizada precisamente no sentido inverso: apoiar as pessoas que cá vivem para que cá permaneçam e possam trabalhar; ter filhos; investir; ter acesso à cultura, à educação e a bons cuidados de saúde, etc. É preciso, antes de mais, que nós, que cá estamos, tenhamos orgulho em ser do Interior e saibamos que, para além da resiliência, temos a capacidade e o conhecimento para fazer tão bem ou melhor do que se faz no litoral e nos grandes centros urbanos, pois que o fazemos com menos recursos, deixando, muitas vezes de olharmos para nós próprios de forma complexada. Em termos de medidas concretas, penso que a revisão do valor das portagens; a redução da carga fiscal das empresas; a aposta na ferrovia; os incentivos à natalidade; a defesa concertada dos produtos endógenos e na valorização do que é genuinamente nosso; o cuidar dos espaços naturais comuns e de uma beleza única, dando-lhes dignidade e valorizando-os aos olhos dos turistas nacionais e estrangeiros; o atrair estudantes para a nossa Universidade e Institutos Superiores, incentivando-os a apostar na região no futuro; o olhar para o território como um todo, percebendo que não somos o Interior de nada mas um território rico em recursos e uma porta para a Europa, situado a meio caminho entre e Lisboa e o Porto e tão perto de Madrid, o que nos confere uma posição estratégica única, podem fazer a diferença pela positiva.

 

Fernando Gil Teixeira