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Diretor: Paulo Menano

A idade das paisagens associa Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO a equipa de investigação internacional


Quantos milhares ou milhões de anos foram necessários para formar a paisagem que mais gostamos? Esta é uma questão com resposta para Tibor Dunai e sua equipa do Instituto de Geologia e Mineralogia da Universidade de Colónia, na Alemanha.

O Dr. Dunai e parte da sua equipa internacional estiveram no Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO em busca de novos dados que levem a conhecer o modo como a paisagem evoluiu e o vale do Tejo se formou.

“Esta é uma oportunidade dourada para obtermos mais respostas sobre a idade do Tejo e os processos que levaram ao seu desenvolvimento no decurso de importantes mudanças climáticas que decorreram nos últimos milhões de anos”, refere Carlos Neto de Carvalho, coordenador científico do Geopark Naturtejo.

A equipa internacional do CRONUS – Projeto Terra utiliza isótopos cosmogénicos para determinar há quanto tempo uma rocha foi exposta à superfície por erosão ou um solo foi formado, permitindo conhecer taxas de erosão com diversas aplicações, como em estudos de processos erosivos, de atividade tectónica ou de formação de solos. A interação entre os raios cósmicos que nos chegam constantemente das zonas mais remotas da galáxia, com rochas e solos expostos à superfície da Terra, produz isótopos estáveis e radioativos. A sua abundância permite determinar importante informação cronológica dos últimos milhares a dezenas de milhões de anos da História da Terra.

A equipa de investigação alemã foi atraída pelas paisagens muito antigas que envolvem o vale do Tejo descritas em trabalhos recentemente publicados pela equipa do Geopark Naturtejo, bem como pelos estudos desenvolvidos pelos investigadores Pedro Proença e Cunha e António Martins sobre a evolução da paisagem na região, especialistas portugueses que também integram esta parceria com o geoparque.

Com o apoio no terreno da Naturtejo, EIM, a equipa obteve mais de 180 kg de amostras de rochas recolhidas entre os granitos de Alpalhão e o importante geomonumento das Portas de Almourão, próximo das aldeias de Foz do Cobrão e Sobral Fernando.

O trabalho de campo contou com o apoio de locais que abriram as portas das suas propriedades, bem como da empresa Manuel Pedro de Sousa & Filhos, que permitiu à equipa a realização de um perfil de amostragem completo na frente da pedreira que reiniciaram recentemente a exploração em Alpalhão.

As amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Isótopos Cosmogénicos coordenado por Steven Binnie, na Universidade de Colónia, e os primeiros resultados serão conhecidos na próxima primavera.

Este e outros projetos científicos ampliam o conhecimento sobre o território Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO numa perspetiva de valorização do seu património natural.

Pretende-se uma vez mais que estes projetos envolvam as comunidades locais e que, neles, estas encontrem relevância para atividades económicas com forte potencial para a região, como o Turismo de Natureza, mas também para outras indústrias e atividades agrícolas num contexto de mudanças climáticas.