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Diretor: Paulo Menano

Carlos do Carmo na Expodemo, em Moimenta da Beira


Ele é o Fado inteiro! A sua voz maior! O símbolo dessa cultura fadista que ele elevou aos céus e personificou na sua mais pura génese. Carlos do Carmo, esse mesmo, esse que foi o primeiro português a conquistar um Grammy, vai estar em Moimenta da Beira na primeira noite da Expodemo, 14 de setembro, para um concerto que se adivinha grande, memorável, envolvente, único, emocionante e geracional. Quem não conhece as suas canções? Interpretações como “Canoas do Tejo”, “Por Morrer Uma Andorinha”, “Um Homem na Cidade”, “Lisboa Menina e Moça”, “O Cacilheiro”, “Estrela da Tarde”, “Duas Lágrimas de Orvalho” muitos delas escritas com José Carlos Ary dos Santos, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho? O concerto, no palco maior do certame, será de entrada livre, tal como todos os outros (e serão muitos) que a Expodemo proporcionará nos três dias de programa, 14, 15 e 16 de setembro.

Biografia oficial. “Carlos do Carmo nasceu em Lisboa. Filho de Lucília do Carmo, uma das maiores fadistas do século XX, e de Alfredo de Almeida, livreiro e posteriormente empresário na indústria hoteleira. Pode dizer-se que Carlos do Carmo foi criado no meio de uma atmosfera artística. A casa de seus pais, na parte velha da cidade, Bairro Alto, era um lugar de reuniões de intelectuais e de artistas, algumas das figuras proeminentes da Lisboa de então. Carlos do Carmo iniciou em 1963 uma das carreiras mais sólidas no panorama artístico português, para a qual contribuiu a sua coragem de assumir o Fado no masculino e também o facto de trazer para o Fado novos elementos: contrabaixo e formação com orquestra, entre outros e ainda novos talentosos compositores, bem como a poesia e a prosa de grandes poetas e escritores contemporâneos portugueses. Por tudo isto, são inúmeros os prémios e honrarias recebidos até hoje.

Falar de Carlos do Carmo é associar o seu nome ao que de mais genuíno e popular se canta nas ruas de Lisboa, quer seja um simples pregão de varina, um esvoaçar de gaivotas do Tejo ou uma festa popular com sardinha assada. Na sua voz, andam também de mãos dadas a saudade, os amores não correspondidos, a solidão, a primavera com andorinhas e os “putos” deste Portugal e ainda a esperança e o futuro.

Carlos do Carmo é acarinhado por um público que o respeita e estima, apreciando nele, além das suas qualidades de grande intérprete e comunicador, as de um homem interessado na evolução da música da sua terra, acreditando na evolução do homem na sua globalidade. Os seus mais de um milhão de discos vendidos são prova inequívoca disso mesmo.

Cantou nos cinco continentes e as suas passagens no “Olympia” em Paris, nas óperas de Frankfurt e de Wiesbaden, no Canecão de Rio de Janeiro, no “Savoy” de Helsínquia, no Auditório Nacional de Madrid, no Teatro da Rainha em Haia, no teatro de São Petersburgo, na Place des Arts em Montreal, no Tivoli de Copenhaga, no Memorial da América Latina em São Paulo e mais recentemente no Teatro D. Pedro V em Macau (com transmissão em direto para toda a China) são momentos muito altos da sua carreira. Os concertos no Mosteiro dos Jerónimos, na Fundação Gulbenkian, no Casino Estoril, no Centro Cultural de Belém, na Casa da Música, na Torre de Belém e no Coliseu dos Recreios de Lisboa fazem a diferença a nível nacional, pelo conceito que lhes foi dado, sempre em prol da evolução do Fado.

Em 2003, aquando dos seus 40 Anos de carreira, Carlos do Carmo apresentou-se no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Sobre este concerto, Rui Vieira Nery escreveu: É bom vê-lo e ouvi-lo assim, passados já os sessenta anos, com esta sabedoria de quem mergulha numa tradição de que é um pilar fundamental, mas se afirma ao mesmo tempo, a partir dela, como o mais consistentemente experimental dos jovens fadistas portugueses.

De especial importância, foi o reconhecimento da carreira deste grande Homem, não só como fadista, mas também pela sua importância como homem e cantor no Fado, na música portuguesa, para Portugal e para o Mundo, feito pelo Museu do Fado, através de uma exposição intitulada “Um Homem no Mundo”, que decorreu de 15 de Outubro de 2003 a 15 de Fevereiro de 2004.

No final de 2006 a Raymond Weil, prestigiada marca mundial de relógios distinguiu Carlos do Carmo, com a edição especial de um relógio de ouro de homenagem ao fadista, cujo o resultado económico elevado foi atribuído à Casa do Artista.

Em 2007 o jornal “Público” contou com a participação de Carlos do Carmo para a edição das coleções “Poemas da Minha Vida “.

Com todo o empenho Carlos do Carmo esteve envolvido no filme “Fados”, de Carlos Saura, do qual foi o consultor. Recebeu um prestigiado galardão do cinema espanhol, com a atribuição do Prémio Goya de “Melhor Canção Original” para o tema “Fado da Saudade”. O tema é incluído na reedição de “À Noite”, bem como “Fado Tropical”.

No ano seguinte comemoram-se os 45 Anos de Carreira do Artista. O primeiro dos concertos de aniversário teve lugar no Casino do Estoril, a 3 de Outubro, no qual o artista homenageou alguns dos músicos com quem partilhou os palcos ao longo da sua carreira: António Victorino d’Almeida, o espanhol António Serrano, José Maria Nóbrega, Joel Pina, José Fontes da Rocha e a Orquestra Sinfonietta de Lisboa foram alguns dos músicos que acompanharam Carlos do Carmo nesta noite tão especial, com direito a placa comemorativa e tudo.

O segundo grande ato comemorativo dá-se com a edição do seu primeiro “best of”. “Fado Maestro” chega às lojas em formato CD/DVD, tendo as vendas disparado de imediato. Fados intemporais como “Lisboa Menina e Moça”, “Os Putos”, “Canoas do Tejo”, “Por Morrer Uma Andorinha” ou “Um Homem na Cidade” são registados numa compilação de excelência. A edição especial do CD conta também com o documentário “O Fado de Uma Vida”, realizado por Rui Pinto de Almeida. A história da vida e da carreira de Carlos do Carmo contada através do próprio e de testemunhos de quem fez e faz parte da sua carreira. Neste DVD estão incluídos ainda 10 temas ao vivo, quatro gravados em Frankfurt e os restantes gravados em Lisboa.

O terceiro e último grande ato traduz-se numa super produção no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. No dia 29 de Novembro, Carlos do Carmo sobe ao palco da maior sala de espetáculos do país para uma noite que ficará na memória de cerca de 11.000 pessoas. Camané, Mariza, Carminho, Gil do Carmo, Bernardo Sassetti, a galega Maria Berasarte e a Orquestra Sinfonitta de Lisboa, dirigida pelo Maestro Vasco Pearce de Azevedo, foram os convidados especiais do artista para partilharem um dos pontos mais altos da sua carreira. Em 2009 Carlos do Carmo apresentou um concerto-homenagem a José Carlos Ary dos Santos no Coliseu dos Recreios. No âmbito da celebração do 25º aniversário sobre o falecimento de Ary dos Santos, Carlos do Carmo levou ao palco do Coliseu um espetáculo com um alinhamento totalmente dedicado ao poeta com quem manteve uma forte amizade. Neste momento histórico da música portuguesa, Carlos do Carmo contou ainda com a presença especial do pianista e compositor Bernardo Sassetti em alguns temas.

Em 2010 a sua editora, Universal Music, em parceria com o Jornal “Público”, publicou uma coleção de 100 canções do repertório de Carlos do Carmo, escolhidas pelo próprio, intitulada “100 Canções – Uma Vida”. A coleção é composta por 10 volumes temáticos: Os Poetas, Lisboa, Os Compositores, À Guitarra e À Viola, Os Fados Tradicionais, Com Orquestras, Outros “Fados”, Internacional, Ary por Carlos do Carmo, Ao Vivo no Casino Estoril.

Também neste ano, apresentou a série televisiva “Trovas Antigas, Saudade Louca – Histórias do Fado contadas por Carlos do Carmo”, o primeiro documentário audiovisual sobre a história e o património do fado, com a coprodução da RTP e EGEAC/Museu do Fado e que foi muito bem recebida pelos telespectadores de Portugal.

Mas para 2010 estavam reservados mais alguns momentos especiais: em Setembro participou no Festival de Cinema “Douro Film Harvest”, onde teve oportunidade de cantar para a sua eleita da Sétima Arte – Sophia Loren, e em Novembro subiu ao palco do Pavilhão Atlântico para interpretar temas celebrizados por Frank Sinatra na companhia da lendária orquestra de Count Basie, dirigida por Dennis Mackrel, naquele que foi um espetáculo marcante.

O ano de 2010 não terminaria sem mais uma surpresa, a edição de um disco com Bernardo Sassetti, somente de piano e voz. Um encontro inédito e especial na música portuguesa, com um repertório único traçado entre clássicos da música portuguesa e temas eternos do cancioneiro internacional, entre os quais se destacam os autores José Afonso, Sérgio Godinho, Rui Veloso, Léo Ferré e Jacques Brel.

Importa ainda referir que Carlos do Carmo integrou a equipa coordenadora da Candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade e tem dado um enorme incentivo aos jovens que o procuram para aprofundar a investigação dos seus estudos sobre este tema, estimulando-os a escrever sobre o Fado.

Viveu momentos únicos de felicidade ao ver o Fado reconhecido como Património Oral e Imaterial da Humanidade.

Em 2011 recebeu um convite da consagrada pianista de renome mundial, Maria João Pires, para juntos gravarem um disco com músicas de António Victorino de Almeida e com as palavras de alguns dos melhores poetas portugueses”.

Em abril deste ano de 2018, numa atuação em Nova Iorque, a NPR (rádio pública norte-americana) descreveu-o como “Sinatra do fado”. E Carlos do Carmo disse que Sinatra “era fadista”.

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