Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Entrevista com João Santos, lateral do Clube Académico do Fundão


João Santos, jovem lateral de 22 anos, tem vindo a ser um dos esteios do Clube Académico do Fundão nas suas participações bem sucedidas a nível distrital e uma aposta segura de João Sá Pinho e David Almeida desde que chegaram ao comando técnico do emblema fundanense. Em entrevista exclusiva ao MaisBeiras Informação, fala-nos mais do seu percurso e do muito que ainda está para vir.

 

João, contando os anos de formação, falamos já de uma ligação ao Clube Académico do Fundão que se prolonga há mais de uma década. Que ligação é esta tão especial que te une a este clube e que como vemos das bancadas te faz defendê-lo de forma tão viva e eloquente?

Sim, se não estou em erro, é a 15ª época a defender as cores do Académico e, claro que é especial vestir esta camisola, é o clube da minha cidade, foi o clube que me formou enquanto jogador e que me transmitiu valores muito importantes para ser aquilo que sou hoje, por isso, sinto sempre um compromisso muito grande dentro das 4 linhas e tento sempre dar o meu máximo pelo Académico.

Iniciaste o teu percurso sénior no clube, saíste entretanto para a Atalaia do Campo nos anos em que o projeto esteve parado e quando regressou voltaste também à casa partida. Esses anos no Atalaia foram importantes para teres contacto com novas realidades e grupos?

Sim, foram bastante importantes. Deram-me a oportunidade de continuar a fazer aquilo que mais gosto e acolheram-me da melhor forma possível. Tive a oportunidade de partilhar o balneário com grandes homens, a quem posso chamar de amigos, tendo estes contribuído também para o meu crescimento. Fizeram com que percebesse o quão importante é dar valor a quem faz esforços pelo clube, porque a Atalaia está a apostar em novas instalações e o projeto sénior deles não tinha nada a ver com o que fora em tempos, mas foi marcante ver como os membros da direção sentiam o clube e nos davam tudo o que podiam, a alegria deles quando ganhávamos jogos, tudo contribuiu para o meu crescimento, é uma casa que estimo bastante e gosto muito das gentes da Atalaia.

És considerado unanimemente um jogador raçudo e que deixa tudo em campo. É algo em que te revês e que faz sentido para ti?

É a minha forma de encarar o desporto, sempre fui ensinado a dar tudo o que tenho quando estou dentro de campo e é isso que tento fazer, porque muitas vezes também é a forma como abordamos os lances que faz a diferença no resultado final, acho que cada duelo que perco faz com que o adversário chegue mais perto do golo, então tento sempre dar o máximo para sair por cima em cada lance disputado.

Começaste como defesa central, lugar onde foste estando mais tempo, mas foste entretanto deslocado para a lateral onde agora atuas maioritariamente. Foi uma adaptação fácil? Como te sentes neste diferente tipo de funções?

Foi uma adaptação fácil, porque já conhecia a posição, já tinha por lá passado alguns
anos na formação e a maior parte das rotinas não estavam esquecidas. É uma posição na qual me sinto bem e confortável a jogar, quer com instruções mais defensivas ou com mais liberdade para subir, é uma posição com a qual me identifico e onde gosto bastante de jogar.

Ao longo do tempo tem-se notado cada vez um aumento da tua propensão ofensiva. Mais confiança para partir no um para um, para subir no corredor e chegar mais perto de zonas de cruzamento e finalização. Tem a ver com a habituação à posição que é cada vez maior?

Penso que tudo se deve ao treino e às rotinas que a equipa vem a criar desde o ano passado, somos um grupo unido e muito comprometido com o treino, acreditamos nas ideias dos treinadores e no que cada um é capaz de fazer, isso acaba por trazer mais confiança e faz sobressair a qualidade do plantel.

Ter do lado contrário um experiente André Cunha esta temporada ajuda também a ganhar essa confiança e a medir os tempos certos para subir e descer na lateral?

Sim, sem dúvida. O Cunha é um exemplo para todos nós, por tudo aquilo que conquistou nestes anos todos, pela sua qualidade dentro de campo, mas também pela pessoa que é, sempre disposto a ajudar e claro que tem um papel bastante importante no nosso crescimento, pois ter uma referência como ele no nosso balneário a dar-nos dicas, não só a mim, que partilhamos a mesma posição, ainda que em lados contrários, mas como também a todos os outros elementos do plantel ajuda-nos a crescer e a evoluir.

No ano passado a equipa ganhou a II Divisão Distrital, esta temporada venceu a Supertaça Distrital e está no top 5 da prova e ainda bem perto do terceiro lugar. Como analisas este crescimento da equipa e este surgimento de títulos no projeto?

Penso que tudo acontece no tempo certo e nasce do trabalho que a equipa vem a realizar desde o início da época passada. O clube tem um projeto sólido, assente em ideias fundamentais para o crescimento de todo o plantel e da sua própria estrutura. O nosso maior objetivo o ano passado era ficar nos seis primeiros, não sendo possível encarámos com toda a seriedade a II Divisão e só assim foi possível conquistar o título, o primeiro deste clube, adquirindo também a possibilidade de disputar a Supertaça. Dando continuidade às ideias e ao trabalho desenvolvido desde o ano anterior, conquistámos a Supertaça e penso que de forma merecida, por tudo o que temos vindo a realizar desde o início deste projeto. No que toca ao crescimento da equipa, penso que é notória a evolução que temos tido como grupo, as ideias estão a ficar enraizadas dentro de cada um e só há uma forma de dar seguimento ao nosso projeto, continuar determinados e a trabalhar para continuar a elevar o nome do Académico e da cidade do Fundão o mais alto possível.

Quais são os objetivos que assumes para o que falta desta temporada, individualmente e coletivamente?

Coletivamente, o nosso objetivo é claro desde o início da época: fazer melhor que na época anterior, até agora as coisas estão a correr bem, mas há sempre espaço para melhorar e todos acreditamos que somos capazes de mais, por isso, podem esperar uma equipa ambiciosa, que irá continuar a trabalhar forte todos os dias para evoluir o máximo possível. Individualmente, espero continuar a ajudar a equipa no que for necessário, quer seja nos treinos, nos jogos ou fora das quatro linhas.

Ainda tão jovem e apenas com 22 anos, gostavas de dar o salto para uma realidade de nacionais? É algo para que lutas e em que acreditas?

Acho que qualquer pessoa que pratica futebol gostaria de dar o salto para um patamar superior, seria hipócrita se dissesse o contrário, mas tento não pensar demasiado nisso e tento focar-me no que posso controlar que é tentar a cada dia estar melhor que no dia anterior, o que tiver de acontecer acontecerá com naturalidade.