Filme sobre minas da Urgeiriça, em Nelas, premiado em Berlim
O filme “Cem anos de Urgeiriça”, sobre aquelas minas em Nelas, recebeu o prémio de Melhor Filme na categoria de Pesquisa de Arquivo no Festival Internacional do Rio de Filmes sobre Urânio, realizado em Berlim. O anúncio foi feito por António Minhoto, ex-mineiro que também foi distinguido.
O Festival Internacional do Rio de Filmes sobre Urânio distinguiu o documentário “Cem Anos de Urgeiriça” que recebeu o prémio de Melhor Filme na categoria de Pesquisa de Arquivo, do realizador escocês Ramsay Cameron. Segundo a diretora da organização do festival, Ramsay Cameron “usou um rico material de arquivo e depoimentos, revelando a importante participação da mina de urânio no programa das primeiras bombas nucleares dos EUA e da Inglaterra” e foi feito a propósito do centenário das minas, 1915-2015. Um filme que, no entender de António Minhoto, “é um bom contributo, apesar de ter algumas limitações, porque resume-se muito ao que foi o tempo dos ingleses e à bomba atómica e não se resume depois no que foi o sacrifício dos mineiros, no passivo ambiental na questão humana e todo este processo que faz a história, porque a história não pode ser cortada ao meio”.
Este ex-mineiro, nascido em 1952, António Minhoto criou a associação ambientalista Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU) e a Associação dos Antigos Trabalhadores das Minas da Urgeiriça (ATMU), cuja missão é lutar em prol dos direitos de quem trabalhou na exploração do urânio e integra também o MIA – Movimento Ibérico Anti-Nuclear. Um prémio, diz, que a organização atribuiu pela luta que tem travado nas últimas três décadas em prol da compensação dos trabalhadores e das suas famílias e para a recuperação ambiental das minas de urânio da Urgeiriça que se situam na freguesia de Canas de Senhorim, no concelho de Nelas.
António Minhoto considera que este prémio, tal como aquele que lhe foi atribuído a título pessoal, “deu uma imagem internacional importante sobre a exploração de urânio a nível mundial”. “Portugal tem, e este festival mostrou, uma grande importância, porque temos um grande papel de introdução de exploração e das difusões a nível mundial e também no nuclear. Portugal foi o primeiro a contribuir com urânio para a criação da bomba nuclear”, contou ao Jornal do Centro.