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Diretor: Paulo Menano

Fornos de Algodres: “Discutir e pensar o ambiente é perspetivar e potenciar o futuro”


O Auditório da Escola Básica e Secundária de Fornos de Algodres encheu-se hoje, para mais um Seminário Ambiental, com um leque de apresentações das mais importantes estruturas, que trabalham diariamente para preservar e valorizar o património ambiental.

A noção de que o número de espécies tem vindo a reduzir-se, de que há inúmeras em risco de extinção e de que é preciso salvaguardá-las fez da biodiversidade um conceito usado repetidamente. Esta palavra, tem ganho relevância nos últimos tempos, mas será que sabemos o que significa e temos consciência da sua verdadeira importância?

O Diretor do AEFA, Marco Fernandes, abriu o Seminário alertando os alunos para a “preocupação que devem ter com o que se passa no ambiente”. Embora a escola forneça as bases necessárias é necessário que haja “espírito crítico e iniciativa”.

Os alunos representantes da turma do 12ºB introduziram o tema “Turismo em Espaço Rural: Valorização da Estação da Biodiversidade da Ribeira da Muxagata”, um projeto que reuniu a investigação teórica, análise, interpretação e ação sobre o local.

A Estação da Biodiversidade localizada entre as Freguesias da Muxagata e de Figueiró da Granja, é um percurso pedestre curto (3 km, aproximadamente), sinalizado no terreno através de 9 painéis informativos sobre as riquezas biológicas a observar pelos visitantes. A estação está num local de elevada riqueza específica e paisagística do Concelho, representativa dos habitats característicos da área. Os painéis funcionam, ao longo do percurso, como uma espécie de guia de campo e fazem referência a espécies emblemáticas e comuns. É dado particular destaque aos insetos e plantas, que são a base para a conservação dos ecossistemas terrestres.

A criação deste percurso pedestre foi incluído nos objetivos de desenvolvimento sustentável tendo como principais objetivos “aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade, contribuir para a valorização do património natural e promover a participação dos cidadãos na inventarização da nossa fauna e flora”.

Apesar dos pontos positivos deste percurso, há ainda um problema que consideram importante resolver. “Este percurso é linear o que é pouco prático em termos logísticos e exerce maior pressão sobre sistemas naturais, um ponto negativo, já que exige a passagem em duplicado pelo troço”. A solução apresentada pelos alunos é “colocar uma ponte para tornar o percurso circular”.

Os Guardiões da Serra da Estrela são uma associação que tem como objetivo a recuperação dos ecossistemas da Serra da Estrela, através do envolvimento da sociedade civil. A Associação nasceu de uma “revolta e tristeza” após o incêndio que decorreu na Serra da Estrela, em 2017. Hoje apresentam soluções para ajudar a Serra da Estrela a recuperar desses danos. A Guardiã Sara explica que o território está “abandonado” devido às alterações climáticas e “a frequência dos ciclos de fogo são cada vez mais intensos” devido à “demasiada carga combustível” e pelo facto de haver “demasiadas áreas de monocultura”, que se traduz em “ter a mesma espécie por demasiada área, como é o caso do pinheiro”.

Sara diz-nos que contrariamente ao que as pessoas pensam, não se deve plantar logo árvores “porque o solo está cheio de cinzas, está muito queimado e as raízes das árvores não vão conseguir sobreviver”. A solução passa por várias estratégias, desde ajudar a água a infiltrar-se no solo a controlar qualquer tipo de espécie invasora. “Não chega só plantar árvores” como nos diz Sara, também é preciso “ajudar a controlar as plantas invasoras como as mimosas”, disse.

Os Guardiões Sara e Jorge Carecho deixam uma mensagem importante aos jovens alunos, “intervenham, estejam atentos, estejam ativos e integrem-se em associações e em movimentos” para que não sofram as “consequências” no futuro.

Em representação do Geoparque Estrela, esteve presente Magda Fernandes, para falar da “Educação como motor da preservação ambiental e patrimonial”.

O principal foco é a preservação de todo o património geológico que está na base da classificação como Geoparque. “Para os preservar (aos Geoparques) nós não queremos proibir as pessoas de os visitar, nós queremos educar, explicar porque é que eles são tão importantes que devem ser preservados e valorizados”.

Essa educação tem sido feita através do desenvolvimento de programas educativos que a organização tem vindo a realizar, fomentando o “contacto direto com o património geológico e geomorfológico, compreendendo a história e a evolução do planeta Terra e dos seres que nele habitam”.

“O Estrela Geopark inclui parte ou a totalidade dos nove municípios que se estruturam em torno da Serra da Estrela- Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia”.

Neste Seminário Ambiental não poderia faltar o CERVAS- Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, importante estrutura que se dedica à “recuperação e vigilância da fauna selvagem”.

A atividade do CERVAS começou em 2006 e tem-se baseado na “receção, tratamento, recuperação e devolução à Natureza de animais selvagens feridos e/ou debilitados, em paralelo com o desenvolvimento de linhas de investigação, numa perspetiva de conservação da fauna selvagem. Estes trabalhos são complementados com ações de educação ambiental e divulgação do património natural, direcionadas para diversos públicos a nível regional”.

Fornos de Algodres é um dos municípios onde o CERVAS atua e onde já foram observadas 139 espécies.

O CERVAS tem vindo a “potenciar a conservação da natureza e divulgação da biodiversidade” promovendo várias ações de Educação Ambiental no concelho.

De forma a aprender um pouco mais sobre a biodiversidade, o representante do CERVAS deu a conhecer a plataforma INATURALIST, uma aplicação que permite tirar fotografias aos diversos seres vivos e identificá-los automaticamente.

Alexandre Lote, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Fornos de Algodres, fechou o Seminário Ambiental alertando para “o olhar atento que temos de ter para o território e para as pequenas coisas que muitas vezes não valorizamos”. “Nós temos um potencial gigantesco nesta região, que não estamos a saber aproveitar”, disse.

Refere que a estratégia do Município de Fornos passa por “apostar no Fornos é Natureza como o seu principal eixo de desenvolvimento” e deixa a mensagem, “precisamos de ter um concelho que valoriza a natureza, que preserva o seu património, para assim conseguir desenvolver os seus produtos endógenos e seu desenvolvimento económico associado, porque é aí que verdadeiramente está o nosso futuro”.

Ainda no âmbito do Seminário Ambiental, será apresentado hoje, pelas 21h00 no Centro Cultural Dr. António Menano, o filme “𝙈𝙤𝙣𝙩𝙖𝙙𝙤, 𝙤 𝙗𝙤𝙨𝙦𝙪𝙚 𝙙𝙤 𝙡𝙞𝙣𝙘𝙚 𝙞𝙗é𝙧𝙞𝙘𝙤”, aberto a toda a comunidade.