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GUARDA:AUTARCAS DE PORTUGAL E ESPANHA REUNIDOS PEDEM QUE GOVERNOS AVANCEM COM CORREDOR FERROVIÁRIO


Autarcas de Portugal e Espanha solicitam, na Guarda, o reforço do troço ibérico do Corredor Atlântico: Aveiro – Viseu – Guarda – Salamanca

Setenta e sete municípios da região centro e da província espanhola de Salamanca reclamaram esta quarta-feira, dia 9 de abril, na Guarda o reforço da conexão ferroviária do Corredor Atlântico no troço ibérico (Aveiro – Viseu – Guarda – Salamanca) com ligação a Madrid e exortaram os governos dos dois países a tomar medidas para o desenvolvimento das regiões abrangidas.

Numa Declaração Regional Conjunta divulgada no final da conferência “Transporte Ferroviário no Corredor Atlântico”, promovida pelo Município da Guarda, os autarcas pedem a implementação da linha de Alta Velocidade naquele troço, com o objetivo de assegurar uma maior mobilidade às populações e mais desenvolvimento económico regional, proporcionando novas oportunidades para iniciativas empresariais e captação de novos investimentos. Exigem ainda a modernização da Linha da Beira Alta com ligação eficaz a Madrid; a criação e requalificação de plataformas logísticas e terminais de mercadorias e a promoção da verdadeira intermodalidade entre ferrovia, rodovia e portos marítimos.

A iniciativa juntou representantes de entidades públicas e dirigentes de associações empresarias dos dois países. Os agentes económicos associaram-se às exigências dos autarcas evidenciando a mais valia do Corredor Atlântico e elogiando a união dos municípios. Na conferência participou ainda o coordenador europeu do Corredor Atlântico, Carlo Secchi, o Consejero de Movillidad e Transformación Digital de la Junta de Castilla y León, José Luis Sans Merino, e a secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias.

Os autarcas signatários da Declaração Regional Conjunta representam 70 municípios e seis comunidades intermunicipais, num território com quase 1,5 milhão de habitantes. Em conjunto as regiões abrangidas registam 10 mil milhões em exportações e 9,3 mil milhões de euros em importações, ao ano.

O documento foi assinado por Sérgio Costa, presidente da Câmara Municipal da Guarda; António Machado, presidente da Câmara de Almeida; José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro e como representante da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro; Leopoldo Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco; João Lobo, presidente da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa; Marco Iglesias Caridad, alcalde de Ciudad Rodrigo; Ana Bastos, vereadora da Câmara Municipal de Coimbra; Helena Teodósio, vice-presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra; Carlos García Carbayo, alcalde de Salamanca; Fernando Ruas, presidente da Câmara Municipal de Viseu e da Comunidade Intermunicipal de Viseu, Dão e Lafões e Luis Tadeu, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região das Beiras e Serra da Estrela.

Os autarcas salientam que o reforço desta conexão ferroviária é uma aspiração e um objetivo comum, para o transporte rápido e seguro de pessoas e mercadorias, com melhores ligações internas e com acesso à rede ferroviária ibérica, para garantir mais e maior mobilidade e o desenvolvimento dos nossos territórios. Justificam que este investimento é uma oportunidade para tornar o transporte de mercadorias e passageiros mais eficiente, rápido e confiável; para reduzir custos para as empresas importadoras e exportadoras e para as que dependem do transporte de mercadorias.

O anfitrião da iniciativa, o presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, salientou que o Corredor Ferroviário Atlântico “não é apenas uma infraestrutura de transporte — é uma coluna vertebral para o desenvolvimento económico da Região Centro, uma porta aberta para a Europa, uma oportunidade para projetar o interior no mapa das grandes decisões logísticas”. O autarca sustentou que é um eixo que “deve ser acelerado, concluído e funcionalizado com vista à integração real das nossas regiões nas dinâmicas europeias de mobilidade, comércio e desenvolvimento sustentável”.

No entender do autarca a conferência realizada na Guarda representa um momento de afirmação coletiva. “Este é um momento histórico. Porque representa um enorme compromisso político, institucional e territorial entre autarquias, entidades regionais e representantes do poder local dos dois lados da fronteira”.

A secretária de Estado dos Transportes e Mobilidade, Cristina Pinto Dias, tentou sossegar os autarcas explicando que o Plano Nacional Ferroviário prevê entre as prioridades o reforço das ligações a Espanha com os estudos necessários à concretização do Corredor Atlântico. A governante concordou que o projeto potencia o desenvolvimento do interior do país nas suas vertentes social, turística e económica e lembrou a sua importância para o Porto Seco da Guarda. Para Cristina Pinto Dias, o Corredor é uma oportunidade para desenvolver uma rede única para tornar o transporte de mercadorias mais eficiente, rápido e fiável para os europeus. Sobre a Linha da Beira Alta, a governante explicou que a obra no troço que está por reabrir entre a Pampilhosa e Mortágua, está terminada e que decorre a fase de testes e de certificação.

O presidente da Infraestruturas de Portugal, Miguel Cruz, reiterou a importância do Corredor Atlântico salientando que é uma oportunidade para transformar a região Centro num eixo logístico e económico na Península Ibérica e na Europa com benefícios ambientais e sociais significativos.

O coordenador europeu do Corredor Atlântico, Carlo Secchi, considerou que esta é uma oportunidade para manter vivo o debate com os atores e agentes económicos, uma opinião partilhada pelo Consejero de Movillidad e Transformación Digital de la Junta de Castilla y León, José Luis Sans Merino, que considerou ser importante manter esta união de esforços e a abordagem dos desafios em conjunto.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal, Armindo Monteiro, associou-se às reivindicações dos autarcas elogiando o compromisso dos municípios. Defendeu que esta não é uma discussão sobre comboios e que aquela infraestrutura já deveria estar feita. Considerou que o desenvolvimento precisa de acontecer em todo o território e que é “uma bizzaria” a ideia de que somos interior.

Os autarcas declararam-se comprometidos com as reivindicações considerando que o projeto é fundamental para as regiões que representam. O alcalde de Salamanca, Carlos Garcia Carbyo, apontou que as duas regiões ibéricas foram esquecidas pelos respetivos governos, uma ideia partilhada pelo presidente da CIM da Região das Beiras e Serra da Estrela, Luís Tadeu, que apontou que “Lisboa também se esquece destes territórios”. Na mesma linha de pensamento, Ana Bastos, vereadora da Mobilidade e Transportes da Câmara de Coimbra, alertou que o Governo parece estar a dar maior enfase ao corredor mais a sul, mas argumentou que apesar de necessitar um menor investimento, só serve Lisboa, Évora e pouco mais. Ao contrário o Corredor Atlântico serve Lisboa, a região Centro e a do Norte, pelo que, defendeu, o Governo deve fazer contas ao custo/benefício e optar pelo que serve o país. O presidente da Câmara de Almeida, António Machado defendeu que é preciso olhar para projeto do Corredor Atlântico, como sendo galvanizador para o desenvolvimento dos territórios e não apenas na perspetiva do país. O presidente da Câmara de Aveiro, José Ribau Esteves, destacou a importância do movimento dos autarcas que em uníssono defendem que a região esteja na linha da frente do desenvolvimento da mobilidade e da prosperidade. O autarca entende que se deve manter esta dinâmica dos Municípios à volta deste assunto. Marco Iglesias Caridad, alcalde de Cuidad Rodrigo, lamentou o atraso na concretização do Corredor mas garantiu que os autarcas vão ser insistentes porque o projeto é vital não só para a mobilidade, para a economia mas também para o aspeto militar. O presidente da CIM de Viseu e Dão Lafões, Fernando Ruas, sugeriu que o grupo de autarcas solicite uma reunião com os ministros das Obras Públicas de Espanha e de Portugal para exigir um traçado e uma definição sobre a concretização deste corredor.

O encontro na cidade mais alta foi o terceiro realizado entre autarcas portugueses da região Centro e espanhóis da província espanhola de Salamanca para reafirmar a importância daquele troço ibérico. O primeiro foi realizado em Salamanca e o segundo em Viseu. O próximo será em Aveiro.