Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Polémica: Câmara de Castelo Branco gastou meio milhão com associação praticamente inativa


O jornal Público trouxe hoje, dia 9 de Agosto, uma nova investigação que volta a envolver a Câmara Municipal de Castelo Branco. Neste caso, as suspeitas relacionam-se com a Associação de Produtores de Figo-da-Índia, uma associação criada em 2014 por “responsáveis camarários e pessoas com pouca ou nenhuma atividade agrícola”, refere o mesmo orgão de comunicação.

O financiamento camarário à instituição AFIBB foi total e o valor ascende no total de apoio a meio milhão de euros por parte da autarquia. O Público avança que a mesma tem sido dirigida por pessoas ligadas à autarquia e ao PS local e que, apenas em materiais para embalar/limpar/transformar os figos, pagou 253 mil euros. Segundo a mesma peça, devido à quase inatividade da associação, estes materiais encontram-se fechados e sem uso nas instalações da associação desde 2017, instalações essas em que é o município a pagar a renda. O Público avança ainda que o espaço que a autarquia alugou pertence “a um tio da deputada socialista Hortense Martins, mulher do ex-presidente da Câmara Luís Correia”, Adriano Martins (da firma Martins & Irmão). Esta renda é de 950 euros mensais, tendo o município pago mais de 70 mil euros em rendas até ao momento. O subsídio dado à instituição foi de 12 mil euros por ano para esse efeito e foi aprovado por unanimidade pelo executivo (PS e PSD). Relembrar que Luís Correia perdeu o mandato no ano passado, por realizar contratos em nome do município com o próprio pai, estando agora novamente a concorrer à autarquia através de um movimento independente, depois de o PS não aprovar o seu nome para a candidatura socialista, encabeçada por Leopoldo Rodrigues.

A associação foi apresentando resultados negativos sucessivamente e foi pedindo mais apoios ao município ano após ano para sustentar a sua atividade, tendo sempre unanimidade na atribuição desses apoios, até 2017, ano em que o PSD se passou a abster. A partir desse ano, a AFIBB não teve qualquer atividade.

O Público contactou o atual presidente do município José Augusto Alves, que referiu que “os equipamentos estão atualmente na posse da autarquia” e que querem agora “avançar com uma candidatura a fundos comunitários”, para “voltar a ativar a unidade de produção”, inativa há 4 anos. Confirmou ainda que embora seja obrigatório entregar as contas à autarquia, as mesmas nunca “foram localizadas”. O atual presidente da associação Francisco Gil, está incapacitado por um problema de saúde e o seu secretário Luís Andrade não conseguiu responder ao Público por nunca ter tido “um papel interventivo” na associação e que não tem qualquer ligação ao setor de produção de figo-da-índia, justificando que a associação deixou de laborar devido à doença de que sofreram dois dos membros da direção da associação. João Carvalhinho, presidente da Assembleia Geral, garantiu ao Público nunca ter tomado formalmente posse do cargo e atribuiu culpas à “má gestão” de Luís Correia.

Fernando Gil Teixeira