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Diretor: Paulo Menano

“Só quem acredita nos benefícios da mudança é que irá conseguir implementá-la nas suas organizações”


Decorreu ontem, na Quinta do Cochel, em Fornos de Algodres, pelas 19h30, um Jantar-Debate sobre a “Capitalização dos Recursos Humanos, Investimento e Inovação, Aceleradoras de Investimento para as Empresas”.

Esta foi uma iniciativa inserida no Projeto 4INOVA2. Iniciativa que visa sensibilizar e capacitar as PME para os fatores críticos de competitividade nos domínios da inovação, foi moderado por Pedro Pinto, Docente do Instituto Politécnico da Guarda.

Orlando Faísca, Presidente do NERGA e Manuel Fonseca, Presidente da Câmara Municipal de Fornos de Algodres arrancaram com a sessão de abertura deste jantar-debate.

“Hoje todos falamos em inovação. A questão da inovação vai muito para além da dimensão tecnológica e não pode ser vista como um fenómeno de modas, mas como algo estruturante no mundo dos empresários”, começou por dizer Orlando Faísca, Presidente do NERGA, que apela a várias medidas para fixarem jovens e talentos nos “nossos territórios”.

O mundo dos empresários é algo que está sempre em constante mudança e crescimento, tal como “a gestão de recursos humanos e pessoas”, que necessitaram de “criar ações para unir essa subjetividade a técnicas de planeamento”.

Orlando Faísca, Presidente do NERGA, reforçou a diferença que há atualmente no mundo dos negócios.  “Antes era a empresa que escolhia o colaborador, hoje é o colaborador que escolhe onde pretende trabalhar”, o que mostra a constante mudança do mundo, e é por isso mesmo que as “empresas tem de tomar medidas internas, por forma a adaptarem-se a esta enorme mudança, sendo necessário criar ecossistemas ágeis focados nas oportunidades das mudanças, com um ambiente de pensamentos positivos”.

Algo que tem de ser trabalhado, na opinião do Presidente do NERGA, é a resistência à mudança, uma vez que “só quem acredita nos benefícios da mudança é que irá conseguir implementá-la nas suas organizações”.

Manuel Fonseca, Presidente da Câmara Municipal de Fornos de Algodres, reforçou a importância da parceria que o município tem com o NERGA, e o trabalho que juntos têm desenvolvido. “É uma parceria que começou há 1 ano, mas que já deu frutos”, alegou.

“Os municípios, tendo em conta a falta de recursos que têm, continuam a fazer o seu trabalho”, disse o Presidente da Câmara de Fornos de Algodres.

Entre os oradores presentes no jantar-debate desta quinta-feira, esteve Nuno Gonçalves, Vogal do Conselho Diretivo do IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação; Jorge Brandão, Vogal Executivo do Centro 2020 e Rogério Hilário, Vice-Presidente da Direção do CEC/CCIC.

“Os desafios do mundo de hoje são completamente diferentes daqueles que tínhamos, por exemplo há 3 anos”, reforçou Nuno Gonçalves, Vogal do Conselho Diretivo do IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação. Mencionou alguns desafios que os empresários enfrentam nos dias de hoje, mas defende que os “empresários devem aproveitar os recursos que estão ao seu dispor”, tendo em conta que “estamos num momento particularmente ‘rico’ de recursos”.

Para Nuno Gonçalves, a digitalização é “essencial para qualquer território e tem uma grande vantagem: já não há periferia. Todos estão no centro da ação no negócio digital, ou seja, o afastamento das grandes cidades não é, hoje, o problema que era há 5 ou mais anos.”

Quanto às medidas de apoio que o IAPMEI tem para ajudar as empresas da região, Nuno Gonçalves explica que “a transição climática e digital são as bases que qualquer projeto deve ter, para ser aprovado”, a colaboração também é um fator que têm em consideração, assim como a inovação – criar valor através da inovação e conquista de mais mercados. “Os custos financeiros não serão um problema para os projetos. Os bons projetos conseguirão sempre, de uma forma ou de outra, recursos financeiros”. A sustentabilidade é outra variável por detrás de bons projetos, uma vez que cria uma nova gama de clientes e dá mais riqueza.

Segundo Jorge Brandão, Vogal Executivo do Centro 2020 os territórios do interior são “territórios de necessidades, mas também de oportunidades. E tendo consciência que os tempos que vivemos e os tempos que aí vêm, dão-nos a certeza que serão incertos”. Esta incerteza altera muito a forma como se perspectiva o futuro, no entanto há uma realidade “nas nossas mãos: trabalhar com aquilo que somos, conhecemos e temos”.

“Descarbonização, alterações climáticas e digitalização” são três grandes oportunidades que Rogério Hilário Vice-Presidente da Direção do CEC/CCIC vê para este território.

Defende que “temos de nos apresentar, fazer uma coisa que se chama Marketing Territorial”, as Beiras não têm uma marca.

Rogério Hilário Vice-Presidente da Direção do CEC/CCIC é um apologista dos produtos endógenos e acha ainda “contranatura, por exemplo um município do interior, estar a tentar trazer para aqui uma grande indústria. Não temos mão de obra, não temos infraestruturas, e os custos do contexto desvalorizam a concorrência de outras regiões. Nós temos a floresta, temos o mel, queijo, temos uma fileira enorme de produtos que podemos aproveitar e alavancar. Cada município na nossa região é ímpar, tem sempre qualquer coisa diferenciadora do outro, o significa que podemos somar ‘n’ produtos, podemos fazer a tal marca global”.

Sustentabilidade, inovação, colaboração e infraestruturas foram, sem margem para dúvidas, algumas palavras chave deste importante jantar-debate.