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Diretor: Paulo Menano

Livro “Beira Interior- os vinhos que vêm do frio” apresentado no Teatro Municipal da Guarda


“Um vinho da Beira Interior não deve ser provado, mas apreciado. Só assim se descobre o território onde nasceu, cuja identidade é forjada pelo clima, pelo solo, pelas castas e pela sabedoria das suas gentes. Está tudo dentro do copo!”

Foi no Grande Auditório do Teatro Municipal da Guarda que decorreu, no dia de ontem, 6 de novembro, a apresentação do Livro “Beira Interior- os vinhos que vêm do frio” dos coautores Virgílio Loureiro e Constança Vieira de Andrade.

Este livro nasceu da necessidade de descobrir e contar a “riquíssima história vitícola da Beira Interior” que até hoje não tinha sido documentada.

Para Rodolfo Queirós, Presidente da CVR da Beira Interior, esta obra tem três grandes propósitos, “homenagear as pessoas da Beira Interior e enaltecer a sua tenacidade, deixar um registo histórico, assinalando a evolução do setor e da região e apontar caminhos para a Beira Interior, através da preservação do que a distingue”.

Rodolfo Queirós espera que este livro sirva para que a Beira Interior “seja cada vez mais conhecida e mais valorizada”.

Esta é a primeira obra sobre os vinhos da Beira Interior e permite dar a conhecer uma região vitícola cheia de história, tradição e identidade, que nas palavras dos autores, “merece ser conhecida e reconhecida”.

Virgílio Loureiro, um dos mais prolíficos académicos, investigadores, enólogos e comunicadores do vinho, assume-se como um “curioso da história do vinho” e começou este livro com o objetivo de ser “uma montra que toda a gente pudesse ter sem qualquer dificuldade”.

Muitos dos temas abordados foram desenvolvidos de modo a ser útil ao leitor comum e aos produtores e profissionais da vinha, do vinho e do enoturismo, que diariamente se debatem com carências de informação rigorosa sobre a sua região vitícola.

Considera que “este não é um livro para toda a gente ter” e, sendo o primeiro, espera que a partir deste, se pense em fazer outros livros. Isto é só o começo, não é o fim”, refere.

Este livro representa dois mil anos de história do vinho da Beira Interior, com muito ainda por “desvendar e por contar”.

Constança Vieira de Andrade, antropóloga e museóloga, já tem vindo a trabalhar com o professor Virgílio Loureiro em vários projetos. A sua colaboração foi fulcral neste livro, ao recolher memórias inéditas da prática do vinho, desde a sua produção ao consumo.

“O que tentámos fazer foi dar a entender a evolução da história dos últimos 100 anos, para melhor compreender o que é o vinho e as funções do consumo do vinho nas várias camadas sociais da Beira Interior”.

No entanto, assume que este livro “é uma mera abordagem e que ainda há muito trabalho a fazer”.

Nas palavras de Sérgio Costa, Presidente da Camara Municipal da Guarda, “a imagem de que em Portugal se produz vinho de grande qualidade está-se a consolidar, faltava que os vinhos da beira interior fossem conhecidos pelas suas excelentes qualidades e contassem a sua história”.

No seu entender, “nada melhor que um livro como este, escrito por quem mais sabe, para promover o vinho que vem do frio. Este vinho criado nas nossas encostas e nos nossos vales, sabe verdadeiramente ao nosso território”, disse.

Nas palavras de Jorge Brandão, representante da CCDRC- Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, “a região centro não poderia ser compreendida sem a Beira Interior, desde logo pela sua enorme riqueza em diferentes perspetivas, diferentes recursos, em diferentes ativos do território e, obviamente, o vinho e toda a sua história são um pilar enorme desta diversidade e desta riqueza”.

Este livro “é apenas o começo do caminho que, como escreveu o poeta António Machado, se faz caminhando. Cabe agora a cada um de nós trabalhar, acarinhar, divulgar o néctar e a identidade desta região. Se assim for, a Beira Interior chegará, a passos largos, ao patamar das grandes referências vitivinícolas nacionais”, palavras de Rodolfo Queirós, Presidente da CVR da Beira Interior.

É intenção dos autores e todos os envolvidos nesta obra, “contribuir para a compreensão deste território vitivinícola e suscitar curiosidade e paixão pelos vinhos beirões”.