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Diretor: Paulo Menano

Francisco Robalo não se recandidata à JSD da Guarda


Francisco Robalo num comunicado enviado à nossa redacção informa de que não se recandidata a Presidente da JSD da Guarda.

Caros guardenses,
Caros militantes e simpatizantes,

A Guarda merece todo o nosso trabalho e reflexão. Entendo sinceramente que temos características únicas que nos podem conduzir ao tão almejado e adiado desenvolvimento que procuramos e queremos sentir.

Nos últimos dois anos procurei, enquanto presidente da JSD Concelhia, construir uma equipa, uma visão e um programa para o concelho.

Entendo que devemos estar na política partidária exclusivamente para servir e esse serviço faz-se de ideias e de coragem para as defender com coerência e honestidade intelectual, principalmente nos momentos mais decisivos.

Projetámos as ideias da JSD no espaço público e defendemo-las com grande assertividade e convicção na Assembleia Municipal. Interviemos, exigimos e denunciámos as péssimas decisões que teimam em empurrar-nos para o fundo.

Infelizmente, a mudança que muitos ansiavam com a perda de poder dos partidos não se concretizou. A Guarda não avançou, não avança e vive uma verdadeira farsa política que está cada vez mais perto do fim.

Apesar de tudo, o motivo desta comunicação é a honestidade intelectual que acima apregoei e que devo, aqui e agora, preservar.
Entendo, hoje, que não estão reunidas as condições para continuar a trilhar o caminho que me trouxe até aqui.

Ser dirigente político exige uma comunhão de valores, cooperação e compromisso com as demais estruturas partidárias que, atualmente, se me afigura impossível.

Com efeito, não reconheço nos dirigentes e representantes atuais do PSD concelhio e distrital qualquer projeto que não seja o das ambições pessoais.

Ao longo deste ciclo político foi sempre a JSD a única estrutura local a cumprir o seu papel de escrutínio e de oposição séria e disruptiva, procurando encontrar novos caminhos e forçar a tomada de posições opostas às da autarquia.

Neste percurso, não nos sentimos nunca acompanhados nem tampouco respaldados a nível concelhio, sendo a JSD um corpo estranho e incómodo aos objetivos dos dirigentes e representantes do PSD – Guarda, cujo silêncio estratégico agora se materializa nos mais diversos e inusitados empregos.

De facto, assistimos há demasiado tempo à tomada de decisões coletivas por parte dum grupo restrito de pessoas que capturou e asfixia o partido, impossibilitando-o de se renovar e de se fortalecer. O resultado é uma organização em tudo submissa aos órgãos nacionais, silente, acrítica e naturalmente incapaz de transformar a sociedade guardense que, por seu turno, se afasta cada vez mais.

A mais recente posição contra a abolição das portagens no Interior do país é o exemplo acabado de tudo isto e é uma ignomínia para todos os que aqui vivem e fazem resistir negócios. Não se trata apenas da medida em si ou do seu contexto: trata-se, sim, de estar contra a ideia basilar de discriminação positiva, e isso é inadmissível num partido social-democrata com a implantação local do PSD.

Para mim, enquanto militante e dirigente político na Guarda, torna-se impossível e até paradoxal defender e militar numa organização política que rejeita uma ideia de Justiça que trata de forma diferente o que é, efetivamente, diferente.

Ninguém verdadeiramente consciente e crítico pode rever-se nesta total ausência de princípios e de propósito coletivo, e é por isso que anuncio que não irei recandidatar-me à liderança da JSD Concelhia da Guarda nas próximas eleições de 15 de fevereiro.

Não obstante, aqui continuarei: livre, interventivo e eternamente inconformado.

Muito obrigado a todos os que me acompanharam e abraçaram nesta aventura!

Viva a Guarda!

Francisco Robalo
Guarda, 04/01/2025