
Interior esteve em debate no Caramulo
Com o apoio do Município de Tondela, realizou-se esta quarta-feira (19 de março) a conferência “Criar valor no interior”, que contou com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, e de vários empresários. O evento foi organizado pelo Museu do Caramulo e pela Associação Empresarial da Região Viseu (AIRV).
Na abertura da sessão, a presidente da Câmara de Tondela, Carla Antunes Borges, defendeu que “estar no interior não é uma fatalidade”, mas antes “uma oportunidade”.
“Se há matéria que nos une a nós, câmara, Museu do Caramulo, autarquias e empresários que se instalam aqui, é o facto de termos sempre subjacente este princípio nas nossas cabeças: estar no interior é uma oportunidade e essas oportunidades têm de ser procuradas. Temos de olhar para o território e perceber em que medida é que conseguimos ser diferenciadores”, argumentou.
A autarca defendeu ainda que o poder local tem de “criar um conjunto de políticas públicas que proporcionem condições para as empresas” se radicarem e desenvolverem a sua atividade nesta faixa do país do ponto de vista de atração dos recursos humanos, acessibilidades, transportes públicos e infraestruturas, entre outras áreas.
“Não nos vamos substituir às iniciativas privadas, temos de criar condições para que as empresas façam aquilo que fazem melhor e se assim o fizermos os privados vão ter condições para um trabalho de excelência que beneficiará todos”, completou.
Também o presidente da direção do Museu do Caramulo, Salvador Patrício Gouveia, lembrou que há 30 anos as zonas do interior e o Caramulo eram vistos como uma “fragilidade por não estarem perto dos centros urbanos, das pessoas, do dinheiro e do interesse”. “As coisas mudaram nos últimos e principalmente com a Covid-19. Aquilo que era uma fraqueza hoje é uma fortaleza, ou seja, depois da pandemia há cada vez mais as pessoas a querem viver e trabalhar em sítios com mais qualidade de vida”, afirmou.
Já João Cotta, o presidente da AIRV, acrescentou que “o interior está nas nossas cabeças”.
Por seu lado Mário Galinha, do Grupo Bel, dono entre outras das Águas do Caramulo, disse encarar o interior como uma vantagem, por ter uma fonte de trabalho estável, qualidade agrícola e por estar mais perto da Europa”. “O interior com bons políticos e líderes é uma vantagem”, apontou.
Fernando Daniel Nunes, administrador do Grupo Visabeira, sediado há 45 anos na região, recordou a aposta da empresa em manter no território os seus centros de competências, embora a sua forte presença no estrangeiro.
“É em Viseu que temos os serviços partilhados, mas também o back-office operacional e que dá suporte à operação em todo o mundo. É aqui que fazemos projetos de valor acrescentado”, contou.
Nuno Sebastião, cofundador e CEO da Feedzai, empresa radicada em Coimbra, alegou que “até hoje nunca ninguém” o conseguiu convencer de que a sua “empresa tinha de ir para Londres ou Estados Unidos”, defendendo que não tem “mais valias” em ir para outro lado.
A conferência foi encerrada pelo ministro da Economia, Pedro Reis, que entrou outras ideias defendeu que no último ano o Governo adotou várias medidas que se aplicam e beneficiam a economia do interior do país, dando como exemplo, entre outras, o IRS Jovem.
“Somos pequenos demais em termos territoriais para termos diferenças tão grandes entre o interior e o litoral, não faz sentido. A minha perceção é que os argumentos para a captação de investimento no interior estão lá todos. Se calhar estamos numa fase em que tem mais a ver com divulgação e promoção externa dos ativos que o interior oferece”, argumentou, acrescentando que nos dia de hoje Portugal “posiciona-se como um porto de abrigo para o investimento e uma plataforma estratégica para outros mercados”.