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Diretor: Paulo Menano

OPINANDO:É preciso deixar as crianças serem crianças


O desporto, na sua essência, deve ser uma escola de virtudes, ensina-nos o respeito pelo adversário, a aceitação da derrota e a superação individual e coletiva.
O desporto é uma escola para a vida.Nesse sentido a ética no desporto assume um papel de enorme relevância.
O desporto é respeito e não há desporto sem ética.
O papel do Fair-play,no desporto, é importante,pois é o respeito pelo próximo.
Contudo, quando instrumentalizado por quem vive num estado de revolta permanente contra a vida, ele deixa de ser um instrumento de elevação e passa a ser um catalisador de violência, sectarismo e ódio. As claques, muitas vezes transformadas em verdadeiros guetos, tornam-se refúgio para aqueles que, sem um rumo claro na sociedade, encontram ali uma incubadora de identidade e sentido de pertença.
O futebol tornou-se num mundo absurdo.
Nos meninos, nas crianças de hoje, não vejo a mesma paixão, a mesma “fome” de alguns anos atrás.
Só vejo interesse por coisas traiçoeiras que nada tem a ver com este desporto.
Mas a culpa não é deles.
A culpa é de todo o movimento que se criou à volta dos jovens jogadores de futebol.
Como é que eu miúdo de 10 anos, que mal tem força para chutar uma bola, já tem um empresário?
Onde está o sentido?
Treinadores que são dominados pelos pais, todos convencidos que têm o novo Cristiano Ronaldo,em casa.
Jogadores de futebol muitas vezes enfrentam pressões e desafios significativos, tanto físicos quanto mentais. Programas educacionais focados em saúde mental, nutrição e desenvolvimento de habilidades de vida podem preparar esses atletas para lidar com essas pressões de maneira mais eficaz, resultando em um melhor desempenho tanto no campo quanto na vida pessoal.
A educação também desempenha um papel crucial na promoção da ética e do jogo limpo no futebol. O conhecimento sobre regras do jogo, bem como a compreensão das consequências do uso de substâncias proibidas e do comportamento antiesportivo, são aspectos que podem ser abordados de forma mais sistemática através da educação formal e informal.
O bem-estar físico e mental dos jovens, mas também os prepara para serem cidadãos responsáveis e capacitados para enfrentar os desafios do futuro.No futebol de formação,a formação do atleta tem que vir em primeiro lugar sempre, ele deve ser o centro das ações e a educação é um fator de extrema importância.
Nas camadas jovens vêem se muitos miúdos talentosos que são deixados de parte, só porque na sua posição joga o filho “de fulano” ou o que traz dinheiro através de patrocinadores.
O jovem atleta não é um adulto em miniatura, sendo errada na maioria das vezes comparações, adaptações e transferes do desporto sénior para actividade desportiva do jovem;
Não colocar os “interesses” dos dirigente/treinadores/pais à frente dos objectivos e motivações do jovem;
No processo de formação do atleta, há que respeitar e conhecer o seu processo de maturação, pois existem fases ideais para o desenvolvimento de determinadas capacidades e habilidades;
Todo o processo de treino, deverá ser orientado pela diversidade de estímulos e experiências, evitando deste modo a especialização precoce;
Promover os valores do espírito desportivo e fair-play, respeitando as regras, os árbitros, os colegas e os adversários;
Não se podem queimar etapas, no processo de evolução etário,dos jovens atletas.
Incutir o gosto e o prazer de praticar uma atividade desportiva.
É importante deixar as crianças divertirem sem interesses, deixá-las ser crianças, só isso.
Eles têm de perceber que poderão ser jogadores de futebol, mas sobretudo homens bem formados e não personagens de sucesso com cifrões nos olhos.

Paulo Menano