Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Autárquicas 21: Entrevista a Alexandre Gonçalves, candidato pelo PS a Almeida


Após quatro anos de mandato, retomam agora as eleições para as Autárquicas 2021 e o Mais Beiras Informação decidiu ir ao encontro dos candidatos, colocando-lhes algumas questões, para que possam partilhar a sua visão e planos para o futuro do Município a que se candidatam.

 

 

Quais os motivos da sua candidatura a estas Autárquicas?

Apresentei a minha disponibilidade ao Partido Socialista para juntos encetarmos um caminho de mudança e de profunda transformação, por considerar que a dimensão partidária continua a ser, na amplitude do exercício político, o espaço e garantia de uma democracia que queremos robusta e rejuvenescida nas ideias e nas práticas.

Falo de transformação por ela ser premente e urgente no nosso concelho. Estamos sedentos de transformação; na forma de fazer política e na forma de intervir no tanto e no todo que está por construir. Para isso assumi como missão apresentar um programa capaz de integrar todos aqueles que partilham desta vontade de transformar, com propostas de intervenção multissectoriais e, acima de tudo, inteligentes e humanas, com o objetivo de não nos entregarmos ao esquecimento.

É a necessidade de um projeto autárquico, sedimentado numa construção ampla e programada no tempo, a médio e longo prazo, com o propósito de contruir futuro, sempre ausente do passado político deste território, que me move nesta missão.

 

O que considera ter de diferente dos outros candidatos, para se candidatar a este mandato?

Sem que seja dissimulado ou entendido como tal, sem também parecer ingénuo, responderia de uma forma imediata com uma caraterística que os meus adversários julguem ou tomem como uma desvantagem: esta é a minha estreia no mundo da política.

A pretensão à diferença, num mundo onde o “novo e a novidade” se confundem, onde a desumanização impera, onde a modernidade que muitos dizem estar esgotada chega ao fim da sua renovação, talvez seja uma pretensão desnecessária. Creio que os meus eleitores não procuram nada de diferente em mim, a não ser decisão e ação, princípios básicos do exercício da política. Naquilo que pretendo a diferença é no bem-estar de todos os Almeidenses.

 

Quais os setores que considera importantes impulsionar ou melhorar na região?

Como não acredito no desenvolvimento territorial que não esteja sedimentado na aprendizagem, na formação, no ensino e na investigação, essa será a base da nossa atuação para assim, consequentemente, podermos intervir em todos os setores.

 

Nestes quatro anos que passaram, o que faria de diferente relativamente ao executivo Camarário vigente?

Não me sinto capaz de avaliar o atual executivo, referindo-me a ele no espaço temporário do seu exercício. O atual Presidente da Câmara Municipal de Almeida, no seu primeiro mandato enquanto tal, está há muito mais tempo na Câmara. A confiança que a população nele depositou, ampla e alargada, foi defraudada. Isto não aconteceu só pelos resultados das suas iniciativas, ocorreu sim porque ele chega à autarquia a liderar um conjunto de ações avulsas, onde não há ideias e onde não se projeta futuro; devo frisar que a única estratégia pré-estabelecida e definida por este executivo é aquela que herda na perpetuação do poder e nas relações que obtém do seu exercício.

 

Acredita que os recursos de que dispõe a Câmara são suficientes para fazer face às necessidades dos cidadãos que aqui residem?

A complexidade dos problemas atuais do nosso concelho, o alargamento das áreas de intervenção dos municípios, com novas competências, a necessidade de envolvimento e participação dos cidadãos e outros atores locais, que permitam a sustentação do desenvolvimento, obrigam-nos sempre a olhar para a questão dos recursos de uma forma criteriosa e seletiva. A realidade heterogénea dos municípios e a complexidade da realidade social e económica de cada um requer estratégias de intervenção de desenvolvimento diferenciadas, capazes de adequar os recursos; nós não seremos exceção.

 

Sendo um conselho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e desertificação?

Temos um novo entendimento do nosso concelho, que pretende apostar nas nossas acessibilidades, defender as suas capacidades e a sua valorização, procurando um novo entendimento alargado do espaço fronteira, assumindo todo o concelho como um “concelho fronteira”, não como barreira, mas um espaço de permeabilidade, porosidade, no diálogo com o outro lado, entre todos os sectores, atividades comuns e aquelas que viermos a partilhar.

Preferimos centrar-nos na ideia de estarmos mais perto do centro da península, do que lamentarmo-nos da posição no interior. Temos a certeza que o Governo Central nos acompanha nesta “reconstrução” e visão estratégica, capazes de apresentar políticas eficazes contra o despovoamento e a desertificação.

 

Que medidas pretende implementar para captar investidores para o concelho?

Seremos guiados pelo conhecimento, pela aprendizagem e pelo saber, para sustentarmos de uma vez por todas o desejado desenvolvimento do nosso território. Vamos encará-lo numa dimensão unificadora, agregadora capaz de constituir uma identidade do nosso concelho, na sua especificidade, nas suas diferenças, no seu pluralismo. A aprendizagem, a formação e a investigação estarão sempre presentes em todas a intervenções propostas, nas diferentes áreas em que pretendemos intervir.

Sustentar pragmaticamente uma relação de proximidade entre a autarquia e os seus munícipes, tirando partido dessa intenção para renovar políticas numa intervenção mais ativa, na saúde, na educação, no desporto e num plano alargado e interventivo na ação social, no seu mais amplo espetro. Procurar nestas relações de proximidade uma qualificação das nossas associações e criar novas dinâmicas junto das mesmas, capazes de constituir trabalho, regularidade nas suas intervenções e retorno à comunidade onde estão inscritas.  Olhar com critério para as mais valias do sector agropecuário, dos seus valores crescentes e da sua importância e ir mais além, explorar novas culturas, novas produções e renovadas formas de fazer.

Potenciar um plano de preservação do Vale do Côa, atentos às preocupações ambientais, numa ponderação de oportunidades no âmbito da bioeconomia.

Implementar um plano de modernização e gestão dos serviços autárquicos, assente em novos procedimentos, olhando para a transição digital como uma infinidade de oportunidades.

Definir e assumir a cultura como um instrumento constituinte da nossa identidade, enquanto concelho, e assumir a obrigação de a promover e divulgar, também como sendo nós próprios fazedores de cultura. Procurar na nossa história e nas histórias de cada um o património que está por descobrir e por contar.

Conceber e desenvolver Almeida como um produto turístico, mas implementar um plano neste domínio, capaz de envolver todo o concelho e termos uma oferta alargada e apelativa com critério, sem medidas avulsas e dispersas, com uma clara segmentação e classificação dos públicos e dos eventuais visitantes, de forma a termos um produto válido e capaz.

Almeida, Memória com Futuro é o nosso lema. Com o imperativo de preservar o já adquirido e estimular a procura constante da nossa realização conjunta, este é o nosso entendimento; resgatar da memória de todos, da memória do edificado, da memória da história e do tempo o capital para construirmos um futuro digno.

Com base nesta matriz e nestes princípios estou certo que seremos capazes de reunir e captar o interesse de investidores.

 

Como acha que deve a Câmara proceder, para procurar fazer face ao desemprego crescente na região?

Com projeto e ideias, com uma orientação clara para o desenvolvimento do concelho no seu todo, com base nos valores que acima enunciei e que em detalhe apresentaremos em programa eleitoral.

 

Que conselho daria a um deslocado em busca de novas oportunidades no Interior?

Sou consciente das fragilidades que caracterizam o meu território, tão pouco atrativo nos nossos dias. Sendo eleito, o que lhe posso garantir é que estarei totalmente disponível para apoiar e acolher qualquer deslocado que nos apresente ideias válidas, que nos ajudem a construir o futuro que tanto ambicionamos, pois de todos vamos precisar, por irmos atrás da história e das oportunidades.