Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Autárquicas 21: Entrevista a Carlos Chaves Monteiro, recandidato à Câmara Municipal da Guarda, pelo PSD


Após quatro anos de mandato, retomam agora as eleições para as Autárquicas 2021 e o Mais Beiras Informação decidiu ir ao encontro dos candidatos, colocando-lhes algumas questões, para que possam partilhar a sua visão e planos para o futuro do Município a que se candidatam. Carlos Chaves Monteiro é o candidato PSD à Câmara Municipal da Guarda.

 

Quais os motivos da sua recandidatura a estas Autárquicas?

Na realidade, esta é a minha primeira candidatura a presidente da Câmara Municipal da Guarda. Fui vice-presidente da autarquia e em 2019 assumi a sua presidência, após as eleições para o Parlamento Europeu.

Candidato-me a estas autárquicas porque quero continuar a transformar o concelho da Guarda e a conduzi-lo para um grande ciclo de aumento da qualidade de vida dos seus habitantes. É necessário dar continuidade à política de atração de investimento, de criação de postos de trabalho e de subida sustentada do rendimento médio “per capita” dos guardenses.

A Câmara Municipal da Guarda ultrapassou em definitivo a fragilidade financeira e os erros políticos do passado, tendo reduzido o peso da dívida, dos impostos e das taxas municipais. O município abandonou os padrões de estagnação das décadas anteriores e lançou a nova dinâmica que o está a conduzir num ciclo virtuoso de aumento de qualidade de vida, quer na cidade, quer nas freguesias rurais.

É preciso preservar esta dinâmica e este espírito de desenvolvimento: nunca a cidade e o concelho atraíram tanto investimento, o qual criou novos empregos qualificados e trouxe novas famílias, novos estudantes e uma nova movimentação social.

O que considera ter de diferente dos outros candidatos, para se recandidatar a este mandato?

Tenho uma visão para o desenvolvimento da cidade que é, simultaneamente, mais moderna, mais exequível e mais credível. É este, aliás, o que considero ser o meu melhor trunfo: a credibilidade.

Os guardenses já puderam ver desde 2013, quer como vicepresidente, quer como presidente da Câmara, o que eu sou capaz de fazer. Como eu disse no discurso de lançamento de candidatura, os investidores, os empresários, os jovens empreendedores que confiam em nós, não confiam nos outros candidatos. Se nós saíssemos da liderança da autarquia, todo o investimento que estamos a atrair, todo o emprego, toda a atual dinâmica social se perderia! Sem o PSD na Câmara da Guarda, não haverá nem “cluster automóvel”, nem Porto Seco, nem fábricas de mobilidade elétrica, nem

3ª fase da Plataforma Logística…
O concelho não tem “Plano B” para a candidatura “Mais e Melhor Guarda”!

Quais os setores que considera importantes impulsionar ou melhorar na região?

Os setores turístico, cultural e empresarial são absolutamente essenciais para a região e o seu desenvolvimento é uma das nossas prioridades!

Durante o mandato à frente da Câmara Municipal da Guarda, vi no turismo e na cultura dois grandes motores de desenvolvimento da cidade e do concelho da Guarda.

Precisamente por isso iniciámos, desde logo, um longo trabalho sobre três grandes eixos:

Turismo natureza, Turismo religioso e Turismo urbano.

Queremos fazer uma ligação direta da cidade da Guarda ao maciço central da Serra da Estrela. Iremos concluir o projeto dos Passadiços do Mondego e torná-lo mais ambicioso. Iremos instalar o “Solar dos Sabores” na Praça Velha”. Conseguimos também trazer para a Guarda a coleção António Piné e estamos a investir na reabilitação da Judiaria da Guarda, para sermos o centro do eixo de turismo religioso Trancoso-Guarda Belmonte.

Vamos desenvolver um “Plano Estratégico Integrado de Desenvolvimento Turístico” que irá colocar o concelho Guarda na rota dos turistas que visitam Portugal e tornar a sua oferta mais competitiva.

Quero também destacar a candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura em 2027, um projeto central para a afirmação da cidade no espaço nacional e transfronteiriço.

Nestes quatro anos que passaram, o que faria de diferente?

A pessoas têm-me dito que não comuniquei o suficiente o que a Câmara da Guarda fez para apoiar os munícipes e as empresas do concelho para enfrentar os problemas sociais e económicos da pandemia da Covid-19. Admito que me possa ter concentrado demasiado nas medidas… e menos do que devia em comunicar mais diretamente do que devia com os cidadãos.

Todos erramos – e eu talvez dê menos atenção à comunicação com os munícipes do que devia.

Acredita que os recursos de que dispõe a Câmara são suficientes para fazer face às necessidades dos cidadãos que aqui residem?

Vamos ver: os recursos, sendo finitos, são sempre insuficientes – sobretudo quando se trata de um município do interior com muitas responsabilidades locais e regionais, como é a Guarda.

De qualquer forma, se forem bem geridos, os recursos multiplicam-se. Quando eu cheguei à Câmara em 2013 a autarquia estava praticamente na falência: demos a volta, pagámos imensa dívida e, ao mesmo tempo, investimos como nunca a Guarda investiu em toda a sua história.

Ou seja, a suficiência dos recursos depende que quem os gere.

Dito isto, para as autarquias vai ser fundamental nos próximos anos o acesso às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência – PRR, a chamada “bazuca”. E é aí que a candidatura “Mais e Melhor Guarda” é completamente diferente das outras: somos nós que estamos, já hoje, a preparar os projetos e as candidaturas para as verbas europeias do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência e do futuro Portugal 2030.

Somos nós que temos a visão para o desenvolvimento do concelho da Guarda! Somos nós que temos o “know-how”, e as competências, para trazer fundos europeus para a Guarda e para, de uma forma eficiente e estratégica, os colocarmos ao serviço da cidade e das freguesias!

Sendo um concelho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e desertificação?

É necessário que o Governo implemente políticas públicas ativas que favoreçam o estabelecimento das classes médias no interior, desde logo com ofertas de emprego atrativas. Não há nenhuma razão para que as atividades típicas de “back office” do Estado se continuem a concentrar no concelho de Lisboa. Com a revolução digital em que todos estamos a participar, mais de metade da chamada “máquina do Estado” podia e devia estar sediada nos distritos sem litoral que fazem fronteira com Espanha.

É também necessário que o Governo crie uma política de imigração inteligente e apontada a alvos específicos, como a classe média-alta brasileira, engenheiros informáticos do sudeste asiático e estudantes de todos os países da CPLP, contribuindo, assim, para a sua fixação nos territórios do interior.

Por último, considero que faltam políticas de natalidade e de apoio à família. Deixei esta para último, não porque seja menos importante, mas porque, mesmo que corra tudo muito bem, vai demorar três décadas até dar resultados. E Portugal hoje não tem esse tempo: precisa de arranjar pelos menos mais um milhão de habitantes até 2030!

Que medidas pretende implementar para captar investidores para o concelho?

Eu e a minha equipa temo-nos empenhado a fundo na criação de condições para atrair investimento produtivo, tecnológico e gerador de emprego para a Guarda.

Vamos continuar a dar passos muito significativos para a consolidação da Plataforma Logística e para a transformação da Guarda no maior porto seco da fronteira Portugal Espanha.

Será criada uma Zona Económica Especial na Guarda, à semelhança das que existem em Espanha ou no Canadá, nas quais as vantagens fiscais e logísticas atraem investimento industrial para o interior.

Iremos evoluir o “cluster automóvel” do concelho para um “cluster da mobilidade”, instalando na Guarda fábricas de outros meios de transporte ligados à mobilidade elétrica – como bicicletas híbridas – para laborarem ao lado das empresas de componentes automóveis.

Vamos ainda criar uma agricultura empresarial na parte alta do concelho, na zona que vai de Jarmelo, a Marmeleiro e a Santana da Azinha.

Como acha que deve a Câmara proceder, para procurar fazer face ao desemprego crescente na região?

Os dados mostram que o desemprego tem vindo a diminuir progressivamente na região nos últimos anos. Como era expectável, no último ano assistimos a um ligeiro aumento, seguindo aquela que foi a tendência global devido à pandemia da Covid-19. O combate ao desemprego passa pela preservação da confiança de investidores e de empresários que, só neste ano de 2021, vão criar na Guarda mais de 900 postos de trabalho em indústrias de tecnologias inovadoras!

Temos de continuar a atrair investimentos em meios de transporte ligados à mobilidade elétrica e novas unidades de indústria automóvel.

Temos de apoiar as gerações mais jovens com vocação empresarial agrícola para transformarem a agricultura hoje praticada nas freguesias numa agricultura empresarial competitiva e lucrativa.

Que conselho daria a um deslocado em busca de novas oportunidades no Interior?

Diria que o Interior é aprazível para viver, para trabalhar e para investir. Porque tem qualidade de vida, tem segurança, tem sistemas de saúde e de educação competentes e tem emprego qualificado. Permitam-me dar o caso da Guarda como exemplo: entre 2010 e 2018 os trabalhadores por conta de outrem do concelho da Guarda foram em todo o país os que registaram maior subida nos seus ganhos mensais, um primeiro lugar ex-aequo com Oliveira de Azeméis. Ou seja, o facto de ficar longe do litoral não impediu os agentes sociais, económicos e culturais da Guarda de serem dinâmicos e competitivos – ficando lado a lado com um concelho do litoral muito industrializado.