
Entrevista com Marco Fernandes, Diretor do Agrupamento de Escolas de Fornos de Algodres
O regresso à escola está aí e, com ele, vários desafios para professores, pais e alunos. Esta semana, são cerca de 1,2 milhões os alunos do ensino obrigatório que iniciam o ano letivo.
Junto do Diretor do Agrupamento de Escolas de Fornos de Algodres o Mais Beiras Informação quis perceber como está a ser preparado o tão esperado regresso às aulas.
Marco Fernandes é o Diretor do Agrupamento de Escolas de Fornos de Algodres desde junho de 2021.
O que distingue o Agrupamento de Escolas de Fornos de Algodres de outros?
A primeira coisa que nos distingue é, claramente, o facto de sermos uma escola com poucos alunos, o que nos permite ter uma grande proximidade entre professores e alunos, um acompanhamento muito individualizado do ensino que fazemos. Isto é, na minha opinião, uma das grandes vantagens do Agrupamento de Escolas de Fornos de Algodres.
A outra vantagem é que nós temos um corpo docente bastante estável, como costumamos dizer, são pessoas da casa com muita experiência, e isso obviamente que se reflete no tipo de ensino que se faz, junto dos alunos. Também temos algo que nos distingue que é o facto de nós participarmos e sermos, nuns casos promotores noutros colaboradores, de vários projetos quer a nível nacional, quer a nível internacional.
Internacional estamos a falar de projetos Erasmus+. Nós estamos nos projetos Erasmus desde 2016, a sala BIL (Be Innovative Lab) é um ambiente inovador foi consequência de um projeto Erasmus+.
Foi numa das mobilidades de um projeto que vimos aquele tipo de ambiente, foi lá que começamos a desenhar aquela sala, e que nos levou 3 anos a concluir, mas a verdade é que foi mais uma das mais valias destes projetos.
Temos todos os anos alunos envolvidos em mobilidades, vão para outros países, conhecer novas realidades e nós recebemos alunos cá.
Este ano, só para termos uma ideia, estávamos em plenas férias, em agosto, e tivemos cá 10 alunos e professores da Dinamarca e Letónia e os nossos alunos vieram cá, portanto eles estavam de férias e também quiseram participar nesse intercambio.
Esta participação em muitos projetos quer nacionais, quer internacionais também nos distingue, em comparação com outras escolas limítrofes.
Como asseguram a comunicação entre a escola e a família?
Nós temos uma relação muito próxima com a Associação de Pais, que são, sem dúvida, um dos nossos principais aliados e é com eles que nós comunicamos essencialmente quando são questões globais.
Depois questões mais particulares, são obviamente tratadas entre diretor de turma e encarregado de educação, essa é a relação mais próxima, e é essa que é a mais importante, porque são as pessoas que melhor conhecem os alunos, que tem mais intervenção com eles, que passam mais tempo com os alunos.
Quantos alunos tem o Agrupamento? O número de alunos baixou, subiu ou manteve-se, relativamente ao ano letivo passado?
Neste momento nós temos 464 alunos no agrupamento. Desceu. Foram 19 alunos que nós perdemos do ano passado para este ano.
Isto é uma tendência que já vem a refletir há pelo menos 10-12 anos.
É um ano que perdemos quase 20 alunos, já houve anos que perdemos 50, houve um ano que praticamente mantivemos, estamos a falar de há 2 anos, de resto tem sido uma tendência que nós esperamos conseguir inverter. É uma das medidas que está no projeto de intervenção que fiz juntamente com a minha equipa. A ideia é tentar inverter esta situação, obviamente que é algo extremamente difícil de se fazer, porque para isso era necessário que viessem pessoas para Fornos de Algodres.
Estamos muito focados em ter um programa educativo diferente, em divulgarmos o que fazemos de bom aqui, de forma a que as pessoas escolham a nossa escola, não por ser mais perto, mas sim por ser aquela com que se identificam com o projeto educativo. E essa poderá ser, porventura uma das formas de conseguirmos aumentar o número de alunos aqui em Fornos, juntamente com os projetos que vamos fazendo.
Já estão perspetivadas algumas parcerias com o Politécnico da Guarda, com a Universidade da Beira Interior na Covilhã e estamos a estabelecer alguns protocolos também com as nossas Instituições daqui, estamos a falar da Associação de Promoção Social e Cultural de Fornos de Algodres, da Santa Casa da Misericórdia e estou a falar do nosso parceiro de eleição que é a Câmara Municipal de Fornos de Algodres, de forma a conseguir promover algumas atividades, que sejam diferenciadoras para que a escola possa ser escolhida pelos nossos vizinhos, porque só assim é que conseguimos fazê-lo.
Qual é a sua expectativa relativamente aos novos cursos de Gerontologia e Desportos de Montanha, resultantes da parceria que o agrupamento tem com o Instituto Politécnico da Guarda e com a Câmara Municipal de Fornos de Algodres?
A minha espectativa é que se consiga abrir quer o curso de Gerontologia, quer o curso de Desportos de Montanha.
Estes cursos são uma forma de promover o concelho, porque no fundo é assim que se vai ouvindo falar de Fornos de Algodres, e é também uma forma de permitir que os nossos alunos, especialmente aqueles que acabaram os cursos profissionais aqui nos últimos anos, e que não enveredaram para o ensino superior, possam fazer uma formação pós-secundário, que lhes permita num futuro muito próximo, por exemplo, poderem seguir para o ensino superior.
As inscrições acabam dia 17 de setembro, esta já é uma segunda fase de inscrições.
A primeira fase começou há 1 ano, o curso era para abrir no ano passado, mas com a pandemia tudo ficou parado, e começamos de novo em abril/maio a tentar que, nesta segunda fase, se consiga angariar essas inscrições mínimas para podermos abrir. Isto é, não basta que haja lá 5/10 alunos inscritos para Fornos, que o curso abre. Em todo o lado tem de haver um número mínimo de alunos e quem faça essa gestão das inscrições é o Politécnico da Guarda, nós não temos ainda acesso, também ainda não acabou o período, mas estou muito convicto que vamos ter alunos!
O curso de Gerontologia vai funcionar em regime pós-laboral, o que quer dizer que muitas pessoas que nós temos aqui a trabalhar em lares e em acompanhamento de idosos, poderão ter aqui uma oportunidade de fazer aqui um aprofundamento dos conhecimentos que tem, e, portanto, acho que será uma mais valia.
O curso de Desportos de Montanha surgiu por uma razão muito lógica para nós, no ano passado acabou aqui o curso de Técnico de Desporto, um curso em que acabaram 15 alunos, e alguns deles vão enveredar para outras áreas, mas tem aqui, no caso de necessitarem, um caminho para o ensino superior.
Agora obviamente que tudo isto dependerá de inscrições.
A Câmara ao proporcionar, neste caso a possibilidade de os candidatos poderem ficar alojados gratuitamente na residência, penso que é uma mais valia para quem quer ir para o ensino superior, o que também nos distingue da oferta do próprio Politécnico e, portanto, tem tudo para correr bem.
Tudo o que seja para promover Fornos, para trazer pessoas para Fornos de Algodres, a escola estará sempre do lado desses promotores, e muitas vezes até somos nós a tentar promover essas atividades e esperamos o mesmo das Instituições de Fornos, estas caminhadas tem de ser feitas.
Todas as Instituições de Fornos têm de se juntar e puxar para o mesmo lado, de forma a que Fornos comece a ser um concelho que chame as pessoas, que as receba bem e que as faça sentir bem.
Que medidas de proteção contra a Covid-19 serão tomadas? Haverá testagem?
Nós na sexta-feira passada já testamos todos o pessoal docente e não docente. Nos próximos 15 dias serão testados os alunos do ensino secundário e nos primeiros 15 dias de outubro será a vez de testar os alunos do 3ºciclo. Esta foi a orientação e a decisão que o Ministério da Educação tomou e nós seguimos.
Em tempo de escola os cuidados serão os mesmos que já tivemos no ano passado, houve só pequenos ajustes, até pela experiência que fomos tendo, e a escola está obviamente preparada para receber os alunos dentro das normas que foram divulgadas esta semana.
Está muito ansioso para voltar a ouvir barulho nos corredores?
A escola sem esse barulho, sem os alunos não é escola.
A nós faz-nos muita falta. É o mesmo de quando estamos em casa sem os filhos, não há barulho parece que alguma coisa está mal. Aqui na escola é a mesma coisa.
Estamos ansiosos por receber os alunos, já não estão cá há algum tempo e é sempre um momento muito interessante, é um momento que eu gosto particularmente, a receção dos alunos no primeiro dia.
Os alunos do 5º ano estão a chegar a um mundo novo, como eles dizem estão na ‘escola grande’, portanto é sempre um início de ano muito emocionante, com o primeiro contacto.
Quem é professor sabe que das melhores coisas que temos é a relação e o contacto com os alunos. Por isso mesmo estamos todos muito ansiosos!
Marta Lourenço