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Diretor: Paulo Menano

Entrevista a Alcina Cerdeira, candidata à Câmara Municipal do Fundão


Candidata independente à presidência da Câmara Municipal do Fundão, Alcina Cerdeira apresenta-se às próximas eleições autárquicas com uma visão estratégica clara, sustentada em 16 anos de experiência autárquica e num compromisso profundo com a sua terra. Em entrevista, defende uma política assente na ética, proximidade e transparência, sublinhando a importância da continuidade e da inovação para combater os desafios do Interior. Com um projeto centrado nas pessoas e livre de lógicas partidárias, propõe-se liderar um novo ciclo, onde o Fundão continue a afirmar-se como território de coesão, progresso e bem-estar.

1: Quais os motivos da sua candidatura a estas Autárquicas e quais os pilares da mesma?

A minha candidatura à Presidência da Câmara Municipal do Fundão nasce de um compromisso profundo com este território e com as pessoas que aqui vivem. Acredito no Fundão, na sua capacidade e no poder de uma política feita com ética, proximidade e visão estratégica.

Num tempo em que muitos se afastam da política por desilusão ou descrença — e em que o discurso populista se vai ramificando — senti que não podia ficar parada. Ao lado de pessoas de várias origens — muitas sem filiação partidária — decidimos construir um movimento independente, centrado nas pessoas, nas soluções e num ideal claro: o Fundão não pode parar.

Depois de 16 anos de experiência autárquica, sei o que está em jogo. E também sei que as alternativas partidárias hoje conhecidas não garantem a continuidade nem o compromisso com os projetos que colocaram o nosso concelho onde está. O Fundão precisa de uma liderança preparada, livre, visionária — e profundamente comprometida com a sua comunidade.

Esta decisão não foi fácil, mas foi ponderada. Poderia regressar à minha vida profissional fora da política com tranquilidade, mas não me sentiria bem comigo mesma se não desse este passo. Sei as exigências do cargo e o peso do legado. Mas estou pronta para liderar este novo ciclo com responsabilidade, ambição e uma visão clara.

A minha candidatura assenta em quatro pilares essenciais:

1.  Pessoas

A política só faz sentido se servir quem cá vive. Queremos uma governação próxima, inclusiva, que escuta e envolve cada cidadão. Este não é um valor teórico: é uma prática consolidada com resultados reais.

2.  Compromisso

Este projeto representa uma continuidade responsável, mas também transformação consciente. Não começamos do zero: queremos fazer mais e melhor, com base no trabalho já realizado e numa visão ambiciosa para o futuro.

3.  Liberdade

Somos independentes, livres de lógicas partidárias. Essa liberdade permite-nos decidir sempre pelo interesse coletivo e abrir espaço à participação de todos — mesmo dos que, por norma, se afastam da política.

4.  Transparência

Agiremos com ética, clareza e responsabilidade. Não prometemos tudo a todos, mas comprometemo-nos com resultados concretos e uma atuação íntegra. Queremos devolver a confiança dos cidadãos na política.

Em suma: esta candidatura é um apelo à esperança, à ação e à construção coletiva de um Fundão mais justo, mais forte e preparado para o futuro.

Comigo, o Fundão estará sempre primeiro.

 

2: O que considera ter de diferente relativamente aos outros candidatos?

O que me distingue dos restantes candidatos é, acima de tudo, a experiência acumulada, o conhecimento profundo da realidade do nosso concelho e uma ligação autêntica às pessoas e ao território.

Conheço os caminhos percorridos, os desafios ultrapassados e o que está por fazer. Estive presente em cada etapa. Fiz parte ativa desse percurso. Trabalhei lado a lado com a comunidade, transformando ideias em soluções e projetos em realidade. Tenho uma visão estratégica clara e sei onde queremos levar o Fundão — com realismo, com ambição e com respeito pela identidade local.

Sou prática, objetiva e orientada para resultados. Não sou de discursos vagos, nem de projetos que ficam pela conversa de café. Vejam todos os projetos concretizados nos pelouros que liderei. Projetos que não se esgotam numa notícia de jornal ou numa publicação das redes sociais, mas que permanecem e que têm um real impacto na melhoria da vida das pessoas.

Tenho orgulho no trabalho que realizei. Sei o que é governar com exigência e com transparência. E sei também o valor — e o custo — de cada conquista.

Não tenho qualquer problema em afirmar que o meu maior trunfo — e da equipa que me acompanha — é essa conjugação de experiência, seriedade e capacidade de concretização. Tudo o que propomos é exequível, mensurável e pensado com responsabilidade.

Acredito profundamente na força da comunidade e sei que tenho a capacidade de canalizar essa energia coletiva em progresso real, qualidade de vida e futuro.

As outras candidaturas partidárias hoje conhecidas não asseguram a continuidade do caminho que tem colocado o Fundão numa posição de destaque nacional e regional. Um estatuto que vai além do investimento físico, mas que também se mede em coesão social, bem-estar e dignidade partilhada.

É este capital intangível — construído a pulso, com esforço e com o envolvimento de muitos — que não podemos desbaratar. Estes não são tempos de apostas cegas ou de manifestações de ego. São tempos de responsabilidade, continuidade e visão partilhada.

Essa é a grande diferença — o Fundão precisa de uma liderança forte que conheça o terreno, que esteja livre de agendas político-partidárias e que continue a construir com bases sólidas. Com verdade e com todos. É isso que me proponho fazer. O meu partido é o Fundão!

 

3: Quais os setores/áreas/investimentos que considera importantes impulsionar ou melhorar no município?

A linha orientadora de toda a estratégia municipal que pretendemos desenvolver assenta na melhoria da qualidade de vida dos Fundanenses. A nossa prioridade máxima é, e será sempre, criar melhores condições de vida para todos os munícipes.

Nesse sentido, desde o primeiro momento, trabalharemos para dar resposta efetiva às necessidades mais prementes da população. Queremos concretizar projetos estratégicos como a requalificação do espaço público, a criação de novas áreas verdes, a melhoria significativa da limpeza urbana, a modernização dos equipamentos municipais existentes e a criação de novas infraestruturas.

Vamos também apostar no alargamento e na qualificação das áreas industriais, na requalificação da rede viária do concelho e no reforço da atratividade turística. A operacionalização da Estratégia Local de Habitação aprovada será uma prioridade, assim como a continuidade do investimento no setor primário, alicerçado no Centro Agrotech.

A inovação, a gestão rigorosa, o combate ao desperdício, a modernização e a digitalização dos serviços municipais serão eixos estruturantes da nossa atuação. Estaremos igualmente empenhados numa busca ativa e contínua de investimento público e privado que traga crescimento e novas oportunidades ao concelho.

Tudo isto, porém, só faz sentido se for orientado por um princípio inegociável: as pessoas estão no centro de todas as decisões. Uma cidade que cuida dos seus cidadãos é uma cidade mais coesa, mais justa e com futuro.

Nesse contexto, destacamos projetos inovadores que já estão em curso e que refletem uma política centrada na inclusão e no bem-estar social. A Academia de Código, por exemplo, desperta nos mais jovens o interesse pela programação e pelas novas tecnologias. A Rede de Casas e Lugares do Sentir promove um diálogo entre tradição e inovação. O programa (Re)Cri’Arte oferece bolsas artísticas de longa duração. A Academia + Integração, a ir para a sua terceira edição, reforça as competências profissionais de quem trabalha com migrantes. A Comissão Municipal de Proteção à Pessoa Idosa assegura uma resposta articulada na defesa dos direitos dos mais velhos. E o Memo Move alia estimulação física e cognitiva à interação social, promovendo o envelhecimento ativo e a inclusão, num concelho que se quer afirmar como território de longevidade.

Estes exemplos representam o modelo de desenvolvimento que propomos: integrado, participativo, inovador e centrado nas pessoas — capaz de enfrentar os desafios contemporâneos com soluções criativas, sustentáveis e eficazes. Porque construir o futuro começa por cuidar de quem vive o presente.

 

4: Qual a análise que faz aos últimos quatro anos do município? 

Ao longo de quase 16 anos de governação autárquica, enquanto Vereadora, enfrentei diversas crises de grande dimensão. A primeira, de natureza financeira, marcou o início do nosso percurso em 2013. Apesar do contexto adverso, acreditávamos profundamente no potencial do Fundão. Com uma gestão rigorosa, determinada e responsável, foi possível reduzir o endividamento em cerca de 45 milhões de euros. Esta recuperação exigiu decisões difíceis e, por vezes, incompreendidas. Mas foram medidas necessárias, tomadas com coragem e sentido de dever, em nome do equilíbrio das contas públicas e da sustentabilidade futura do município.

A segunda grande crise foi a dos incêndios florestais de 2017. Seguiu-se a pandemia de COVID-19, que colocou à prova a nossa capacidade de resposta social e logística. Por fim, a guerra na Ucrânia deu origem à maior crise inflacionista das últimas décadas, agravada pela subida das taxas de juro, com forte impacto sobre as famílias.

Foram quatro crises de enorme exigência — e superá-las exigiu resiliência, determinação e responsabilidade. Destaco, no entanto, que o mandato 2021-2025 foi, de longe, o mais exigente. Coincidiu com a recuperação pós-pandemia e com os efeitos das guerras, que intensificaram as dificuldades financeiras e exigiram um reforço da ação social. Várias decisões foram particularmente desafiadoras, exigindo ponderação e coragem. As mais difíceis ocorreram durante a pandemia, quando tudo fizemos para salvar vidas e proteger os mais vulneráveis.

Apesar do contexto adverso, o Município do Fundão manteve uma trajetória sólida de melhoria das contas públicas. A estabilidade financeira alcançada foi essencial para reforçar a atividade municipal e viabilizar investimentos estruturantes em todo o concelho

— com impacto direto na dinamização da economia local, na coesão social e na qualidade de vida da população.

A captação de financiamento público foi decisiva para concretizar obras essenciais. Por outro lado, o investimento privado teve um papel impulsionador no crescimento económico, na criação de emprego e na geração de riqueza para o concelho.

Desde o início, assumimos como missão modernizar e dinamizar o Fundão, tornando-o mais competitivo e inovador. Trabalhámos intensamente para atrair investimento, promover o empreendedorismo e criar condições favoráveis ao surgimento de novas empresas. Paralelamente, apostámos na educação, na cultura e na promoção de eventos que projetaram o Fundão a nível nacional e internacional.

O balanço destes anos é claramente positivo. Conseguimos cumprir grande parte dos compromissos assumidos e deixar uma marca visível no desenvolvimento do município.

 

5: Falando de um município localizado num concelho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e a desertificação desta região? O que pode inverter este rumo ou onde estão as potencialidades de crescimento?

O Fundão, à semelhança de muitos territórios do Interior, enfrenta dois grandes desafios estruturais: o despovoamento e o envelhecimento da população. Estes desafios exigem uma resposta determinada, estruturada e sustentada no médio e longo prazo.

Com essa visão, foi desenvolvido um plano de ação municipal integrado, com enfoque em várias dimensões estratégicas: o reforço das infraestruturas, a capacitação do território para o acolhimento empresarial, a disponibilização de incentivos e apoio aos investidores e empreendedores, a valorização do capital humano — através da retenção e atração de talento — e a aposta na literacia digital e na promoção do Município como destino de inovação e investimento.

Ao definir uma estratégia para atrair investimento, é essencial considerar os desafios da globalização, da economia digital e das competências do futuro. Por isso, desenhámos um programa integrado que inclui infraestruturas de acolhimento empresarial, incubadoras e aceleradoras de negócios (já com dezenas de projetos), bem como iniciativas focadas na valorização do talento e da qualidade de vida — elementos fundamentais para fixar pessoas e empresas.

A concretização mais marcante desta estratégia foi a criação do Living Lab Cova da Beira, consórcio liderado pelo Município e constituído por entidades públicas, associações, instituições de financiamento, empresas, instituições de ensino, um centro hospitalar, redes como as Aldeias do Xisto e também uma parceria formal, o Smart Rural Living Lab. Esta importante rede de parceiros fornece um apoio significativo ao Living Lab da Cova da Beira, permitindo-lhe afirmar-se nos contextos regional e nacional, como um Living Lab Territorial, onde a inovação é gerada e aplicada ao território e às pessoas que nele se inserem.

Graças a esta política de inovação, o Fundão conseguiu atrair empresas de referência internacional como a Capgemini e a Softinsa, que instalaram escritórios na cidade. Hoje, o Fundão é o maior polo tecnológico da região.

Adicionalmente, a revisão dos instrumentos de gestão territorial, como o PDM, permitiu criar campos tecnológicos com potencial para gerar cerca de 2.300 postos de trabalho. Estes espaços estão também associados a novos centros de interface e laboratórios nas áreas do 5G, chips e inteligência artificial, que contribuirão decisivamente para a transferência de conhecimento e inovação para a economia real, nacional e internacional.

Apesar de o município estar inserido num meio rural, o setor tecnológico tornou-se um dos motores de desenvolvimento. O Fundão tem conseguido atrair população jovem, criar oportunidades profissionais e fixar talento, invertendo gradualmente o ciclo de despovoamento. Os sinais já são visíveis: reabilitação urbana em crescimento, nova construção, dinamização do mercado de arrendamento, expansão de setores económicos, captação de investimento privado e diminuição do desemprego.

Contudo, importa sublinhar que, apesar de a estratégia municipal estar focada na criação de valor, atração de investimento, emprego e inovação — aliando tradição e modernidade — o nosso objetivo final é claro: promover o bem-estar e a felicidade da comunidade, combatendo desigualdades sociais e transformando os desafios da interioridade em verdadeiras vantagens competitivas.

A qualidade de vida nas zonas rurais é, hoje e no futuro, um fator determinante para a atratividade e retenção de talento, especialmente nos setores de inovação e tecnologia. E é com essa visão que continuaremos a trabalhar, ao lado dos cidadãos do concelho do Fundão, honrando o voto de confiança que esperamos ter nas próximas eleições autárquicas.