Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Entrevista a Carlos Canhoto, candidato à Câmara Municipal de Castelo Branco


Candidato da CDU à Câmara Municipal de Castelo Branco destaca-se pela defesa intransigente do Poder Local Democrático, rejeita privatizações e prioriza a participação popular nas decisões. Em entrevista ao Mais Beiras Informação, afirma que a sua candidatura é “uma necessidade incontornável no exercício da democracia” e compromete-se com a criação de emprego, requalificação urbana, reforço da cultura e sustentabilidade ambiental para inverter a estagnação dos últimos quatro anos.

1: Quais os motivos da sua candidatura a estas Autárquicas e quais os pilares da mesma?

A candidatura da CDU à Câmara Municipal de Castelo Branco – que muito me honra encabeçar – é a única no espaço democrático que afirma inequivocamente o Poder Local Democrático, uma das maiores conquistas de Abril. É a única que se compromete com as populações e que presta contas da sua acção perante os compromissos assumidos. É a única que se opõe inequivocamente às privatizações e à destruição das funções sociais do Estado, que afectam toda a população. É a única que leva a sério a participação das pessoas nas decisões que as afectam. É a única que, garantidamente, coloca a resposta às necessidades das populações como prioridade única, em detrimento de projectos pessoais de poder. É a única que pode dar às populações, enquanto poder ou enquanto oposição, garantias e confiança, sem nunca trair os seus compromissos. Por isso, a candidatura da CDU à Câmara Municipal de Castelo Branco é uma necessidade incontornável no exercício da democracia.

2: O que considera ter de diferente relativamente aos outros candidatos?

Independentemente de qualidades que me possam ser atribuídas, decorrentes do meu percurso pessoal e profissional, o que mais me distingue positivamente em relação aos outros candidatos é o projecto colectivo em que me insiro, a CDU. A CDU é uma verdadeira coligação, constituída pelo Partido Comunista Português, do qual sou militante, pelo Partido Ecologista “Os Verdes”, pela Associação “Intervenção Democrática” e por milhares de independentes a nível nacional. Não é uma coligação de conveniência em busca de poder pelo poder. É uma coligação com provas dadas, tanto enquanto poder autárquico como enquanto oposição construtiva e interventiva. É uma coligação que tem as aspirações das populações como  preocupação máxima e a melhoria da sua qualidade de vida como prioridade. Por isso, as autarquias da CDU têm uma marca distintiva de confiança e credibilidade. São muitos os exemplos de distinção da CDU enquanto força maioritária no poder autárquico, tanto em municípios como em freguesias. Mas mesmo nas autarquias que não têm a CDU no poder mas que têm representação da CDU nos órgãos autárquicos, as pessoas sabem que têm a sua voz representada, que as suas aspirações e preocupações chegarão aos órgãos do Poder Local Democrático. As pessoas sabem que podem confiar na CDU. A CDU não muda de cara no dia seguinte às eleições. A CDU não vende a alma para conquistar votos, mas respeita cada um dos votos que lhe é confiado – e também respeita os votos que, pelas mais diversas razões, tenham sido confiados a outras forças políticas. O lema da CDU no debate autárquico é “Trabalho, Honestidade e Competência”. É simples, é directo, mas tem uma qualidade muito mais bonita: é verdadeiro.

3: Quais os setores/áreas/investimentos que considera importantes impulsionar ou melhorar o município?

Sem prejuízo da oportuna apresentação do nosso compromisso eleitoral, a CDU considera desde já que há vários sectores prioritários, nomeadamente o da requalificação urbana, o da cultura, o do emprego com direitos, o da mobilidade e transportes e o da dinamização de bairros e freguesias. A CDU considera fundamental que sejam criadas as condições para a criação de emprego pela captação de novos investimentos, consequentes e de longo prazo, que garantam emprego estável e com direitos. Mas também a promoção e a criação de condições para a produção e escoamento comercial de produtos endógenos. Consideramos também que a requalificação urbana, nomeadamente no centro histórico da cidade (mas não só) é uma das vias para a concretização do direito à habitação, sem prejuízo das responsabilidades do poder central nesta matéria. A Cultura é um dos eixos em que o concelho dispõe já de equipamentos e qualificação de trabalhadores para que se concretize como eixo de desenvolvimento, mas muito está por fazer, nomeadamente na dotação de recursos humanos, na descentralização da programação abrangendo as freguesias, na criação de programas de apoio à criação e fruição artística e na definição de uma política cultural coerente. A CDU tem propostas muito concretas nesta área. Nesta como noutras: numa época em que as preocupações ambientais são tão prementes, nomeadamente pelo seu impacto nas alterações climáticas e, em geral, num desenvolvimento sustentável que garanta a sobrevivência da nossa espécie,  é fundamental fomentar uma mobilidade mais sustentável. E esta passa, em primeiro lugar, pelos transportes públicos: aumentar o número de serviços de transportes de autocarro e alargar o seu horário, quer na cidade quer no serviço às freguesias rurais; exigir junto da tutela e da CP o aumento da frequência e a melhoria dos serviços ferroviários; criar condições para uma verdadeira rede pública de mobilidade individual alternativa, nomeadamente através da bicicleta e rede de vias cicláveis. Mas o ambiente no concelho de Castelo Branco tem também outros desafios que a CDU se propõe enfrentar: a requalificação da albufeira de Santa Águeda (Marateca) e a garantia da sua utilização para consumo humano, combatendo o seu uso em culturas intensivas e pugnando pela construção da barragem do Barbaído; devolução do rio Tejo às populações, nomeadamente pela reabertura e requalificação dos caminhos públicos de acesso às suas margens; promoção da reflorestação de áreas ardidas e aumento dos espaços verdes. Entre outros desafios nesta área. Também a educação é uma prioridade para a CDU. Em primeiro lugar pela defesa inequívoca dessa conquista de Abril que é a Escola Pública. Pela exigência, junto do poder central, do cumprimento das suas responsabilidades nesta área (como noutras). Um dos exemplos é a necessidade de criação de uma escola pública de ensino artístico especializado e profissional, à imagem do que já aconteceu noutros concelhos. Mas a educação é uma prioridade, também, pela defesa, da escola como espaço de liberdade, de crescimento saudável, de convívio e de solidariedade, e de promoção da Paz. Pela promoção da diversidade: Castelo Branco, como tantos outros concelhos do nosso país, é cada vez mais um território multicultural. E, ao contrário de outras forças que cultivam o medo e o ódio, nós consideramos que essa mudança só enriquece, humanamente e culturalmente (mas também economicamente) o nosso concelho. Também os direitos dos trabalhadores da própria autarquia são, para a CDU, uma prioridade. Enfim, muito está por fazer e muitas são as nossas propostas. Propostas pelas quais nos bateremos, tanto enquanto poder como enquanto oposição. Mas com uma garantia: sempre auscultando as populações e envolvendo-as no debate e nas decisões.

4: Qual a análise que faz aos últimos quatro anos do município?

Nestes últimos quatro anos há uma continuidade, no essencial, dos aspectos mais negativos daquilo que vem sendo a gestão do PS. Sim, não nos enganemos: nada do que tem marcado a gestão do município tem a ver com a personalidade deste ou daquele presidente de câmara. Não se pode, com toda a honestidade, dizer que Castelo Branco é um concelho decadente ou sem qualquer dinamismo. Mas há uma grande letargia, comodismo e desorientação na tomada de decisões. Para começar, a colagem da gestão PS aos governos PS faz com que as suas exigências perante o poder central, quando o PS é poder, sejam, no mínimo, frouxas. Mas atenção: o mesmo se pode esperar de uma gestão da direita (com ou sem camuflagem). Sobretudo nesta fase da vida política nacional. Os problemas que identificamos, e o facto de, em muitos casos, serem os mesmos que identificávamos há quatro e há oito anos, mostram que esta gestão PS, independentemente de quem lhe dá rosto, continua a não saber dar resposta a muitas das inquietações das populações do concelho. Também por isso, é fundamental que as populações, na hora do voto, confiem em quem já provou, ao longo de várias décadas, ser de confiança: a CDU.

5: Falando de um município localizado num concelho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e a desertificação desta região? O que pode inverter este rumo ou onde estão as potencialidades de crescimento?

De facto, não nos podemos esquecer que os problemas mais graves que afectam os concelhos do Interior decorrem de políticas da responsabilidade do poder central. O maior é, como bem refere, a desertificação e o despovoamento. Em primeiro lugar, é necessária uma política que assente na defesa dos serviços públicos de proximidade – na saúde, na educação, na justiça, nos apoios sociais e noutros serviços. As pessoas (e nomeadamente as famílias jovens) não se fixam onde não há serviços públicos, onde não há escola, onde não há hospital ou centro de saúde, onde não há esquadras de proximidade, onde o banco público fica longe. Não se fixam onde não há transportes públicos eficientes ou onde a rede viária é pouco eficiente. A resposta a estes problemas é da exclusiva responsabilidade do poder central. Mas é necessária também uma aposta clara no sector produtivo, nas micro, pequenas e médias empresas, quer na indústria e serviços quer na agricultura. As políticas que os governos PS, PSD e CDS têm vindo a desenvolver ao longo de décadas contrariam essa aposta, encerram serviços, pioram os acessos, estrangulam o sector produtivo. Mas os partidos que compõem a CDU têm estado sempre na linha da frente na apresentação de soluções. E aqui regresso às suas questões iniciais: a CDU não tem duas caras, uma nas autarquias e outra no poder central. A CDU defende o mesmo no órgãos autárquicos (como poder ou como oposição), na Assembleia da República, no Parlamento Europeu ou nas suas muitas intervenções, tanto nas instituições como junto dos trabalhadores e das populações. A CDU trabalha sempre, sempre, com a verdade. Mais nenhuma candidatura poderá dizer o mesmo.