
Entrevista a Catarina Meneses, candidata à Câmara Municipal de Vouzela
Com uma candidatura que promete virar a página à “estagnação” e à “falta de rumo” da governação PSD, Catarina Meneses avança à presidência da Câmara de Vouzela com um programa que tem por mote o Progresso. Depois de quatro anos como vereadora e líder da oposição, a socialista apresenta-se com uma proposta de mudança estrutural, assente na boa gestão pública, na proximidade aos cidadãos e numa visão pragmática e realista para o concelho. A educação, a habitação, a coesão social, a valorização dos recursos endógenos e a fixação de população são algumas das áreas-chave de um proje
1: Quais os motivos da sua candidatura a estas Autárquicas e quais os pilares da mesma?
O que me impele é a vontade profunda de colocar em marcha um projeto político consistente, dinâmico e que proporcione a todos os munícipes um futuro melhor, pleno de progresso. Os últimos quatro anos foram de intenso trabalho autárquico na qualidade de vereadora e de líder da oposição. Nesta reta final de mandato, o sentimento é, nesse contexto, de dever cumprido, por termos honrado a confiança de todos, demonstrando que a política local pode e deve ser farol de boa gestão pública e de vigorosa democracia. Finda esta etapa, o momento presente exige o melhor de cada um de nós para virarmos a página à estagnação, ao marasmo e à falta de rumo de uma governação autárquica do PSD pouco cuidada, incoerente e sem estratégia.
É, precisamente, por sentir o apelo desta missão que me candidato à presidência da Câmara Municipal de Vouzela. Depois de décadas de gestão marcada pela continuidade e pela dependência de soluções externas, apresentamos um programa eleitoral de transformação estrutural, promotor de progresso. Um programa de pessoas para pessoas, exequível, corajoso e profundamente enraizado na realidade de Vouzela, propondo caminhos claros, com metas realistas e visão de longo prazo. Cada medida foi pensada para respeitar a nossa escala, as nossas possibilidades, mas também as nossas ambições.
2: O que considera ter de diferente relativamente aos outros candidatos?
A política, sendo um exercício de projeção e de ideais futuros, tem também, obrigatoriamente, de ser um movimento pragmático e de melhoria das condições de vida da população, no momento presente e não num amanhã distante e incerto e é precisamente esse pragmatismo da boa gestão pública, adquirido ao longo da minha vida profissional e académica, que considero relevante para finalmente projetar Vouzela no sentido do desenvolvimento, interrompendo este quase quarto de século de vazio de ideias e gestão irrefletida e inconsequente a que o PSD nos votou e que tornou Vouzela um município mal gerido, sem esperança ou expectativa no futuro.
O que os cidadãos necessitam, para voltar a confiar na política, é de resolução. Necessitam de medidas concretas que aportem benefício imediato e que façam a diferença na sua qualidade de vida. É, precisamente, nesta lógica que vamos nortear a nossa gestão autárquica nos próximos quatro anos, caso os vouzelenses – como acreditamos – depositem o seu voto de confiança na nossa candidatura.
O projeto que abraçamos congrega um conjunto de ações que irão levar a que todos se sintam bem no nosso concelho, para que haja prosperidade, desenvolvimento económico, melhores condições educativas e de saúde, boas contas, transparência, respeito democrático por cada um de nós e, sobretudo, um projeto comum que nos orgulhe e que possa ser transmitido, com bons frutos, às gerações vindouras.
Até ao momento, o nosso percurso político tem sido um processo muito participado, agregando inúmeros vouzelenses que sentem que esta candidatura é a única alternativa capaz de pôr fim a uma gestão autárquica sem futuro, mais preocupada com os interesses e benesses aos grupos que suportam o PSD, do que com o bem-estar da população ou o futuro do nosso concelho. Por todos estes motivos, estamos convictos de que vamos iniciar um novo ciclo de desenvolvimento em Vouzela para que todos possam ter uma vida melhor, mais justa e equilibrada.
3: Quais os setores/áreas/investimentos que considera importantes impulsionar ou melhorar o município?
A palavra Progresso é o mote desta candidatura e foi escolhida porque precisamente, é necessário progredir, em todos os vetores da nossa vida comunitária, desde a educação, à agricultura, à preservação do meio ambiente, à cultura, à saúde, etc. Há muito por fazer e há muito trabalho pela frente e é preciso voltar a atrair as pessoas para o processo democrático, garantindo que voltam a confiar novamente nas instituições, a começar pelos órgãos de gestão autárquica.
E a confiança constrói-se com verdade e com proximidade, pelo que defendemos uma Câmara aberta, transparente, que ouve e decide com os cidadãos e que pratica atos de boa gestão pública e de boa governação, que é, aliás, o ponto de partida para tudo o resto – e essa será a marca da nossa gestão.
Neste caminho de Progresso, ninguém pode ficar para trás e por isso queremos promover uma coesão social feita de justiça, de respostas atempadas e de proximidade. Queremos um concelho onde todas as gerações, todas as famílias e todas as pessoas, independentemente da sua condição, se sintam acompanhadas, respeitadas e valorizadas. Queremos igualmente uma lógica social que não se cinja à sua vertente caritativa, mas empodere e fortaleça todos os munícipes que se encontrem numa fase de maior fragilidade da sua vida.
É também nosso objetivo que todas as crianças e jovens tenham acesso a uma educação de qualidade, inclusiva e orientada para as suas capacidades e talentos, pelo que o nosso compromisso é criar condições para que cada aluno encontre o seu caminho, desenvolva horizontes alargados e possa contribuir para o futuro da nossa terra.
Desejamos criar condições para que os nossos jovens possam estudar, trabalhar, empreender e viver em Vouzela e apostaremos em políticas que favorecem o regresso, a fixação e a criação de oportunidades reais para os mais novos, investindo numa economia moderna e sustentável.
Teremos um enfoque profundo na cultura, que é o coração que bate em cada freguesia, em cada festa, em cada tradição. Vamos valorizá-la como um pilar de desenvolvimento, de orgulho coletivo e de dinamização turística, pelo que a identidade de Vouzela será o motor de uma nova economia cultural, vibrante e com sentido comunitário.
Defenderemos uma política de saúde próxima, preventiva e integrada. E acreditamos que o desporto, a natureza e os laços comunitários são ingredientes essenciais para uma vida mais saudável e feliz, pelo que a Saúde estará presente em todas as nossas políticas públicas.
Pretendemos igualmente fixar e atrair população e fixar população não é só construir casas – é garantir que viver em Vouzela é uma escolha com qualidade, dignidade e oportunidades, pelo que procuraremos criar soluções realistas de habitação, transporte, acessibilidade digital e serviços públicos para que mais pessoas escolham ficar, regressar, ou viver, no nosso concelho.
Mas a base de tudo, a força incontornável de Vouzela, está no seu território: na agricultura tradicional, nas florestas que nos definem, nos produtos endógenos de excelência e na capacidade de atrair visitantes com autenticidade. Queremos, por isso, transformar estes recursos em motores de emprego, rendimento e sustentabilidade, através de políticas coordenadas, participação local e inovação com identidade. Vamos tornar Vouzela um concelho onde a agricultura tradicional e a agricultura moderna, o turismo sustentável e a economia local se cruzam para gerar emprego, atrair visitantes e proteger o ambiente.
4: Qual a análise que faz aos últimos quatro anos do município?
Os últimos quatro anos do município deixaram-me profundamente preocupada com o momento histórico que Vouzela atravessa, sobretudo pela forma como a maioria PSD encara a governação de uma autarquia, adotando uma postura errática, sem consistência, sem estratégia e sem visão de futuro para este concelho com tanto potencial.
Traço, por isso, um balanço muito negativo da liderança do atual executivo camarário e essa conclusão negativa é seguramente aquela a que qualquer cidadão consciente chega, pela simples observação, por exemplo, do desleixo nas ruas de todo o concelho, que se encontram consistentemente sujas e que passou a ser símbolo de uma gestão autárquica desinteressada no bem-estar da população que serve.
O PS, apesar de ser oposição, participou sempre ativamente e ao longo destes 4 anos de mandato nos diferentes órgãos autárquicos, apresentando soluções e defendendo verdadeiras propostas que dignificassem o município e que conferissem mais qualidade de vida aos vouzelenses.
Um esforçado trabalho que se converteu, por exemplo, num benefício fiscal de 1% do valor do IRS retido para todos os munícipes e num desconto no IMI para todas as famílias de Vouzela, em função do número de filhos a cargo.
Para além das medidas fiscais que conseguimos fazer aprovar, foi pelo exercício vigoroso de uma oposição combativa, responsável e confiante que foi criado um Regulamento de Apoio à Parentalidade, com benefícios financeiros simultâneos para as famílias e para o comércio local, suprindo uma falha de décadas no município.
Pugnámos ao longo destes 4 anos pelo nosso património imaterial, promovendo o reinício da Feira da Vitela em Queirã, o retorno da Feira do Livro e a realização de eventos solenes de comemoração do 25 de abril.
De forma esclarecida e persistente, trouxemos para o centro do debate político e, consequentemente, para a sua concretização, obras e medidas há muito desejadas e prometidas, de que se destacam a reabertura alcançada das extensões de saúde nas freguesias de Alcofra, Campia, Cambra e Queirã; a obra de ampliação do Cemitério de Vouzela, a edificação do Monumento aos Ex-Combatentes em Vouzela e a capacitação e apetrechamento do Centro de Recolha Animal para que finalmente possa ser utilizado, entre outras.
Agenciámos temáticas muito importantes para Vouzela, junto do poder central, em benefício de diversas associações do concelho e procurámos garantir a prossecução de obras de requalificação rodoviária de extrema importância, como são a intervenção da EN 228 (apenas interrompida pela queda do Governo em 2023), a obra na EN 16 e a requalificação da EN 333.
Promovemos orgulhosamente e desde o primeiro momento, todas as medidas possíveis para a desejável separação das freguesias de Vouzela, Paços de Vilharigues, Fataunços, Figueiredo das Donas, Cambra e Carvalhal de Vermilhas, apesar dos contínuos obstáculos locais criados pelo PSD.
São ainda da nossa autoria, diversas ações para diminuir a falta de transparência municipal e melhorar a gestão interna e a capacidade municipal para intervir de forma pensada no concelho.
Por todos estes motivos e por muitos outros que seria exaustivo enumerar, tal como inicialmente mencionado, o sentimento é de dever cumprido, por termos honrado a confiança de todos, demonstrando que a política local pode e deve ser farol de boa gestão pública e de vigorosa Democracia.
5: Falando de um município localizado num concelho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e a desertificação desta região? O que pode inverter este rumo ou onde estão as potencialidades de crescimento?
Começo por afirmar, com toda a clareza, que é preciso rejeitar, de uma vez por todas, a ideia de que o declínio populacional é uma inevitabilidade para os concelhos do Interior. Há exemplos, em Portugal e no estrangeiro, que provam o contrário. Não há territórios condenados à partida: o que se observa são consequências de décadas de políticas centralistas, de esquecimento e desinvestimento por parte do Governo, e também, importa dizê-lo, de falta de visão e ação por parte de alguns decisores políticos locais.
Neste sentido, o Governo deve reforçar as políticas de coesão territorial com medidas concretas, continuadas e adaptadas às especificidades locais. É essencial garantir o acesso universal a serviços públicos de proximidade, nomeadamente na saúde e na educação, assegurando que viver no interior não significa ter menos direitos. A habitação acessível deve ser uma prioridade, através da reabilitação de imóveis devolutos e do apoio ao arrendamento jovem. A mobilidade, tanto em transporte público como em rede viária, tem de permitir às pessoas circular, estudar e trabalhar com dignidade. É urgente aplicar uma discriminação positiva efetiva: incentivos fiscais às empresas que invistam nestes territórios, apoios à fixação de jovens e famílias e linhas de financiamento específicas para iniciativas locais. É também importante acelerar a transição digital, aproximando estes territórios de centros de inovação e conhecimento.
Vouzela não é um território adormecido; é um concelho com energia, com identidade e com todas as condições para crescer. Temos recursos endógenos com elevado potencial turístico. Temos produtos locais de excelência, que devem ser promovidos e valorizados. Contamos com zonas industriais estrategicamente localizadas, junto à A25, que nos ligam ao litoral e à Europa. Somos um território com margem para desenvolver agricultura sustentável e também com vocação florestal, com margem para investir na bioeconomia e nas energias renováveis. E temos ainda um tecido associativo dinâmico, instituições sociais fortes e uma herança cultural rica e vibrante.
Mas, acima de tudo, temos as pessoas. Os vouzelenses, com a sua sabedoria, resiliência e amor à terra, são a verdadeira força motriz da mudança. São eles a razão da nossa candidatura e a base da nossa confiança no futuro.