Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Entrevista com Fred Neves, diretor do futebol do CD Gouveia


Fred Neves terminou a carreira como jogador de futebol no CD Gouveia, mas outros projetos profissionais e pessoais, isto para além da ligação muito forte ao clube levaram-no a ficar na estrutura. É o diretor para o futebol do Clube Desportivo de Gouveia, trabalhando muito na construção dos plantéis e na ligação entre as equipas sénior e de sub-19, com ambas a terem resultados muito positivos neste seu primeiro ano nas novas funções. Em entrevista exclusiva ao MaisBeiras, Fred Neves falou sobre a sua transição para esta nova experiência, essa ligação forte e constante entre os dois escalões e fez um balanço de um ano de muito sucesso.

 

Fred, antes de mais, como tem sido a experiência de liderar este projeto dos juniores do Gouveia?

Obrigado pelo convite. Tem sido uma experiência incrível. Aprendo todos os dias, as condições são ótimas para desenvolver um projeto com resultados e crescimento a longo prazo.

A equipa já garantiu a manutenção na prova e ficou aliás a muito pouco de estar antes na fase de subida. Como analisas a época até agora? O que correu melhor, o que não correu tão bem?

Eu digo sempre que o primeiro ano é o mais difícil, depois os desafios são outros, porém, com pessoas de trabalho, cultura  já criada e bem estabelecida, a tendência é que o projeto dentro do Clube se torne mais prático e eficiente. Apesar de não ser o objetivo, ficámos próximos da fase de subida, isso foi um indicador positivo para fora e para dentro da estrutura do Clube, pois valida a nossa crença de que somos capazes e mostra que estamos no bom caminho. O plantel foi formado em cima da hora, o que nos dificultou um pouco, mas soubemo-nos adaptar rapidamente.

Falamos de um plantel recheado de jovens talentos, muitos deles até deram o salto recentemente para patamares de topo e saíram do clube. Sentes orgulho em fazer parte do crescimento destes jovens com quem tens trabalhado?

Sinto-me orgulhoso em fazer parte deste Clube, onde todos remam para o mesmo lugar, estamos em constante movimento e esta época começámos a colher frutos de sementes que foram plantadas em 2020/2021, este terceiro ano saíram alguns jogadores para outros patamares, jogadores que não fizeram a formação em grandes clubes, mas que têm grande talento  e isso valoriza o nosso trabalho, acreditamos que tudo é possível para quem sabe o que está a fazer e trabalha com seriedade. A ideia é lapidar esses talentos para o mercado.

Estamos a falar de um Gouveia que vai já para a terceira época nos nacionais do escalão, sendo a única equipa da Beira Interior que não tem estado em constante sobe e desce temporada após temporada. É sinal de trabalho bem feito e já sustentável no tempo?

O propósito de elevar a região da Beira Serra está dentro dos nossos objetivos de sempre, vivo nesta região há 8 anos, dos 3 filhos que tenho 2 nasceram aqui, não cheguei agora, conheço bem o valor das pessoas, carácter e honestidade , alguns questionam o facto de estarmos no Interior, eu vejo o contrario, temos aqui muito valor e condições para crescer, o trabalho é sustentável porque há uma mudança de mentalidade, existe acima de tudo uma visão bem clara, cometemos  erros e acertos sim, mas o objetivo passa por desenvolver, multiplicar habilidades, de todos os departamentos, trabalhar com as pessoas certas que se enquadram nessa visão. Aos poucos temos conseguido.

O objetivo a longo prazo passa por levar estes jovens à equipa principal do Gouveia? Agora com ambas as equipas nos nacionais essa utilização de jogadores em ambos os escalões vai continuar a acontecer regularmente?

Desde que iniciámos esse projeto dentro do Clube, os juniores têm presença constante nos seniores, primeiro, e segundo contamos com 10 juniores com presença nos seniores, este ano batemos o recorde com o plantel todo dos juniores a ter presença nos seniores. Isso é uma politica dentro do nosso trabalho e vamos fortalecer este conceito dentro do clube para os próximos anos. Um trabalho em conjunto dos misters Márcio Silva e Marco Almeida.

O facto de o clube conseguir que os jogadores passem de um nacional de juniores para um nacional de seniores pode também ser um ponto forte para atrair novos jovens talentos para o clube no futuro?

Sim, isso é real, atualmente temos juniores de Gouveia e da região que já nos procuraram para fazer parte da equipa para próxima época, vamos ter mais  jogadores de Gouveia que estavam espalhados pelas redondezas e que agora regressam,  jovens com talento e isso deixa-nos muito contentes. Estamos a trabalhar na identidade do Clube com jogadores da terra.

Há vontade de continuares na próxima época no clube? Quais são os próximos sonhos e objetivos?

Sim continuarei, o Projeto está a começar, apesar de concluída a terceira época. Temos muito a fazer, trazer pessoas novas e capacitadas, criar condições, melhorar as equipas, trazer inovação, reinventarmo-nos , fazer do Clube Desportivo de Gouveia um Clube cada vez mais forte e atrativo. Gerar valor no Clube, trabalhando com um propósito claro e definido que vai para além das 4 linhas.

Como está a ser estar agora do lado de fora das quatro linhas? O bichinho continua a chamar por ti? Como tem sido esta troca de papéis?

Fora das 4 linhas não tem bichinho, já me desconectei, gosto muito do que faço atualmente, j´< atuava em algumas áreas do futebol desde que iniciei a minha empresa Projeto Europa e aprendi de tudo um pouco, agora é diferente, completo um ano que deixei de jogar futebol e o que o faço agora é com mais tempo e de maneira mais profissional, os desafios são grandes e não consigo nem pensar no “bichinho” (risos). Espero nos próximos anos ter tempo para realizar um sonho de lançar um livro sobre transição de carreira, vejo muitos atletas que não têm um rumo a seguir quando chega a idade de parar. Eu tinha forma física para jogar por mais alguns anos, porém fui chamado para um propósito maior de poder contribuir para transformação de jovens dentro e fora de campo, para mim é algo que me faz sentir realizado e útil no futebol.