Entrevista com Rodrigo Dias, treinador do SC Sabugal

Rodrigo Dias, o mais jovem treinador do campeonato distrital da Guarda, está na sua segunda temporada a treinar o Sporting Clube do Sabugal, equipa que neste momento ocupa um dos primeiros lugares da tabela e que ainda anda bem perto do topo e dos principais candidatos. Uma época em que a equipa está a superar em larga escala o ano anterior e sobre a qual o técnico falou em entrevista exclusiva ao MaisBeiras.

No ano passado falávamos sobre o facto de seres o treinador mais jovem no distrital da Guarda. Essa condição mantém-se, mas sentes uma maior aceitação desse facto e menos desconfiança à volta de algo que é apenas um número?

Este ano está a ser muito mais tranquilo nesse aspeto. Não tenho ouvido qualquer tipo de comentários. Vou na segunda época como treinador principal e as pessoas já me conhecem.

A equipa no ano passado acabou por ocupar os últimos lugares da tabela classificativa. Como analisas a última temporada? O que faltou para almejar algo mais?

A última época ficou marcada por um número elevadíssimo de lesões. A equipa tinha jogadores com qualidade, mas foi muito difícil conseguir encontrar consistência em termos exibicionais porque tínhamos de nos adaptar ás constantes lesões que surgiam. Tivemos inclusive de colocar um guarda-redes como jogador de campo diversas vezes. Fora os jogos onde apenas tínhamos 2/3 jogadores no banco. Depois de uma série negativa, a parte emocional ganha um papel ainda mais preponderante. Sempre que acontecia alguma adversidade durante os jogos, os jogadores iam se abaixo, começavam a pensar no porquê de isto de nos acontecer, o porquê de termos tanto azar e foi difícil quebrar esse ciclo negativo. Mas assim que conseguimos ter o plantel saudável, os resultados começaram a aparecer e foi possível evitar a descida de divisão.

Ainda assim, o clube manteve a confiança no teu trabalho e nas tuas capacidades e renovou contigo para este ano. Essa confiança foi importante para fortalecer a preparação para a nova temporada?

Na minha opinião, a classificação final da época anterior não refletiu a qualidade que a equipa tinha. Fomos sempre uma equipa com identidade. É um clube que não esteve bem nos últimos anos e que agora está a caminhar para um futuro promissor. Quando o clube me contactou no início da época anterior, sabia que ia ter uma missão difícil pela frente. Mas tinham um bom projeto.  Foi por essa razão que decidi aceitar. Todos no clube tinham noção do que estava a acontecer e nunca puseram em causa a minha competência como treinador e sempre demonstraram estar comigo. Foi importante saber que tenho pessoas á minha volta que acreditam no meu trabalho e deu me confiança para esta época.

Esta época e ainda no arranque da segunda volta, a equipa está quase a ultrapassar os pontos conseguidos em toda a época anterior, a jogar bom futebol e a apenas 9 pontos da liderança e 6 do top 3. Existiu algum reforço do plantel, manteve-se também a espinha dorsal da equipa… Essa mistura entre continuidade e reforço em posições-chave foi determinante para estas melhorias?

Ter um núcleo já formado era um dos principais objetivos. Os jogadores que renovaram trouxeram estabilidade, já os conhecia e eles a mim e tivemos de ir encontrar as peças que faltavam. Os reforços provaram ser fundamentais. A equipa beneficiou e muito da experiência que trouxeram e depois claro, a qualidade individual de a cada um deles está a ser decisiva para o crescimento/evolução do grupo.

Como olhar até agora para o que já foi conseguido? Que análise fazes?

Tendo em conta a época anterior e a nossa pré-época, ninguém esperava que o Sporting Clube do Sabugal fizesse uma boa época. Esperavam que fosse mais uma equipa com dificuldades, mas na realidade acredito que acabámos por ser uma surpresa.  O nosso crescimento foi muito positivo, obtivemos bons resultados contra equipas candidatas ao título e somos uma equipa que procura jogar e praticar bom futebol. Apesar de termos tido alguns resultados menos positivos, onde tínhamos obrigação de fazer mais e melhor, estou confiante para o que falta jogar.

Quais são os grandes objetivos da equipa para esta época? Até onde podem chegar?

Não vou partilhar os objetivos que estabeleci com o meu grupo de trabalho nem com a direção, mas que queremos fazer mais e melhor queremos. Somos um clube ambicioso e vamos querer sempre mais. Temos um bom grupo e no final da época veremos até onde fomos capazes de chegar.