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Diretor: Paulo Menano

Uma Conversa Informal com… Francisco Mota, alma do Oriental de São Martinho


Francisco Mota é o presidente da associação covilhanense Oriental de São Martinho. Uma associação que tem ganho uma nova vida, que tem apostado e dinamizado uma série de atividades que se tinham vindo a perder com o tempo, que tem despertado um novo interesse pelas tradições da Covilhã e da região, que tem inovado e criado novos conceitos e novas formas de apostar na cultura, na arte e no desporto. E Francisco Mota é neste momento o principal rosto e a maior representação da alma renovada da instituição. Fomos falar com ele para saber quem é a pessoa por detrás do cargo, sem as costumeiras perguntas institucionais. Venha daí!

 

Como surgiu a ligação ao Oriental de São Martinho?

A minha ligação ao Oriental de São Martinho surge muito cedo, devido às Marchas Populares Cidade da Covilhã. Era adolescente e convidaram-me para participar. Criei de imediato laços de amizade muito fortes com pessoas fantásticas, que me fizeram conhecer e apaixonar por uma das associações mais importantes do nosso concelho. Aos 19 anos entro para a Direção do clube, para o cargo de Secretário, e fui estando consecutivamente em elencos diretivos, culminando na minha eleição para Presidente, no ano de 2012.

 

Se pudéssemos pensar no futuro a longo prazo, quais seriam os maiores sonhos que teria para a associação se não existissem limites?

Os sonhos são alimento para quem vive e trabalha no associativismo. Uns mais exequíveis, outros menos. Neste momento ambicionamos transformar o telhado do nosso pavilhão numa esplanada panorâmica e moderna, mas, caso não existissem limites, físicos e financeiros, gostaríamos de ter um espaço adequado à apresentação dos nossos projetos de teatro musical. Um auditório com todas as condições técnicas, que funcionasse simultaneamente como palco de espetáculos e embrião de novos talentos.

 

Tem um enorme gosto pelo teatro e pelo teatro musical. Foi isso que o levou a reforçar a aposta do Oriental neste sentido?

As associações também são moldadas pela sensibilidade dos seus dirigentes. Obviamente que o meu gosto pelo teatro musical, fez com que olhasse para a própria cidade, e sentisse que haveria espaço para a dinamização de um projeto com estas caraterísticas. Aliado a uma equipa motivada e coesa, a quem consegui incutir este espírito de missão, temos sido capazes de, ao longo de 12 anos, colocar em cena grandes espetáculos, que têm cumprido a sua principal função: dar asas aos sonhos de todos aqueles que nos procuram.

 

Somos cada vez mais uma sociedade que regista momentos e cada vez menos uma sociedade que valoriza momentos. Como é que se consegue balancear as duas coisas?

Acreditando nos valores da amizade e da fraternidade. Ajudando o próximo. Olhando o outro com mais humanismo e dedicação. O associativismo ensina-me todos os dias que é no respeito e na comunhão com as liberdades individuais, que podemos promover uma sociedade mais justa e tolerante.  As redes sociais têm hoje um poder quase discricionário. É assustador assistirmos à apologia da ignorância e do individualismo mais selvagem, na forma como comunicamos virtualmente com os outros.  Gosto de parafrasear o génio José Saramago: “…aflige-me a apatia, aflige-me a indiferença, aflige-me o egoísmo profundo em que esta sociedade vive”

A sua ligação à Covilhã é notória. O que mais o prende e o conquista nesta cidade?

A Covilhã é a minha cidade. Além da ligação umbilical, tenho com ela uma relação de ternura e de amor profundo. Quando me perguntam qual é a melhor cidade do mundo, eu respondo sempre que é a minha Covilhã. Gosto das pessoas, das ruas, do sobe e desce constante, que é uma perfeita analogia com a nossa própria vida. Nos tempos atuais, gosto ainda mais da sua multiculturalidade (devido à importante presença da UBI). Fascina-me pertencer a uma cidade do interior, que não tendo tudo, tem obviamente o melhor de cada um dos seus habitantes. E somos tanto em tão pouco!

 

Se pudesse ter qualquer profissão, em qualquer sítio do mundo, o que escolheria?

Sem dúvida alguma, escolheria estar ligado ao Teatro Musical, na cidade onde tudo acontece: Nova Iorque.

 

PERFIL

Um filme – “Billy Elliot”, de Stephen Daldry

Uma música – “Avec le Temps”, de Léo Ferré

Um livro – “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde

Uma inspiração – Madonna

Uma viagem – Nova Iorque

Um prato – Panela no Forno (da Covilhã, pois claro)

 

Fernando Gil Teixeira