
Município de Celorico da Beira promove a 43ª edição da Feira do Queijo
Município de Celorico da Beira promove de 18 a 20 de março de 2022, a 43ª edição da Feira do Queijo. A inauguração foi hoje, pelas 10h30.
Fernando Daniel, Sons do Minho e o programa “Somos Portugal” da TVI, são as apostas da Autarquia para cabeças de cartaz da 43ª edição da Feira do Queijo, numa tentativa de resgatar a normalidade, depois de mais de dois anos de pandemia que confinou e nos impôs uma nova realidade.
Durante três dias (18, 19 e 20 de março), Celorico da Beira além de Capital do Queijo, objetiva ser também a Capital da Festa, da Animação e da Alegria. Sendo a Feira do Queijo, tradicionalmente, uma festa para os celoricenses, para manter a tradição a Autarquia aposta num programa atrativo, diversificado e popular, direcionado para satisfazer as necessidades dos seus diferentes públicos, a saber: animação de rua, animação infantil e muita música, de diferentes sonoridades e ritmos, trazidos por estrelas de topo do panorama musical português nos concertos, para além de grupos de concertinas, grupos de música popular e cantares ao desafio.
Da programação constam também alguns momentos gastronómicos com destaque para os showcookings, protagonizados pela Escola Profissional de Hotelaria de Manteigas, Escola EB2,3/S Sacadura Cabral e Escola Superior de Turismo e Hotelaria de Seia e uma prova de queijo oferecida à população. Porque o queijo é o produto endógeno, rei da festa, ex-líbris do concelho, este ano os visitantes têm a oportunidade de conhecer melhor este manjar dos deuses, no seminário “Encontro com gosto – Queijo Serra da Estrela” que terá lugar no sábado de manhã.
E, porque a atividade física é essencial para manter o corpo são e a mente sã, no domingo de manhã terão lugar a “Caminhada e Passeio BTT- Rota do Queijo: uma aventura gastronómica”. Atividades lúdico desportivas que têm a particularidade de pausar o exercício físico com pequenas degustações de queijo e outros produtos tradicionais celoricenses de excelência.
Desde 2016, a Feira do Queijo encerra no domingo com chave de ouro: o programa “Somos Portugal” da TVI. Emitido em direto para o país e o mundo a partir do recinto da feira, passam pelo seu palco diversos artistas de música ligeira portuguesa que inculcam animação, alegria e ritmo à festa, para além do Programa constituir uma mais valia pela visibilidade e projeção do Município, bem como, pela divulgação das tradições e das riquezas do seu património gastronómico, cultural e arquitetónico.
O certame, enquanto espaço de exposição, venda e degustação de queijo e de outros produtos de excelência deste território serrano, representa a oportunidade de os adquirir em quantidade e qualidade, a preços competitivos, contando para o efeito com a participação de produtores de queijo Serra da Estrela (DOP) e de queijo curado de ovelha, oriundos do concelho e cerca de uma centena de expositores de artesanato e outros produtos locais. Para quem não puder deslocar-se à Capital do Queijo, o produto rei da festa continua acessível à distância de um clique: celoricocomgosto.pt.
Numa entrevista ao Mais Beiras Informação, o Presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira assume que fará de tudo, para que, Celorico da Beiras nunca perca a sua identidade. “Esta feira, por um lado é uma homenagem, um reconhecimento, não só a esta atividade, mas sobretudo às pessoas, a estas guardiãs da montanha, que são as queijeiras, e aos pastores”, alega Carlos Ascensão, Presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira.
Esta homenagem também se fez sentir no Dia Internacional da Mulher, quando “tivemos a oportunidade de acompanhar as nossas queijeiras a Lisboa, numa bonita homenagem”, onde foi possível haver “uma partilha de afetos”.
Qual é a importância da produção do Queijo na economia local?
Tem uma importância grande.
Faz parte da nossa tradição, é uma cultura, uma identidade nossa.
No ano passado foram comercializadas, aproximadamente, 70 toneladas de queijo, um número significativo. O que demonstra que é um modo de vida importante para muitos habitantes de Celorico da Beira, e da região da Serra da Estrela.
Qual foi a maior dificuldade encontrada, na organização desta nova edição?
O entrave é a incerteza, a indeterminação daquilo que será o dia seguinte.
Nós sabemos que tem havido uma evolução, até por força daquilo que tem sido a vacinação, sentimo-nos mais confortáveis e mais seguros, mas não temos certezas. Até porque esta Feira estava marcada para 20 de fevereiro e acabamos por adiar um mês.
Fora isso, é retomar do intervalo que fizemos durante um ano e tentar normalizar, tendo a consciência de que ainda não está tudo normal, mas há condições para que tudo corra bem.
Quais são os apoios disponíveis aos produtores de queijo da região, nesta altura tão diferente?
Nós temos tentado ajudar, já vínhamos com alguns apoios, sobretudo no queijo DOP que é certificado, que tem sido a Câmara a suportar esses custos.
Pontualmente também temos vindo a ajudar na divulgação, no escoamento, temos um Solar do Queijo da Serra da Estrela, que faz esse processo, vamos buscar o queijo aos nossos pastores e comercializamos, ajudamos na venda. A Feira também tem essa finalidade de ajuda.
Além disto, foi aprovado um apoio de 2,50€ a cada pastor, por cabeça de gado e 10€ por cada cabeça de bovino, relativamente aos anos de 2021 e 2022.
Já tivemos alguns contactos com a Estrela Coop, no sentido de ajudarem a patrocinar a aquisição de forragens, todo aquilo que for necessário se esta seca se mantiver. Estamos atentos e disponíveis.
O município tem algum apoio do Estado para disponibilizar aos produtores?
Tem sido feita uma aposta na fileira do queijo, em que se juntaram os queijos Serra da Estrela, da Beira Baixa e os queijos do Rabaçal, no sentido de dar apoio ao queijo certificado DOP e ainda se tem realizado algumas iniciativas de formação de queijeiras.
Há algum tempo atrás, no Laboratório que temos para certificação do queijo, recebemos a Senhora Ministra da Agricultura e ela comunicou-nos que já tinha sido desbloqueada, em Bruxelas, uma medida de apoio, a fundo perdido, para a aquisição da ovelha Bordaleira, ou da Churra Mondegueira, precisamente para aumentar o número de efetivos. Mas veremos, é importante que as coisas passem das intenções à prática.
Vivem-se tempos muito difíceis, para além de lidarmos com uma pandemia, temos de enfrentar agora uma severa seca, que pode prejudicar na produção de queijo, assim como de outros produtos endógenos, que medidas estão a ser tomadas para atenuar os possíveis danos?
Os apoios são em função do contexto. A seca obriga a que tenhamos uma atenção especial, apoios especiais e pontuais para responder às dificuldades. Tem começado a chover, veremos se esta situação melhora.
A seca, aqui, não se fez sentir tanto como em outros pontos do país, mas é algo que pode vir a acontecer a curto prazo, ou até mesmo no próximo ano. Temos é que estar sempre disponíveis e predispostos a ajudar naquilo que for necessário e em função daquilo que são as nossas capacidades.
Concorda com o modelo de certificação das queijarias? Quantas queijarias existem no concelho e quantas são certificadas?
Eu concordo que tem de haver alguma regulamentação. Concordo com a certificação porque é uma forma de dar credibilidade e confiança a quem compra, como acontece com outros produtos.
Neste momento, não tenho um número em específico em mente, de quantas são as queijarias certificadas, mas temos um grande conjunto delas.
No entanto, ainda sobre o processo de certificação, é nossa obrigação, da Câmara e não só, a nível da legislação de simplificar os processos, até porque há pessoas que desistem por estes processos serem tão complexos, burocráticos. Nesse sentido há um apoio técnico na Câmara para ajudar a licenciar as queijarias. Menos burocracia e mais apoios seria o ideal.
A atual região demarcada, de origem queijo da Serra da Estrela, é extensa, uma vez que é composta por 18 concelhos. Sendo contestada por alguns, qual a sua opinião sobre este assunto?
É muito fácil opinar sem sustentação científica.
Eu defendo que, historicamente, Celorico da Beira e Fornos de Algodres têm uma marca, que é feita pela história e pela qualidade do produto.
Este processo foi alargando, eu até acho que alargou demais. Penso que em alguma escala, dimensão até é boa para a comercialização
Não devemos é perder a identidade e, às vezes, o alargamento, sem um critério muito rigoroso conduz a essa perda. Não devemos misturar as coisas.
No início as Feiras do Queijo tinham como principal função a divulgação do queijo da Serra. Hoje qual é a sua finalidade?
A finalidade continua a ser a mesma, promover, até porque estes certames trazem muita gente.
No entanto, o mais importante são os produtores de queijo e as queijeiras. É uma forma de afirmação do produto.
Para além do queijo, que outros produtos endógenos são promovidos nesta feira?
Para além dos produtos locais e associados, como o próprio requeijão, temos também o Borrego Serra da Estrela DOP, os enchidos, o azeite, o mel para o qual tem havido um aumento de produção, compotas, etc.
Sou da opinião de que, a marca Serra da Estrela não deve servir só para o queijo, deve ser para tudo aquilo que é produzido aqui, nesta região e que é distinto de outras.