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Novo presidente da Assembleia das Beiras e Serra da Estrela defende regionalização


José Amaral Veiga foi hoje eleito presidente da mesa da Assembleia da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, numa sessão realizada na Guarda e que teve o ato eleitoral como único ponto.

A eleição, realizada na Sala António de Almeida Santos, no edifício dos Paços do Concelho da Guarda, contou apenas com uma lista apresentada pelo PS e liderada por José Amaral Veiga, que também preside à Assembleia Municipal de Trancoso.

O ato eleitoral decorreu hoje, após a eleição para a mesa da Assembleia da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) não se ter concretizado em fevereiro, por os eleitos socialistas terem abandonado a sessão.

Hoje, dos 39 deputados presentes (do total de 42, sendo 21 PS, 18 PSD e três independentes), 23 votaram a favor da lista e 16 votaram em branco.

Para a mesa da Assembleia da CIM-BSE foram eleitos José Amaral Veiga (presidente, de Trancoso), Catarina Mendes (vice-presidente, Covilhã), Alexandre Gonçalves (secretário, Sabugal), Sara Almeida (suplente, Gouveia) e José António Pina (suplente, Fundão).

O ato eleitoral de hoje foi o ponto único da sessão marcada por José Amaral Veiga, na qualidade de eleito mais velho nas autárquicas de setembro de 2021, após parecer da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).

No dia 02 de fevereiro, na Mêda, os eleitos do PS na nova Assembleia Intermunicipal abandonaram a sessão sob protesto e o encontro terminou cerca de uma hora após o início, por falta de quórum.

Naquele dia, a Assembleia da CIM-BSE, a primeira realizada após as eleições autárquicas, começou pelas 10:30 e terminou cerca de uma hora depois, após a tomada de posse dos novos eleitos presentes, uma vez que a bancada do PS abandonou a sala sob protesto, por a mesma não ter permitido a participação de eleitos que estavam em confinamento devido à covid-19.

O deputado do PS Cláudio Rebelo (Mêda) alertou, logo no início da sessão, que os socialistas iriam abandonar a sala caso a mesma não fosse realizada ‘online’, com a possibilidade de participação dos eleitos ausentes por motivos de confinamento.

Cerca de uma hora depois, após a tomada de posse dos eleitos presentes (para o mandato 2021-2025), o PS cumpriu a promessa e 18 dos 20 deputados eleitos (dois estavam em confinamento) abandonaram a sala, obrigando ao encerramento da sessão, por falta de quórum.

A reunião apenas cumpriu o primeiro ponto da ordem de trabalhos e foi encerrada.

O novo presidente da Assembleia da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela disse hoje esperar que a regionalização seja uma realidade, por considerar que “é preciso fazer alguma coisa” pelo interior do país.

“Eu acho que [a introdução da regionalização] devia ser neste mandato, quer do Presidente da República, quer do PS [no Governo]”, disse hoje José Amaral Veiga (PS) aos jornalistas, no final da sessão onde foi eleito, realizada na Sala António de Almeida Santos, no edifício dos Paços do Concelho da Guarda.

Na opinião do novo presidente da Assembleia da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), que também lidera a Assembleia Municipal de Trancoso, a regionalização deve avançar, porque o país já “perdeu muito tempo”.

“Já perdemos muito tempo. Estamos numa situação cada vez mais desequilibrada [entre] interior e litoral e, por isso mesmo, é necessário fazer alguma coisa”, afirmou aos jornalistas.

José Amaral Veiga considerou que a sua introdução “poderá não resultar em termos de repovoamento” das regiões do interior do país, mas disse acreditar que “prejudicar, não prejudica”.

Na opinião do responsável, provavelmente a solução que reuniria maior consenso “seria a da criação de regiões com base nas atuais CCDR [Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional]”.

O autarca, que é “adepto da regionalização”, considerou que o atual modelo das Comunidades Intermunicipais “não é muito interessante”, porque “não há possibilidade de debate de grandes questões” nas sessões das respetivas assembleias, uma vez que apenas se realizam duas sessões por ano.

José Amaral Veiga também se pronunciou sobre o facto de o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Vítor Pereira (PS), ter defendido, em outubro de 2021, que iria “pugnar” para que a Cova da Beira seja desagregada da CIM-BSE e passe para a Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIM-BB).

Em declarações à agência Lusa, Vítor Pereira frisou que nunca concordou com o desenho escolhido para as comunidades intermunicipais e reiterou que este é o momento para promover a alteração, tendo-se mostrado confiante de que o processo será acompanhado pelos municípios do Fundão e Belmonte, os quais compõem a Cova da Beira juntamente com a Covilhã.

“Eu entendo que não devemos pulverizar as regiões. As regiões têm que ter algum peso quer em termos territoriais, quer em termos populacionais. Se nós desmembrarmos ainda esta CIM [Comunidade Intermunicipal], enfim, o nosso peso político será muito pequeno”, considerou.

Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de ocorrer a junção da CIM-BSE com a CIM-BB, respondeu “porque não?”.

“É uma Beira Interior que ficaria com um desenho mais alargado, seria sempre também com pouca população, mas já teria uma maior dimensão e, provavelmente, teria mais a dizer aos Governos e [poderia exercer] maior pressão sobre os Governos que fossem sendo eleitos”, argumentou.

A CIM-BSE é constituída por 15 municípios, sendo 12 do distrito da Guarda (Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Guarda, Gouveia, Manteigas, Meda, Pinhel, Seia, Sabugal e Trancoso) e três do distrito de Castelo Branco (Belmonte, Covilhã e Fundão).

A CIM-BB integra os municípios de Castelo Branco, de Idanha-a-Nova, de Oleiros, de Penamacor, de Proença-a-Nova e de Vila Velha de Ródão.

Fonte: Lusa