Mais Beiras Informação

Diretor: Paulo Menano

Autárquicas 21: Entrevista a Ana Correia, candidata do PPM à União das Freguesias de Vale Prazeres e Mata da Rainha (Fundão)


Após quatro anos de mandato, retomam agora as eleições para as Autárquicas 2021 e o Mais Beiras Informação decidiu ir ao encontro dos candidatos, colocando-lhes algumas questões, para que possam partilhar a sua visão e planos para o futuro do Município a que se candidatam. Ana Correia é a candidata do PPM União de Freguesias de Vale de Prazeres e Mata da Rainha, no Fundão.

 

Quais os motivos da sua candidatura a estas Autárquicas e quais os pilares da mesma?

Porque a representatividade política não está assegurada, a representatividade da comunidade e dos seus interesses não estão assegurados. Assim a minha decisão de procurar dar um novo rumo a esta terra que me deu tanto e à qual eu espero retribuir, contribuindo para o seu engrandecimento e afirmação enquanto território de potencial e oportunidades e enquanto comunidade de vincadas tradições e com uma identidade única. Quando regressei, mais uma vez, a Vale de Prazeres no dia 14 de março de 2020, um dia doloroso para mim, porque alguém especial tinha partido. E a Covid-19 estava a progredir de forma galopante e assustadora, eu e a minha família, tomamos uma decisão. Ficar! Ficamos, e começou assim a redescoberta constante. Redescobrimos a Serra da Gardunha, redescobrimos as pessoas, geramos afetos e sobretudo numa altura de imperativo afastamento social, soubemos escutar quem não tinha ninguém que simplesmente ouvisse. Levamos carinho, distribuímos máscaras, transmitimos informação e trouxemos connosco uma riqueza inestimável, porque trouxemos no coração a profunda marca dos inúmeros olhares de gratidão. Os pilares que alicerçam a minha candidatura são: 1. Motivação, como filha da terra, estar perto dos habitantes da União de Freguesias de Vale de Prazeres e Mata da Rainha; 2. Preocupação Social, em querer fazer e porque sei que tenho competência para ajudar no desenvolvimento sustentável da região; 3. Com o cargo que detenho, enquanto presidente da Câmara do Comércio da Região das Beiras, posso contribuir de um maneira mais direta para a captação de investimento para a região , a todos os níveis: o que já está a acontecer.

 

O que considera ter de diferente relativamente aos outros candidatos?

Competência académicas e competências interpessoais relevantes. Ser genuína e socorrer-me de um excelente networking que foi sendo adquirido ao longo dos anos. O bom relacionamento com todos os presidentes de Câmara da área de intervenção da Câmara de Comércio da Região das Beiras, que vai desde a margem sul do rio Douro a delimitar a zona Norte e a margem norte do rio Tejo parando em Santarém, mas subindo até Peniche, independentemente da cor política de cada um. Uma vasta área que com as sinergias certas podemos sem dúvida trabalhar e impulsionar este nosso Interior. O contacto que fui adquirindo ao longo do tempo com o poder político, e de que me posso e vou socorrer para alavancar e dar vida a este lado sul da Gardunha, que tem estado tão votado ao ostracismo. E sem dúvida a minha preocupação principal são as pessoas! São os habitantes desta freguesia que é a maior freguesia do concelho do Fundão com 72,69 Km2 mas só com 1 201 habitantes em 2021

 

Quais os setores/áreas/investimentos que considera importantes impulsionar ou melhorar a freguesia?

FOMENTAR

  • Fomentar a cultura e o turismo,
  • Fomentar o desenvolvimento dos produtos endógenos,
  • Criar uma marca própria local e apostar em marketing territorial,
  • Apoiar o bem-estar geral da população
  • No caso da população sénior, desenvolver políticas e actividades lúdicas, de saúde e bem estar
  • Criar dinâmicas que proporcionem à juventude possibilidade de acesso a praticas desportivas artísticas e culturais de qualidade.
  • Criação e requalificação de espaços verdes
  • Implementação de spots de wifi gratuito

GERIR

  • Gestão do funcionamento da autarquia , dos seus serviços definindo e adequando políticas que visem a desburocratização dos procedimentos administrativos, proporcionando um tratamento célere e imparcial a todas as questões que se enquadrem dentro das suas atribuições;
  • Gestão racional das actividades planeadas e rigor e transparência na execução financeira;
  • Contribuição para uma eficaz gestão do ordenamento do território e urbanismo;
  • Gestão dos equipamentos integrados no respectivo património bem como recuperação de edifícios, de estradas romanas, de monumentos históricos;
  • Colaboração com outras instituições, concretamente, Escolas, Associações Humanitárias, Colectividades e Entidades Religiosas.

APOIAR, DESENVOLVER E INVESTIR ENTRE OUTRAS, NAS SEGUINTES ÁREAS

  • Fomentar o empreendedorismo
  • Fixação de população
  • Cultura, Desporto, Acção Social, Saúde e Educação;
  • Infância, Juventude e Terceira Idade;
  • Trânsito e Transportes;
  • Rede viária urbana e rural;
  • Ambiente e espaços verdes;
  • Cemitérios;

 

Qual a análise que faz aos últimos quatro anos da freguesia?

Infelizmente a análise é negativa. E isto porque não sinto que a  prioridade  do actual executivo sejam as pessoas. E sem pessoas não há economia, não há progresso. Não se vê qualquer tipo de politicas que incentivem a economia, a fixação das pessoas, a cultura, o turismo, a educação, a ação social que sirvam a população residente e que promovam a fixação de novos residentes. No nosso contato com a população e com o território fomos alertados para diversas questões para as quais a autarquia local deveria ter mais atenção e promover soluções, de coisas tão simples como por exemplo, a inexistência na Extensão de Saúde de Vale de Prazeres de uma rampa de acesso para cadeiras de rodas. Porque motivo ainda não existe? Porque não houve vontade. E porque motivo os utentes que procuram cuidados de saúde nessa mesma Extensão de Saúde são obrigados muitas vezes a permanecerem ao frio, à chuva e ao sol enquanto aguardam as suas consultas? Não existirá melhor solução, mais cómoda e dignificante? E porque não aproveitar os espaços que foram doados à União das Freguesias e coloca-los ao serviço da população? Ao serviço da Saúde, da Educação, da Cultura, do Lazer? Porque não reabilitar, recuperando o brilho e a dinâmica de outros tempos, a Casa da Cultura, no edifício que foi a terceira Casa do Povo com estas características a ser construída em Portugal e que está particamente fechada e inoperacional, albergando apenas, e com condições precárias, a Extensão de Saúde? E porque razão há décadas, as bocas de incêndio não funcionam. E porque razão temos uma mobilidade urbana tão deficitária, tão reduzida. Resumindo, zero investimento ou melhor estão a ser feitos alguns há poucos meses, alcatroamento de caminhos rurais e alguns privados, colocação de lombas nesta semana, estão a ser visitados locais que nunca antes tinham sido visitados e acredito que tudo isto seja para que até ao início da campanha efectiva, tudo o que seja caminhos que estavam por alcatroar e que daí advenham benefícios, estarão arranjados.  Pena é que a EN 239, uma estrada de ligação para a zona raiana, esteja quase intransitável , tal é o desgaste, apesar de ter sido colocado logo no inicio um pedaço de alcatrão para «tapar» o sol com a peneira. Tive o cuidado de me informar nas Infra Estruturas de Portugal e confirmaram que é efetivamente de responsabilidade autárquica, esta estrada nacional bem como a EN 18. Estrada que tem o seu quilometro zero no entroncamento com a EN16, na cidade da Guarda e o seu final no entroncamento com a EN2 em Ervidel, no Alentejo. E não seria muito importante dar relevo a esta estrada nacional? Mas será por aqui o progresso? Acreditamos que não, e que poderemos fazer mais e melhor.

 

Como olhar para os dados dos últimos Censos da freguesia divulgados em Julho pelo INE?

Infelizmente é uma tendência das regiões do Interior do País. Concretamente na União das Freguesias, houve uma perca de cerca de 15 face a 2011. É preocupante estes valores tornando ainda mais urgente a necessidade da aplicação de políticas e medidas concretas que invertam a situação, tais como as citadas anteriormente. A captação de investimento privado e público é uma das nossas prioridades, para que haja fixação de novas empresas para a União de Freguesias, existindo inclusive empresas interessadas em se instalar na União da Freguesias, promovendo o emprego, economia e o desenvolvimento local. Esse será um dos nossos lemas, Renascer porque é por aqui que poderá ser o caminha que leva a uma inversão da tendência.

 

Falando de uma freguesia localizada num concelho situado no Interior, que políticas acredita serem necessárias implementar pelo Governo para diminuir o despovoamento e a desertificação desta região?

Urge recuperar serviços encerrados nos últimos anos, como escolas ou centros de saúde ou promover e implantar novos serviços que sirvam a população dando lhes novas valências, novas dinâmicas que promovam o desenvolvimento da União das Freguesias. As medidas do governo existentes para a criação de emprego tenderão a falhar, porque estão exclusivamente centradas numa visão de que a actividade económica são só as empresas e os seus detentores. Tenha-se em conta que com a precariedade, com os baixos salários particularmente nos territórios do Interior e com os altos custos das portagens até podia haver oferta de emprego e não haver trabalhadores disponíveis para o aceitar e este é um dos problemas reais que é preciso resolver. Aliás, seria muito útil que o governo desse a conhecer quantos postos de trabalho foram criados por via do Contrato Emprego e pela Medida extraordinária de qualificação de activos empregados e já agora em que actividades, com que habilitações, o tipo de contrato associado e a média salarial por nível de habilitação. Talvez assim ficássemos todos mais elucidados sobre o efectivo impacto destas medidas na criação real de empego. É necessária uma estratégia integrada de desenvolvimento do país, que tenha como objectivo a coesão económica e territorial, bem como o progresso social e que contemple medidas específicas para o Interior do País.

 

Fernando Gil Teixeira