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Diretor: Paulo Menano

Mangualde: José Tomás reage a denúncias anónimas


José Tomás reagiu com um comunicado, justificando a demissão de Provedor da Mesa-Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde. Passamos a descrever o comunicado enviado por José Tomás ao nosso órgão de comunicação social.

“Tive conhecimento, há cerca de uma semana, que uma carta anónima terá sido enviada para várias instituições e também para a Sra. Procuradora Geral da República, com teor altamente difamatório e grave sobre a ação do Provedor e da sua Mesa Administrativa, no que diz respeito a alguns procedimentos administrativos relacionados com custos decorrentes da função do provedor.

Esta é uma manobra “baixa”, que não corresponde a qualquer verdade mas que produz exatamente aquilo que os seus autores pretendem, a difamação, o desgaste e o afastamento das pessoas. Lamentavelmente, não consigo responder a este “modus operandi” cobarde da mesma maneira e o processo terá de decorrer nas instâncias próprias, para que aí se apure toda a verdade. O tempo trará todas as respostas!

A Santa Casa da Misericórdia de Mangualde é hoje uma IPSS de média/grande dimensão. Este estatuto é-lhe conferido pelo grande volume de recursos financeiros, humanos e materiais que gere diariamente.

Ser hoje Provedor da Misericórdia de Mangualde é enfrentar grandes desafios, sendo os mais relevantes, e todos correlacionados, a sustentabilidade da própria instituição, a implementação de um sistema de Gestão da Qualidade, o desenvolvimento de conceitos e instrumentos de gestão, aplicáveis ao mundo empresarial, mas com as adaptações que a especificidade e natureza da nossa Misericórdia exigem.
Hoje, dirigir a Misericórdia de Mangualde é gerir uma realidade complexa. Esta complexidade advém do crescimento e desenvolvimento exponencial que a Instituição sofreu nos últimos anos, transformando-a numa das maiores empresas de Mangualde, que cria cerca de 160 postos de trabalho, que gere cerca de quatro milhões de euros de orçamento, que presta diariamente serviços de saúde e ação social a cerca de 250 Utentes, que celebra contratos de parceria com organismos públicos e outros, enfrentando constantes e complexos desafios.

Um dos desafios é a conciliação do voluntariado na direção, com o profissionalismo na gestão. Foi meu entendimento, desde a primeira hora em que assumi as funções de Provedor, que a Misericórdia de Mangualde, pela sua dimensão e complexidade, não podia ser gerida, com bons resultados, num conceito tradicional de pessoas retiradas, como terapia ocupacional, sem ambição e no tempo que sobra. Esta forma tradicional de estar nas Misericórdias é uma visão do passado, que se traduz em muitos casos no Amadorismo na gestão. Ora, como todos sabemos, o Amadorismo na gestão não permite responder com eficácia aos desafios de mudança e de qualidade e por isso essa visão tradicional está ultrapassada e não serve os interesses das Misericórdias.

O exercício das funções de provedor nestas condições tem custos associados que devem ser suportados pela Instituição, nomeadamente os de representação e de deslocação e telemóvel. Foi este o entendimento da Mesa Administrativa quando deliberou atribuir-me um valor fixo mensal de 400,00 euro para despesas de representação e o pagamento das deslocações mediante o mapa mensal de quilómetros realizados, que também era sujeito, todos os meses, à aprovação da Mesa Administrativa para pagamento. Naturalmente, os deslocamentos feitos em serviço sujeitos a portagem também eram suportados pela Instituição, através de uma via verde usada para esse efeito.

Assim, os custos decorrentes do exercício das minhas funções de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde nos últimos 7 anos representam um valor líquido mensal médio recebido de 335,37 euros para efeitos de despesas de representação e deslocação, o que corresponde a um custo médio mensal para a Misericórdia de 404,69 euros.

Os últimos 7 anos correspondem ao período de maior crescimento e desenvolvimento da história da Instituição. Neste período, a Misericórdia de Mangualde beneficiou de investimentos na ordem dos 3 milhões de euros, dos quais cerca de 2 milhões são a fundo perdido, na sequência de candidaturas desenvolvidas por mim, ao PT2020, ao Fundo Rainha D. Leonor, ao Programa Valorizar e outras. Estes apoios financeiros permitiram fazer, entre outras obras, a conservação e restauro da Igreja da Misericórdia, a construção do parque no Monte de N. Senhora do Castelo, a construção da Residência Sénior Sra. do Castelo, a implementação das medidas contra incêndios no Lar Nossa Senhora do Amparo e a construção do Jardim Intergeracional e a Reconstrução do Lar Morgado do Cruzeiro, que está pronto para ser inaugurado.

Neste período, o orçamento da Misericórdia de Mangualde aumentou cerca de 1,3 milhões de euros e o somatório dos resultados líquidos anuais aproxima-se muito de 1 milhão de euros. Desenvolvi e implementei uma ação governativa que transformou radicalmente a Misericórdia e a colocou nos mais elevados patamares de robustez financeira, que permitiu ultrapassar as dificuldades do aumento de custos provocadas pela pandemia, sem qualquer problema de tesouraria ou de orçamento.

Em 2015, a Unidade de Cuidados Continuados apresentou um resultado negativo de 130mil euros, este ano irá apresentar um resultado positivo superior a 20 mil euros, fruto das medidas estruturais implementadas nesta Unidade ao longo dos últimos 7 anos. Foi muito trabalho para conseguir este objetivo.

Conseguimos o maior crescimento e desenvolvimento da história da Misericórdia de Mangualde no período mais difícil da história da Instituição. O vírus causador da pandemia covid que assolou todo o mundo nos últimos 2 anos entrou na Santa Casa no dia 15 de dezembro de 2020. Os dias estão gravados na minha memória. O primeiro caso positivo, os testes em massa, o isolamento de infetados e a reformulação das equipas, que nalguns casos ficaram muito reduzidas. Éramos poucos para tantas exigências. Em 24 horas, a equipa da residência Sénior ficou reduzida a 2 colaboradores e no Lar Senhora do Amparo reduziu para metade, situação que se foi agravando nos dias seguintes. Pelo meio, muitas horas seguidas de trabalho a cuidar dos idosos.

No exercício das funções de Provedor nos últimos 7 anos coloquei sempre os interesses e só os interesses da Misericórdia de Mangualde em primeiro lugar. Dediquei-me em exclusividade e com total profissionalismo a esta causa, que é tão nobre e orgulho-me do trabalho desenvolvido e da obra feita. Em nada me arrependo do fiz e do que dei a esta Instituição.

Porém, e neste contexto de difamação e suspeição levantado pela já referida carta anónima, onde os valores mais básicos da solidariedade institucional foram quebrados, decidi apresentar ontem a minha demissão de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde.

Agradeço a todos os que me ajudarem neste últimos 7 anos a governar a Santa Casa da Misericórdia de Mangualde e um agradecimento muito especial para os colaboradores da Instituição, que são o pilar fundamental da Santa Casa.”